Crítica
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Crítica
Com a popularização do fazer cinematográfico pelo advento de novas e mais modernas tecnologias, um dos gêneros que tem sido mais beneficiado é o documentário. Afinal, não é necessário mais nem uma câmera na mão – basta um aparelho celular. Com isso, e uma boa ideia em mente – ou um personagem, como é o caso – tem-se o suficiente para a construção de um filme. Mas há mais um ingrediente imprescindível para que essa mistura dê liga: o olhar. Afinal, nem todo mundo terá a mesma abordagem a partir de um fato, ou pessoa, em comum. E o que se vê em Ídolo é um resgate pertinente, porém realizado sem a atenção exigida para o seu melhor proveito.
O longa de estreia do diretor Ricardo Calvet tem como prioridade se debruçar sobre a vida e os feitos de Nilton Santos, o lateral esquerdo que passou por quatro Copas do Mundo e se tornou conhecido pelo apelido de Enciclopédia do Futebol. Surgido no cenário esportivo no final dos anos 1940, Santos foi um jogador como não se faz mais: em toda a sua trajetória profissional vestiu apenas três camisetas: a do Botafogo, a da Seleção Carioca e a da Seleção Brasileira. Com a primeira se tornou mito entre os torcedores, e com a última foi bicampeão mundial nos certames de 1958 e de 1962 – antes, participara dos selecionados de 1950, quando junto aos seus colegas amargou a histórica derrota na final para o Uruguai em pleno Maracanã, e em 1954, quando a equipe nacional, desacreditada, foi esmagada pelo time da Hungria.
Calvet é bacharel em Cinema e especialista em Direção, Produção e Roteiro. Como se percebe, de teoria entende muito, porém lhe faltava a prática. Com Ídolo ele dá o primeiro passo nesse sentido junto ao gosto popular. Assim como o produtor Ricardo Macedo, tem uma ligação forte com o Futebol – foi diretor da campanha do programa sócio torcedor do Botafogo, enquanto que Macedo atuou no desenvolvimento de uma rede social que tinha como sócios personalidades como Zico e Ronaldo Fenômeno. O Galinho, aliás, é um dos tantos entrevistados que dão em cena seu depoimento, ao lado de nomes como Zagallo, Junior, Djalma Santos e Carlos Alberto Torres. Nilton Santos, como é possível perceber até para quem não possui afinidade nenhuma com seu histórico, foi um jogador que inspirava respeito e admiração. Pena que o filme não faça jus a esta imagem.
O problema principal é seu tom reverencial e a falta de foco. Na época em Nilton Santos estava na ativa, todo registro de imagem era feito com câmeras cinematográficas – ou seja, era muito caro. Assim, os cinegrafistas só se preocupavam com o momento do gol, situação em que ele dificilmente estava presente, por jogar na defesa. Dessa forma, é natural que haja poucas imagens para ilustrar sua carreira. Muito acaba sendo dito sobre o contexto geral das situações em que ele esteve envolvido, sem se aprofundar detalhadamente na sua importância para cada uma dessas passagens. Contribui também para essa impressão dispersa o caráter assistencial do longa, feito às pressas como que num pedido de ajuda ao antigo craque, já doente e debilitado. Procurava-se sensibilizar seu antigo time, para que lhe prestasse a assistência – inclusive financeira – necessária diante a condição que se encontrava. A intenção social parece ter sido atingida, porém no processo se perdeu um filme que poderia ter sido interessante.
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