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Sinopse

Através de uma série de aventuras ousadas em um submundo criminoso e sombrio, o jovem Han Solo conhece seu corajoso copiloto Chewbacca. Ao se unirem ao notório jogador Lando Calrissian, embarcam em uma jornada que irá definir seus caminhos.

Crítica

Severos problemas ocorreram na produção de Han Solo: Uma História Star Wars, a começar pela troca de comando, com a contratação do experiente Ron Howard assim que as coisas pareciam caminhar invariavelmente a um fracasso retumbante. Também muito se falou da suposta inépcia de Alden Ehrenreich para encarnar a versão jovem do personagem imortalizado por Harrison Ford. Boa notícia aos alarmados. O filme é ótimo, boa parte, exatamente, em virtude do desempenho do protagonista, bem como dos demais atores. Han Solo é uma das figuras mais queridas de Star Wars. Intrépido, de moral dúbia, porém com um coração do tamanho dos ímpetos rebeldes da galáxia distante e prestes a ser dominada pelo Império, ele é inicialmente escravo num planeta cuja atividade principal é a construção de naves espaciais. Seu par é Qi’ra (Emilia Clarke), moça igualmente acorrentada. Aliás, essa realidade de servidão é utilizada em várias passagens da trama, consolidando o substrato de uma bem-vinda contextualização “histórica”, perceptível ao largo dos vários eventos que acompanhamos.

Já que estamos falando de Han Solo, não é de admirar a óbvia vocação do longa-metragem à aventura, com missões praticamente impossíveis. Todavia, as mesmas não primam por nos extasiar através de movimentos de câmera, sons potentes ou algo que os valha. Tais sequências servem ao propósito maior de desenhar as características dos personagens, de mostrar, por exemplo, o quanto a figura central está disposta a sacrificar para preservar a vida alheia. Na primeira metade, Han Solo: Uma História Star Wars demora a empolgar, embora fique bastante clara a instrumentalização da ação a esse aprofundamento nas pessoas. Beckett (Woody Harrelson) funciona como uma espécie de mentor ao garoto que se considera piloto admirável, ensinando-o lições indispensáveis, especialmente no que diz respeito à dinâmica dos contrabandistas intergalácticos e à inconstância do humano, de acordo com sua natureza em permanente mudança. O produto dessa equação é absolutamente voltado aos fãs, embora conceda possibilidades de plena leitura aos leigos, mas sem intensidade parecida.

A despeito dos instantes de emoção contida, Han Solo: Uma História Star Wars proporciona claramente o que dele se espera, ou seja, uma sucessão de momentos icônicos, como Han Solo encontrando Chewbacca (Joonas Suotamo), a aparição inaugural da Millenium Falcon, o surgimento de Lando Calrissian (Donald Glover), entre outros tantos – é bom não mencionar alguns, pois eles são realmente surpreendentes, inclusive o marcado pelo aparecimento de um sabre de luz conhecido dos fãs da saga criada por George Lucas. A qualidade do trabalho de Howard fica evidente nos detalhes, na forma dele valorizar as experiências individuais, como no simples movimento de câmera que captura a fascinação do aspirante ao viajar na velocidade da luz. Também é visível a mão do diretor na construção da ambiência, em tudo aquilo que sustenta o viés aventureiro. Ela nos auxilia a constatar a situação da galáxia durante a ascensão do império e, paralelamente, a inflamação dos ideais rebeldes destinados justamente a salvaguardar os direitos dos desvalidos que atravessam o enredo integralmente.

Han Solo: Uma História Star Wars é inconstante, tem seus pontos fracos, mas cumpre bem o papel de apresentar os verdes anos de Han Solo, Lando, Chewie e companhia. Encabeçado por Alden Ehrenreich, numa atuação que consegue mimetizar Ford e ainda exibir identidade própria, o elenco é um dos maiores predicados da superprodução. Donald Glover está impagável como Lando, o apostador que, literal e metaforicamente, sempre tem uma carta sobressalente na manga. Já Emilia Clarke não faz feio com sua personagem ambígua, embora ocasionalmente lhe falte tônus dramático para fazer frente aos “veteranos”. Paul Bettany, na pele do vilão Dryden Voss, segura bem a barra de oferecer ameaça ao time da Falcon. E, finalmente, não menos importante, L3 (voz de Phoebe Waller-Bridge), a androide da vez, aquela que rouba diversas cenas com sua surpreendente paixão pela liberdade, diga-se, completamente integrada ao ideal principal da franquia Star Wars, à batalha dos oprimidos contra os opressores, a luta a fim de que prevaleça o poder do povo, não simplesmente o do mais forte.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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