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Crítica


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Sinopse

Malandro encantador, Roger Brown é o melhor caçador de talentos da Noruega. Ele passa a roubar objetos de arte para financiar seu estilo de vida ostensivo, muito além de suas possibilidades, mesmo sendo um sujeito bem-sucedido profissionalmente. Um quadro valioso será a sua nova aposta para se dar bem.

Crítica

Depois de uma estreia promissora com o aclamado Buddy, em 2003, e seguir com o inexpressivo Fallen Angels, em 2008, o diretor norueguês Morten Tyldum retoma a boa forma no terceiro filme. As primeiras cenas de HeadHunters procuram nos apresentar a Roger Brown (Aksel Hennie). Em menos de dez minutos, a edição acelerada traz a sequência de situações pontuais pelas quais conhecemos o bem sucedido caçador de talentos e ladrão de quadros. A atitude arrogante na sala da empresa PathFinder, a casa milionária, a esposa vistosa e o relacionamento desinteressado com Lotte (Julie Ølgaard) estão sob o mesmo mote: não basta ser, é preciso parecer um vencedor. Preocupado consigo próprio, não percebe a ruína do seu casamento ou a iminente traição de Diana (Synnøve Macody Lund). Artificial, materialista, hedonista e egoísta. Os rótulos para o estereótipo são muitos, mas o filme consegue entregá-los sem apelar para o óbvio ou para a pieguice.

O centralidade inicial de HeadHunters é justificado pela mudança que ocorrerá a partir da chegada do empresário Clas Greve (Nikolaj Coster-Waldau, do seriado Game of Thrones). Greve veio à cidade para receber a herança da avó, cujo um dos bens deixados é um quadro de Rubens. A notícia atrai a atenção de Brown, que logo encontra uma ocasião para conhecer a próxima vítima. Mas o dia que era para ser de caçador transforma-se no de caça. Em uma mistura de Insônia (2002) e Missão Impossível (1996) com o humor dos irmãos Joel e Ethan Coen, acompanhamos o protagonista na tentativa de sobreviver a um inimigo implacável.

Construído no modelo de um thriller, o roteiro tem a sua maior virtude ao trazer, conforme pede o gênero, novidades constantes ao enredo. Os espectadores são surpreendidos pela série de reviravoltas – em especial no último ato – e pela suspensão da resolução até os últimos momentos. A queda do protagonista soma-se como recurso para aproximar-nos de Brown. O sujeito do início é distante e inacessível, enquanto que o do segundo ato em diante é apenas um homem tentando sobreviver. Ao estilo clássico, as tragédias estão na descida dos mais altos. Auxiliado pela tensão da relação de Diana e Brown, o contraste entre as situações desperta o potencial dramático da trama.

Tecnicamente modesta, a fotografia se destaca pela segurança e regularidade. A tradicional – e esperada – alternância de cores e luzes para ilustrar a mudança subjetiva do personagem é evitada. A iluminação se mantém competente mesmo nas cenas noturnas; as cores, preservadas nas filmagens internas e externas.  Se o trabalho tímido da fotografia não auxilia a narrativa de modo direto, acerta ao deixar o enredo fluir sem desviar a atenção.

Hennie, que esteve em Buddy como Geir, está muito bem no interessante papel principal. Seu antagonista, porém, não teve a mesma sorte. A Coster-Waldau coube um papel mais de presença do que de expressão. Com motivações fracas, às vezes banais, Greve exige muito pouco, passando quase imperceptível entre um olhar enigmático e outro. Sem pretensões e muito bem executado, HeadHunters prova que a estreia de Tyldum não foi uma questão de sorte.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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