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Crítica


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Sinopse

Quatro histórias que colocam ainda mais lenha na fogueira das diferenças entre homens e mulheres.

Crítica

Toda cinematografia saudável só é viável se conseguir combinar filmes autorais e de grande expressão artística com outros extremamente populares e de imenso apelo popular. Um complementa o outro, combinando-se e equivalendo-se. Se em Hollywood um Guerra ao Terror (2008) só pode existir porque um Avatar (2009) bateu todos os recordes, aqui no Brasil o mesmo acontece com obras como Lavoura Arcaica (2001) e Lisbela e o Prisioneiro (2003), por exemplo. E o mesmo não poderia deixar de acontecer também na Itália, um dos países mais emblemáticos para a história do cinema, terra de Federico Fellini, Ettore Scola e Pier Paolo Pasolini! E para cada A Doce Vida (1960) e Cinema Paradiso (1988) é preciso ter uma dezena desses Guerra dos Sexos (2010), que fez tanto sucesso que em menos de um ano após a sua estreia foi lançada uma continuação, de igual recepção junto ao público italiano. Resta ver agora se o mesmo se dará em outros países.

Assim como outras produções do gênero, como Manual do Amor (2005) e Ah... o Amor! (2009), ambos já exibidos nos cinemas brasileiros, Guerra dos Sexos combina várias histórias românticas com o propósito de mostrar todas as facetas do mais cobiçado de todos os sentimentos. Então temos o técnico de vôlei feminino que foi pai há poucos meses e que é assediado por uma das jogadoras, a mulher que chega em casa e encontra o marido com uma moça muito mais jovem, o trabalhador que ama a colega à distância, a enfermeira ativista ecológica que não acredita em relacionamentos, o conquistador que todo dia está com uma nova namorada, o rapaz e sua amiga lésbica que, juntos, se apaixonam pela mesma menina – bissexual, claro. O curioso é que todos possuem uma ligação sequer entre si: o galanteador é amigo do treinador, que é funcionário do ex-marido da traída, que é mãe do jovem envolvido no triângulo amoroso. Cada um fazendo a sua parte, mas não muito distantes uns dos outros.

Fausto Brizzi, o diretor, é também roteirista e um dos especialistas neste estilo de produção – é dele, por exemplo, o já citado Ah... o Amor!, entre outros bastante similares. E ele consegue conduzir com habilidade todos os núcleos que cria, desenvolvendo-os com parcimônia, numa edição bem trabalhada. Claro que, numa proposta tão ampla como essa, nada é muito profundo ou impactante, mas nem por isso se torna cansativo ou redundante. É colorido, moderno, esperto, atraente, com tramas tão comuns que poderiam acontecer com qualquer um de nós, e ao mesmo tempo dotadas de um olhar bastante singular. Não é um filme que irá mudar a vida de ninguém, mas certamente é daqueles que deixam qualquer um da plateia mais leve e satisfeito. Basta não exigir nada além do que ele promete.

O Sindicato dos Críticos de Cinema Italianos indicou Guerra dos Sexos, em sua premiação anual, como um dos melhores de 2010 nas categorias de Melhor Comédia e Melhor Atriz, para Paola Cortellesi (que interpreta a enfermeira aventureira). Não diria que é para tanto, mas por outro lado não deixa de ser uma concessão ao gosto do público, que apoiou a iniciativa. E como italianos e brasileiros são povos similares em muitos aspectos, tudo o que esse filme precisaria para funcionar também por aqui é de uma boa divulgação, nem que fosse no boca a boca. A se lamentar apenas a época do ano em que foi lançado, no meio dos grandes lançamentos de final de ano e dos futuros candidatos ao Oscar. Quem sabe a sequência não tem melhor sorte?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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