Crítica
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Crítica
É da resposta tornada slogan pelo comportamento alternativo e irônico dos hipsters que o diretor Destin Cretton extraiu o chamativo título para o seu primeiro filme. Até então conhecido por curta-metragens, como o bom Short Term 12 (2008), o americano aborda no longa de estreia o drama psicológico de Brook Hyde.
Hyde é um músico talentoso. Basta pegar o violão e entoar alguns versos do seu folk repaginado para que vejamos a expressão de aprovação das pessoas. O seu álbum de estreia, que não recebeu menos do que elogios, aumentou o número de admiradores, assim como os convites para tocar nos bares de San Diego, cidade para a qual se mudou há pouco. Entretanto, o cenário favorável parece dar ao personagem de Dominic Bogart, em ótima atuação, tudo menos satisfação. Há algo errado com o protagonista, que na eminência do sucesso prefere o recolhimento, como sugere o sobrenome. Desconfiamos de que algo não vai bem com Brook logo na abertura. Afinal, conhecemos o protagonista no plano fechado em que o público é um borrão tão nítido a nós quanto para a mente do músico. Se em Inside Llewyn Davis (2013) a trama se desenvolve sobre a trajetória e as expectativas de um jovem cantor, em I Am Not a Hipster nos defrontamos com a faceta íntima de alguém que faz da música não uma profissão – como, aliás, quer o amigo Clarke (Alvaro Orlando) que Hyde o faça – mas um pedaço da vida, uma maneira de dar a ela forma e conteúdo.
O roteiro e a direção de Cretton são peculiares. A evolução dos personagens não é clara e, por ser densa, avança mais na vertical – como no livro A Viagem Vertical, de Enrique Vila-Matas – do que na horizontal. O estado estático de Brook, a irritação e o desconforto constantes são atenuados com a chegada do trio de irmãs. Entretanto, a solução é parcial, seja porque ele não poderá viver com elas indefinidamente, seja por outras situações que, descobriremos, precisarão ser resolvidas antes que a família volte a ser o lugar em que o protagonista procure para repousar a cabeça tranquilamente .
I Am Not a Hipster trabalha muito bem com a expectativa do público, que encontra um filme nada afeito a estereótipos. A figura do artista vivendo em um mundo feliz é a ingenuidade gritante de quem desconhece ou, por vezes, a máscara ideal de quem procura proteção. Ao preferir filmar com câmera na mão, comanda pelo parceiro Brett Pawlak, o diretor consegue um bom resultado psicológico dos movimentos de câmera e cenas muito interessantes, como a boa sequência em que acompanhamos Brook deixar o palco para buscar cerveja na geladeira e retornar, desviando o violão das paredes. Ainda que não possa ser considerado surpreendente, ao buscar uma filmagem com a câmera na mão o diretor conseguiu uma estética psicológica profunda, resultando em um filme sincero e vigoroso.
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