Crítica
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Sinopse
Andrew é um ator televisivo razoavelmente bem-sucedido que vive em Los Angeles. Após a morte da mãe, ele decide voltar à sua cidade natal, onde percebe-se ainda suscetível à dominação do pai. Para mitigar isso, percorre as ruas e vielas familiares em busca de amigos e de resgatar momentos da infância.
Crítica
Que reviravolta! Isso, ao menos, era a impressão que se tinha ao olhar para a carreira de Zach Braff, que até então era conhecido apenas pelo J.D., protagonista do seriado Scrubs (2001-2010), e por ter participado de filmes como O Clube dos Corações Partidos (2000). A mudança em sua carreira começou ao estrear como diretor com o drama Hora de Voltar, um projeto maduro e interessante no qual também interpreta o personagem principal. Além disso, é ainda produtor da trilha sonora e autor do roteiro. E se essa guinada lhe indicava um futuro auspicioso, é triste constatar que poucas dessas previsões se concretizaram. Afinal, ele continuou sendo um coadjuvante descartável em grandes produções (como Oz: Mágico e Poderoso, 2013) e seu último trabalho de maior destaque foi o independente Wish I Was Here (2014), que vem a ser justamente a continuação deste seu primeiro esforço como realizador!
Zach Braff se inspirou em fatos autobiográficos para compor o personagem Andrew Lagerman, um ator hollywoodiano que é conhecido por apenas um papel de destaque que teve na televisão e que é forçado a retornar a sua cidade natal para acompanhar o funeral da mãe. Esta volta às origens o forçará a uma análise sobre sua vida, a partir dos conflitos que se reacenderão com o pai (Ian Holm), com antigos amigos (com destaque para Peter Sarsgaard) e ao se envolver com numa nova namorada (Natalie Portman). Traumas do passado serão postos à prova, assim como antigos medos e frustrações equivocadas serão enfrentados em busca de uma resolução.
Com uma mão tão confiante quanto resolvida, Braff exerce com muita habilidade as funções por ele mesmo propostas na realização deste projeto. E isto certamente não deve ter sido fácil, ainda mais aparecendo ao lado de Natalie Portman, completamente à vontade e com pleno domínio de sua figura carismática. Por este trabalho ele recebeu prêmios de “cineasta revelação” em ocasiões tão diversas quanto os círculos de críticos de Chicago e da Flórida, e do Independent Spirit Awards, do National Board of Review e do Online Film Critics. Outros destaques da produção são os desempenhos de Sarsgaard (premiado como Melhor Ator no Festival de Estocolmo, na Suécia) e de Portman (indicada como Melhor Atriz no Satellite Awards e no MTV Movie Awards), o elogiado roteiro (indicado como um dos melhores do ano no Sindicato dos Roteiristas dos EUA e no Festival de Sundance) e a belíssima trilha sonora, vencedora do Grammy.
Mas se os quesitos técnicos estão em ordem, o melhor de Hora de Voltar é a sensibilidade com que sua história se desenvolve, sem soluções rápidas ou precipitadas, evitando sempre que possível o clichê óbvio. Até personagens mais fáceis, como a de Portman, ganham um novo olhar, verossímil e contundente. E o principal, as relações que se estabelecem entre os personagens convencem de modo verdadeiro, e nunca distante da realidade. A amargura dos protagonistas é quase palpável, e mesmo em contextos quase absurdos pode ser compreendida e até perdoada. Um toque inteligente – falar daquilo que se conhece com propriedade – que muitos profissionais competentes do gênero apresentam dificuldades em abordar, mas que aqui se percebe com muita segurança.
É uma pena que um trabalho com o peso que Hora de Voltar teve para a carreira de Zach Braff não tenha ganho continuidade. Por mais que o distanciamento do tempo o acuse de ser um caso isolado, dava a entender que muito poderia ser dito ainda sobre esse tema, talvez sob outras formas e aspectos – afinal, quantos cineastas não construíram carreiras inteiras falando quase sempre da mesma coisa, e com sucesso? Não que este filme em especial seja indicado a todos sem reservas ou que vá mudar a vida de alguém – mas ao menos contém a certeza de ser uma obra talvez não das mais originais, mas ainda assim competente e dotada de méritos reais.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Diego Benevides | 8 |
Daniel Oliveira | 6 |
Ailton Monteiro | 6 |
Chico Fireman | 5 |
Alysson Oliveira | 4 |
MÉDIA | 6.2 |
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