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Sinopse

Nick Hathaway, um hacker talentoso, encontra uma forma de escapar de uma sentença a 15 anos de prisão à qual foi condenado. Quando parte de um código de computador que ele criou na adolescência é utilizado em um ataque terrorista contra uma fábrica na China, ele e um velho amigo entram em uma caçada no mundo cibernético para encontrar o grupo terrorista.

Crítica

Realizado após alguns filmes contestáveis de Michael Mann – que teve em Colateral (2004) seu último sucesso indiscutível – Hacker (ou Blackhat no original) tem em seu âmago uma questão que ainda se faz recente, mas que é discutida há bons anos junto a popularização do advento à internet. O plot presente no roteiro de Mann e Morgan Davis Foehl apresenta uma introdução visual belíssima, que faz alegoria entre o modo interno de operar de um software e o colapso do maquinário de um artefato gigantesco, que evoca o imediatismo da preocupação das vidas que manipulam tal equipamento, além, é claro, dos habitantes dos arredores que dependem daquele sistema para subsistir. A exibição bem urdida imageticamente faz menção a amálgama presente na realidade contemporânea, que não difere mais o mundo virtual do dito normativamente como tangível.

O cenário imposto aos personagens que estão do lado “justo” da trama envolve uma invasão viral ao sistema de um grande banco americano. A ganância causada pela possível perda do dinheiro move os mandatários para que comecem uma investigação, orquestrada por Carol Barrett (Viola Davis) e Henry Pollack (John Ortiz). Esta é interrompida por Shum (Archie Kao), que enxergas as óbvias incongruências no relatório de um dos agentes do FBI, e passa a fazer lobby para a contratação do prisioneiro hacktivista Nicholas Hathaway, interpretado pelo cada vez mais pop Chris Hemsworth, que pouco demora a aceitar o dever incumbido.

Curioso como os últimos trabalhos de Mann tem sido duramente avaliados pela crítica de cinema mesmo dentro do sub gênero de ação. A má recepção perante o público local atrapalha claramente sua distribuição mundial, o que é uma lástima, uma vez que Hacker é um filme para ser assistido em tela grande, e não distribuído em home vídeo. E isso até pelo tema, que faz uma relação metalinguística direta com o vazamento de dados confidenciais da Sony Pictures, ocorrido mais ou menos na mesma época. Apesar da temática ser largamente explorada pelo cinemão americano, este filme tem muito mais a discutir, especialmente pela câmera frenética de Mann, que unido a uma edição de imagens e som absurdamente preciosa, torna este um grande exemplar de action movie. Esse conjunto torna a surpresa pelo fracasso financeiro do projeto um fator ainda mais contraditório.

Curioso é que o filme se vale de conceitos parecidos com os de muitos sucessos recentes de seu gênero, como O Protetor (2014), De Volta ao Jogo (2014) e com a saga Busca Implacável, ainda que seu conteúdo tenha uma discussão mais madura, tendo nele muitos assuntos espinhosos e de viés contestatório. Mesmo na figura de herói de ação vista em Hemsworth não há grandes reprimendas – sua persona evoluiu bastante desde o remake de Amanhecer Violento (2012). O personagem que assume agora o faz parecer um misto entre Patrick Swayze em Matador de Aluguel (1989), no quesito porte físico, além de emular a audácia de Charles Bronson e seu Paul Kersey, em Desejo de Matar (1974), que é um homem não talhado para a batalha campal, mas que se vira como pode. Assim como Hathaway.

A perseguição final faz lembrar os tempos áureos do cinema de Michael Mann, evocando os melhores momentos de seu Fogo Contra Fogo (1995) e reinventando o suspense presente na surpreendente trama de Colateral. A mudança, clara, está no acréscimo de um drama mais grave, que envolve proporções ainda maiores e dantescas. Além de um desfecho em parte trágico e em parte heroico, que se vale, sim, de muitos clichês, mas que não fere o bom gosto fílmico atual. Mesmo com a concorrência junto ao Sniper Americano (2014) e com a alta classificação indicativa, prossegue um mistério retumbante o fato das plateias terem ignorado o filme, especialmente por sua qualidade em temas de ação frenética.

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é Jornalista, Escritor e Editor do site Vortex Cultural (www.vortexcultural.com.br). Quer salvar o mundo, desde que não demore muito e é apaixonado por Cinema, Literatura, Mulheres, Rock and Roll e Psicanalise, não necessariamente nessa ordem.
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