Crítica
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Sinopse
Em Los Angeles, num futuro não muito distante, um hospital para criminosos funciona sob a fachada de um hotel há mais de 20 anos. No comando, está A Enfermeira, responsável por manter as regras do local: não insultar funcionários, não portar armas, não matar outros pacientes. Quando as regras são quebradas, a vida de todos é colocada em risco.
Crítica
No exterior do Hotel Artemis, há uma rebelião alimentada pela fúria popular contra a grande empresa que controla a água da Califórnia. Nesse futuro, portanto, distópico, quase a totalidade da ação se desenvolve no local com nome de hospedagem, mas que, na verdade, é um hospital reservado a malfeitores em dia com a taxa de associação. O cineasta Drew Pierce se esmera para delinear cinematograficamente esse mundo, com a câmera escrutinando os detalhes quando Waikiki (Sterling K. Brown) e seu irmão, Honolulu (Brian Tyree Henry), dão entrada após serem feridos durante um assalto interrompido pela polícia. O cenário, então, faz parte da consolidação da atmosfera social vigente, com um misto de decadência e primazia tecnológica. As paredes carcomidas, a deficiência de fornecimento de energia, a precariedade de certas condições contrasta com a eficiência de máquinas e procedimentos médicos, dos quais a Enfermeira (Jodie Foster), coordenadora do recinto, se vale para garantir a sobrevivência de pessoas responsáveis por atos vis. A ambientação inicial de Hotel Artemis é bem eficiente.
Justamente por conta da curiosidade decorrente do bom empuxo da trama, e dessa mitologia que aparentemente comporta uma série de possibilidades, o resultado é tão decepcionante. Recorrendo seguidamente a diálogos meramente expositivos para explicar determinadas situações, os personagens mal conseguem se sustentar nos arquétipos ao qual se reportam abertamente. Nice (Sofia Boutella), por exemplo, é uma assassina letal como nenhuma outra no recinto, encarregada da missão ultrassecreta de assassinar um figurão ignorado pelo espectador. Todavia, o cineasta não consegue manter viva a expectativa, logo relegando à ordem da insignificância essa motivação aparentemente imprescindível. Todo o imbróglio que envolve Waikiki, a vigília do irmão entre a vida e a morte e sua posterior tomada de postura heroica na iminente danação de todos, tampouco consegue atingir uma força dramática expressiva, pois diluído ao longo do filme em situações desprovidas de significância, algo que gradativamente se espraia às demais pessoas do enredo.
Hotel Artemis condensa desajeitadamente muita história em pouco mais de 90 minutos. Drew Pierce não dá conta de equilibrar as várias potencialidades que o cenário comporta, literal e metaforicamente falando. Sobressai a impressão de que houve interferência externa – talvez dos produtores – para fazer tudo caber numa metragem razoável. Tal esforço, porém, tem o efeito colateral de simplificar demasiadamente a participação dos personagens e relegar à beira do ostracismo a comunicação com o entorno convulsionado pelos californianos revoltosos. Apenas a menção da guerra travada entre o povo e as forças de contenção a serviço do Estado, batalha nutrida por interesses privados, não é suficiente para que tal constatação se configure num elemento forte do substrato narrativo. Certas figuras são subaproveitadas ao ponto de se tornarem insignificantes, como Crosby (Zachary Quinto), o nervoso herdeiro da máfia cuja motivação se equilibra mal e parcamente na observação psicológica de cunho fugaz que o filme oferece de bandeja.
A despeito do ótimo desempenho do elenco, Hotel Artemis ganha irrelevância na medida em que avança. O passado da Enfermeira é desvelado de forma simplória, o que expõe um background rudimentar, incompetente para conferir outros contornos a uma personagem bastante intrigante. Dave Bautista, como o auxiliar Everest, desempenha satisfatoriamente a função do “gigante amigo”, alternando gentileza e agressividade de acordo com as circunstâncias. A entrada de Jeff Goldblum manifesta sobremaneira as fragilidades da estrutura narrativa, pois seu personagem é emblemático enquanto no extracampo, e completamente convencional ao surgir em cena. A policial Morgan, vivida por Jenny Slate, supostamente um ruído naquele espaço dominado por bandidos, bem como ponte com o passado da Enfermeira, sequer consegue ser relevante enquanto trivial instrumento. Subaproveitando praticamente todos os meandros de sua ótima delineação inicial, o filme, infelizmente, logo se desvencilha de boas ideias e cai inapelavelmente no banal.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 5 |
Roberto Cunha | 6 |
MÉDIA | 5.5 |
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