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Crítica


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Onde Assistir

Sinopse

No dia em que um executivo norte-americano e sua família chegam de mudança a um país no sudeste asiático, acontece um violento golpe de estado que coloca todos em perigo. Declarados parte do grupo de inimigos, eles se juntam a um experiente explorador habituado ao lugar para tentarem fugir vivos dali.

Crítica

Horas de Desespero parte de uma fórmula que, pelo menos na teoria, poderia dar certo: dedicar seus primeiros minutos para apresentar os personagens, buscando criar um elemento humano no qual possamos nos ancorar ao longo da narrativa que, então, parte para a tensão, colocando essas figuras em risco. Só “poderia”, porque quando se tem personagens como os vistos no filme, uma direção frágil e um roteiro questionável, as coisas dessa fórmula se complicam. A verdade é que, quando não causa risos involuntários, o resultado aqui é apenas desagradável.

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Escrito pelo diretor John Erick Dowdle em parceria com seu irmão Drew Dowdle, dupla mais conhecida por filmes de terror como Demônio (2010) e Assim na Terra Como no Inferno (2014), Horas de Desespero nos apresenta Jack Dwyer (Owen Wilson), engenheiro que se muda para um país asiático do “quarto mundo” (e que nunca é revelado) a fim de representar sua empresa que promete melhorar o sistema de tratamento de água local. Sua esposa, Annie (Lake Bell), e as filhas, Lucy e Beeze (Sterling Jerins e Claire Geare, respectivamente), vão junto, esperando ter uma boa vida no país. Mas pouco depois de chegar, eles se veem no meio de uma zona de guerra na qual Jack é um dos alvos principais, porque os rebeldes dali não querem saber de estrangeiros mexendo em sua água. Para se salvar, a família tem a ajuda de Hammond (Pierce Brosnan), sujeito que eles conhecem no aeroporto e que, claro, não é um mero turista.

A partir daí, o filme engata a ação quase ininterrupta, envolvendo as correrias de Jack e sua família para fugir dos rebeldes asiáticos (ou ao menos passar despercebidos por eles). Isso seria ótimo, caso conseguimos ficar tensos junto de personagens tão unidimensionais. O elenco não consegue se salvar, mesmo tendo atores interessantes como Owen Wilson e Lake Bell. E, se os personagens já não são muito cativantes, a condução de John Erick Dowdle, aspirante a nos deixar pouco espaço para respirar, chega a ser cômica em determinados momentos. Numa das principais cenas do filme, por exemplo, Jack precisa atirar sua família de um prédio para outro, algo que causa risos pelo péssimo uso tanto do slow motion quanto da montagem em si, com a inserção de closes dramáticos que acabam sendo ridículos.

Enquanto isso, o roteiro nunca foge do óbvio, além de apelar para soluções fáceis quando os personagens se encontram sem saída. Hammond, quase uma paródia de James Bond, basicamente entra na história só para resgatar Jack sempre na hora certa das mãos dos rebeldes asiáticos. Aliás, é incrível que 90% dos orientais vistos no filme sejam figuras selvagens, movidas por um sentimento anti-estrangeiro em um contexto político que nunca sai do superficial. E o próprio roteiro dos irmãos Dowdle parece ter noção disso, incluindo uma cena em que certo personagem assume a culpa por eles agirem dessa forma. Contudo, isso soa como tentativa furada dos realizadores de justificar tal retrato.

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Horas de Desespero é capaz de fazer o espectador ansiar pelo final antes mesmo da metade da projeção. Infelizmente, às vezes, é o que resta a ser feito quando o que se vê na tela é uma história previsível, que não prende a atenção, inserida numa narrativa sem qualquer tipo de peso.

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é crítico de cinema, formado em Produção Audiovisual na ULBRA, membro da SBBC (Sociedade Brasileira de Blogueiros Cinéfilos) e editor do blog Brazilian Movie Guy (www.brazilianmovieguy.blogspot.com.br). Cinema, livros, quadrinhos e séries tomam boa parte da sua rotina.
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