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Sinopse

Quatro documentaristas entram na selva para filmar tribos canibais. Passados dois meses sem retorno do quarteto, o antropólogo Harold Monroe empreende uma viagem de resgate. Ao recuperar as latas de filme, acaba descobrindo o que verdadeiramente aconteceu aos cineastas.

Crítica

Filmes de uma única sessão. São variados os motivos pelo qual uma pessoa opta por não rever uma produção e, a mais comum delas, é não ter se agradado à primeira vista. No entanto, Holocausto Canibal, do italiano Ruggero Deodato, parece fazer parte de uma lista que inclui filmes que, de tão perturbadores, causam medo de um reencontro no espectador. Discutido sob as mais diversas abordagens, a produção lançada em 1980 consegue reações que vão da náusea ao aplauso.

Uma das explicações possíveis para Holocausto Canibal ser tão comentado mesmo passado décadas de seu lançamento é o desejo de muitos têm de entender o paradoxo que é o seu roteiro. A ideia central é denunciar quatro documentaristas que utilizam métodos nada éticos para realizar um filme sobre tribos canibais que vivem na fronteira entre Brasil e Peru. Até aí, o público é convencido de que está diante de um exemplar do horror com fundo de crítica social. Mas Deodato parece ter aprendido a lição com os documentaristas exploradores e utiliza os mesmos métodos do quarteto para arrepiar a plateia em múltiplos sentidos.

Por apresentar uma fotografia e uma montagem bastante calcada na linguagem documental, fruto das primeiras experiências cinematográficas de Deodato dentro do movimento do neorrealismo italiano, Holocausto Canibal confunde e inebria, já que muitos são as cenas que colocam a dúvida em nossas cabeças: isso é um registro real ou uma encenação? Um dos momentos mais citados, conhecido até de quem nunca assistiu ao filme, é o esquartejamento de uma tartaruga viva, responsável por deixar muitos defensores dos direitos animais loucos para abrirem um processo contra Deodato e sua equipe.

Para reforçar ainda mais as questões paradoxais de Holocausto Canibal, um antropólogo indaga na cena final sobre quem seriam os verdadeiros canibais. Se Deodato levou sua câmera para a floresta para realizar um filme disposto a colocar quem assiste para pensar sobre a exploração do grotesco pela mídia, é algo que não conseguiremos responder com precisão. A crueza com a qual rituais de empalação e tortura são mostrados na película estão num nível alto demais para garantir que quem o assiste reflita sobre qualquer outra coisa que não seja a violência de suas imagens. Talvez mais de uma revisão seja necessária para podermos desfrutar de todos os significados de Holocausto Canibal. Só falta encontrar coragem.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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Bianca Zasso
4
Ailton Monteiro
8
MÉDIA
6

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