Crítica
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Sinopse
Leonardo é um adolescente cego. Ele deseja ser mais independente, mas precisa lidar com suas limitações e a superproteção da mãe. Para decepção da melhor amiga, ele planeja fazer uma viagem de intercâmbio. Porém a chegada de Gabriel, um novo aluno na escola, desperta sentimentos até então desconhecidos.
Crítica
A cena é simbólica. Na sala de aula cheia, Leonardo (Ghilherme Lobo) senta na primeira fila. O lugar privilegiado é uma distinção ao revés. Por ser cego, usa uma máquina de escrever em braile. O barulho durante a aula faz com que a carteira atrás de si esteja sempre vazia, como um lugar proibido – eventualmente esquecido. Aos poucos, a vida de Leo, que levamos algum tempo a partir da boa cena inicial para perceber a sua deficiência, cada vez mais se aparenta à imensidão de espaços vazios. A distinção é, então, isolamento, amenizado unicamente pela companhia da colega Giovana (Tess Amorim). Assim começa Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, longa-metragem de estreia de Daniel Ribeiro, exibido na mostra Panorama do Festival de Berlim. Conhecido por curtas como Café com Leite (2007) e, principalmente, Eu Não Quero Voltar Sozinho (2010), foi o sucesso deste último no Youtube, como gênese criativa, que o longa veio a se tornar realidade.
A relação de Giovana com Leonardo é a estratégia inicial de um roteiro tecnicamente muito maduro, que foge com rapidez dos estereótipos e consegue somar camadas psicológicas que, sem serem rebuscadas, aumentam a densidade dramática nos momentos certos. Nada sobra e tudo tem o seu lugar nos núcleos concebidos no roteiro pelo próprio diretor. Exemplo da amarração eficaz da narrativa é Karina (Isabela Guasco), personagem secundário, que nem por isso deixa de ter um percurso próprio e interessante.
Quando a sala recebe um aluno novo, Gabriel (Fábio Audi), é a carteira próxima de Leonardo a disponível. É o início de um relacionamento complexo entre Gabriel, Giovana e Leonardo – igualmente bem interpretados, com destaque para a habilidade cômica de Tess. Complexo e adorável pela forma como trata a questão da cegueira e da sexualidade em dois adolescentes. Quanto à primeira, Leonardo dá o tom do discurso que deve imperar – inclusive para eliminar qualquer resquício de coitadismo por parte do público – nas sequências com a família. Se os pais querem que ele se sinta igual aos demais, é preciso que o tratem assim. A superproteção materna o agride tanto quanto a zombaria dos colegas; tanto quanto a carteira vazia. Quanto à sexualidade, a direção de Daniel revela – talvez mais aqui do que em qualquer outro aspecto – uma qualidade inquestionável. A situação e o envolvimento dos personagens é revelado aos poucos e nos momentos corretos. Certas situações avançam a narrativa – como no desfecho da bebedeira de Gabriel na festa da Karina – enquanto outras a retrocedem – como quando Gabriel assume não lembrar do que fez após ter bebido. A tensão entre definição e indefinição – a suspensão dos fatos – é uma virtude recorrente. É por esses cuidados que o filme cresce, os personagens se intensificam e conseguem conquistar o público. Mais do que empatia, há a naturalidade das condições de como as coisas são – algo de invisível mesmo naquilo que se mostra.
Contudo, a qualidade da história que nos é contada não anda sozinha. Se é verdade que a edição de Cristian Chinen flui, entregando ao filme a mesma vitalidade dos personagens, é com a fotografia de quadros bem arranjados – alguns inesperados como o plano zenital do início – de Pierre de Kercheve e a direção de arte neutra e harmônica – ainda mais difícil por fazer o casual parecer minimalista e não aleatório – de Olivia Sanches, todos parceiros do diretor de longa data, que Hoje Eu Quero Voltar Sozinho passa do adorável que parece ser para o bom filme que efetivamente é. Da direção de Daniel, certamente segura e correta demais para um primeiro trabalho de fôlego, se observa, por vezes, o passo em falso ao intercalar sequências pouco significativas, como pedaços desbotados em um retalho uniforme. Nada, no entanto, que desvie a atenção do espectador, há tempo envolvido pelo brilho e a força da história.
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O filme é ótimo,amei achei muito bem feito,o elenco,o diretor,o autor enfim todos estão de parabéns,precisamos de mais iguais esses,para esclarecer as familias sobre o amor,não importa o sexo,isto é cultura.