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Sinopse
Após realizar seus famosos 12 trabalhos, Hércules se junta a um grupo que vive de aventuras. Porém, esses homens se revelam assassinos e o filho de Zeus é incumbido de treinar um exército para transforma-los em mercenários.
Crítica
Quem for aos cinemas conferir Hércules, aventura dirigida por Brett Ratner e estrelada por Dwayne Johnson, na expectativa de encontrar uma nova e emocionante saga mitológica, com deuses e monstros em conflito, vivendo epopeias dignas e lendas milenares, certamente irá se decepcionar. Afinal, o que temos aqui é mais um genérico de ação feito sem muita inspiração, da maneira mais convencional possível, e desprovido de todo elemento que poderia soar original ou diferente – até as próprias origens do personagem são negadas. No final, ao acender das luzes, tudo o que se tem é um legítimo filme-pipoca, descartável e tão eficiente em sua diversão quanto um copo de refrigerante é quando precisamos matar nossa sede: até engana no começo, mas logo sua verdade vem à tona de modo irreversível.
Fracasso de público nos Estados Unidos – arrecadou cerca de US$ 70 milhões nas bilheterias, bem menos do que os US$ 100 milhões do seu orçamento total – ao menos se saiu um pouco melhor do que o seu principal concorrente deste ano, o homônimo Hércules (2014) lançado no começo de 2014 e que contava com o novato Kellan Lutz como protagonista. Se no filme anterior o tom também buscava ser mais realista com o herói mitológico sendo repudiado pelo pai e percorrendo uma terrível jornada rumo à consagração, desta vez a trama assume proporções mais poderosas, porém não menos distantes da lenda. Mais uma vez recusa-se a versão conhecida, de que Hércules seria um semideus de força descomunal, filho de Zeus com uma mortal, e que para provar seu valor é forçado a enfrentar doze trabalhos praticamente impossíveis e, somente após superá-los, é que alcançaria o respeito e a glória merecidos. Essa visão, aliás, até é resgatada, mas mais como uma piada a ser desprezada e usada como distração do que um contexto relevante para a história.
Com um passado de praticante de luta-livre, não é de se estranhar de Dwayne Johnson – que, no início da carreira, chegou a ser conhecido pelo apelido ‘The Rock’, ou ‘A Rocha’ – tenha o físico necessário para defender o protagonista. Porém ele aparece praticamente o tempo todo escondido por trás de uma armadura desnecessária e por longos cabelos quase tão artificiais quanto o enredo no qual está envolvido. Hércules é um herói renegado de passado trágico que lidera um grupo de mercenários que apenas demonstram suas habilidades em batalhas mediante um polpudo pagamento. Contratado pelo Lorde Cotys (John Hurt, pagando as contas de casa) para defender seu povo contra os ataques do violento Rhesus (Tobias Santelmann) numa Trácia tomada pela guerra, eles precisam restaurar a paz no sul da Grécia, numa época em que tudo era decidido na ponta da espada e sem muita conversa.
Aliás, é justamente pela prática do ‘mata primeiro, pergunte depois’ que o grupo de heróis sob contrato serão facilmente enganados e envolvidos em um plano diabólico que envolve avô ameaçando neto e pai dilacerando esposa e filhos – ou quase isso. A violência em Hércules está tanto no discurso quanto na exposição física, atingindo níveis que causarão desconforto nos mais sensíveis. Ainda que o início tenha um ritmo lento, levando um tempo um pouco demasiado para que o cenário seja exposto e a ação, de fato, tenha início, o filme apresenta bons momentos de lutas e confrontos, que deverão agradar aqueles atrás de diversão passageira. No entanto, qualquer um em busca de um conteúdo mais sério ou pertinente deve rever, imediatamente, suas expectativas.
Brett Ratner é conhecido pela trilogia policial cômica A Hora do Rush (1998-2001-2007) e por ter dirigido o capítulo mais controverso dos heróis mutantes da Marvel em X-Men 3: O Confronto Final (2006). Nada sutil, ele adota o estilo dos quadrinhos Hercules: The Thracian Wars, escritos pelo inglês Steve Moore em 2008, desconstruindo o mito sem olhar para trás. O resultado são sequências genéricas, reviravoltas previsíveis, discursos clichês e mais do mesmo, que até entretém enquanto dura, mas que não permanece vívido por muito tempo. Uma avaliação inevitavelmente contraditória e infeliz, ainda mais diante de um personagem que tanto já fez pelo cinema – e que não merecia ser tão maltratado como tem sido desde a divertida e eficiente animação dos Estúdios Disney, lançada em 1997 e até hoje a mais bem sucedida versão do herói na tela grande.
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