Crítica
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Sinopse
Hércules precisa enfrentar diversos inimigos para poder viver o romance com sua amada.
Crítica
Nos anos 1990, Kevin Sorbo emprestou rosto e músculos para personificar Hércules numa série homônima repleta de efeitos toscamente desenvolvidos, personagens superficiais e humor involuntário. Eis que, no início de 2014, Kellan Lutz surge como o semideus olimpiano no que parece uma adaptação acidental da série supracitada para os cinemas, infelizmente carente de quaisquer sutilezas cômicas que poderiam tornar sua sessão mais palatável. O novo Hércules pode ter um protagonista com as habilidades de um super-herói, mas sua força cinematográfica é tão irrelevante quanto a de um reles mortal.
Muito distante das mitologias greco-romanas, Hércules resume a saga do icônico personagem a partir de sua relação conturbada com seu pai, o Rei Amphitryon, que o exila depois de descobrir seu amor proibido pela noiva de seu irmão. Vendido à escravidão, ele se torna um gladiador e vence algumas batalhas até retornar à Grécia com a intenção de restaurar a paz da nação e reconquistar sua amada.
Com um visual barato, atuações rasas e narrativa entediante, Hércules é tão piegas quanto a sinopse acima e não garante o entretenimento necessário para ser classificado como um filme de ação ou a profundidade mínima para ser levado em consideração por alguma qualidade dramática. Ao se valer de um 3D oportunista como o de tantos outros blockbusters recentes, o diretor Renny Harlin lança objetos e destroços repetidamente em direção ao espectador, para criar alguma interação entre este e a produção – esforço que se mostra tão inútil quanto desesperado. Sua falta de criatividade chega a ser incômoda, quando a cada sequência emotiva o cineasta insiste em encher a tela com pequenos flocos de qualquer coisa – neve, cinzas, flores ou algo do gênero.
Harlin pensa ser o criador do uso do slowmotion em cenas de batalha e abusa do recurso, que deve tornar o filme pelo menos uns cinco minutos mais extenso. Tal esforço é atualmente tão genérico que apenas nos trailers exibidos antes da sessão de Hércules o efeito foi percebido em 300: A Ascensão do Império (2014), Pompéia (2014) e Noé (2014) – herança condenável deixada por Matrix (1999). Tentando ampliar o impacto dessas sequências pretensamente emocionantes, a produção se vale de um misto de referências que apela até mesmo para videogames e franquias de sucesso como God of War: as armas de Hércules improvisadas com correntes, tijolos e até mesmo raios são evidentemente pós-Kratos.
Kellan Lutz, que já foi um dos apáticos vampiros da série Crepúsculo, até tenta se lançar como herói de ação, porém consegue ser ainda mais inexpressivo que sua ex-colega de elenco Kristen Stewart. Sua falta de talento só não é mais evidente por conta de seus coadjuvantes, que revezam os clichês do roteiro escrito à oito mãos com atuações pífias. O maior destaque é o desconhecido Liam Garrigan, que como o caricato vilão Iphicles garante que qualquer diretor de casting competente nunca mais o selecione para trabalho algum, inclusive os de figuração.
Hércules amargou uma estreia em terceiro lugar nas bilheterias norte-americanas e ainda tenta recuperar os US$ 70 milhões de seu orçamento, uma vez que arrecadou míseros 20 milhões de dólares desde seu lançamento nos Estados Unidos. O fracasso de público pelo menos nos dá uma certeza: não precisamos temer uma sequência co-protagonizada por Xena: A Princesa Guerreira (1995-2001).
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Conrado Heoli | 2 |
Marcio Sallem | 3 |
MÉDIA | 2.5 |
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