
Sinopse
iHostage: Um misterioso homem armado entra em uma Apple Store no centro de Amsterdã, nos Países Baixos. A polícia enfrenta um desafio muito complexo para resolver a questão. Entretanto, o homem está mais preparado do que se imaginava. Qual será o resultado? Crime.
Crítica
Histórias de negociação entre autoridades e criminosos encontram solo fértil no cinema. De O Negociador (1998), com Samuel L. Jackson, a O Plano Perfeito (2006), de Spike Lee, esse tipo de trama explora tensão em estado bruto. Agora, é a vez de iHostage, dos Países Baixos, se aventurar nesse terreno. À primeira vista, o projeto parece optar por um retrato fiel e contido, recusando o dramatismo fácil que tantas vezes acompanha o gênero. Ainda assim, algo na empreitada faz com que ela não se sustente como poderia, e a resposta, no entanto, exige um mergulho mais atento nas entrelinhas.
Inspirado em fatos ocorridos em 2022, o título reencena o sequestro que paralisou uma loja de tecnologia em Amsterdã. Ilian Petrov, cliente transformado em refém, e Ammar Ajar, o sequestrador, tornam-se a peças-chave de uma situação angustiante mediada pelas autoridades locais. Importante destacar que muitas das figuras reais optaram por não colaborar com o trabalho, o que faz com que lacunas evidentes saltem à vista. O espectador mais atento notará que o desenvolvimento dos acontecimentos, em vez de fluir organicamente, tropeça em becos sem saída, fruto da própria ausência de elementos para preencher a trama.
Sim, iHostage encontra solidez no embate entre seus personagens centrais. Ammar (Sofiane Moussouli) e o sequestrador Ilian (Admir Sehovic) estabelecem um jogo de tensão e estratégia que, com a intervenção da negociadora Lynn (Loes Haverkort), ganha contornos mais complexos. A dinâmica entre os três consegue manter o interesse em alta, enquanto o longa revela, com parcimônia, pequenas pistas sobre as intenções e hesitações de cada um. Nesse recorte, a aposta demonstra habilidade em construir suspense sem recorrer a artifícios exagerados.
Contudo, é preciso reconhecer: o interesse dramático permanece raso. iHostage é um retrato de uma situação-limite, não uma investigação sobre almas humanas. O sequestrador, tanto na vida real quanto na tela, permanece um enigma sem passado. A vítima principal carrega questões pessoais que surgem de forma breve, enquanto a negociadora, talvez o elo mais promissor, é deixada à margem pelo roteiro. A falta de aprofundamento ecoa o próprio desafio do projeto: contar uma história que, na origem, já era feita de silêncios.
Nesse sentido, torna-se inevitável perceber como a escassez de material impede qualquer evolução mais rica, confinando iHostage a um espaço de contenção quase forçada. Os responsáveis optam, com evidente cautela, por uma abordagem minimalista, evitando adições que pudessem comprometer a integridade dos fatos reais. Dentro desse contexto, a trilha sonora emerge fundamentalmente, funcionando como motor que tenta, a todo custo, manter a atmosfera pulsante até a chegada do desfecho. Ainda que o esforço seja notável, o resultado final, embora digno e tecnicamente interessante, deixa uma sensação difícil: afinal, era só isso?
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