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Sinopse

Um garoto britânico luta para sobreviver durante a Segunda Guerra Mundial em meio à invasão japonesa na China. Sozinho, enfrentando toda sorte de problemas, ele precisa resistir para tentar encontrar os pais.

Crítica

Se Império do Sol tivesse alienígenas em sua trama, reuniria praticamente todos os temas mais caros a Steven Spielberg. Uma criança perdida dos pais em meio à guerra se agarra a uma figura paterna problemática. Não é por acaso que o cineasta decidiu comandar a adaptação do romance homônimo de J.G. Ballard para os cinemas, adotando o então novato Christian Bale como protagonista e mergulhando em um de seus projetos mais corretos.

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Durante a ocupação japonesa na China, na Segunda Guerra Mundial, um garoto britânico (Bale) é separado de seus pais e passa a ter de se virar sozinho num campo de concentração vizinho à base aérea inimiga. Apaixonado por aviação e incapaz de não se solidarizar com o próximo, o hiperativo e ingênuo Jim logo ganha o carinho dos seus colegas prisioneiros e ao menos o respeito de alguns captores. Porém, é no trambiqueiro Basie (John Malkovich) que ele vê um ideal a ser atingido, executando suas tarefas com destreza para se provar digno de um lugar no alojamento do homem.

Claro que Basie não é uma figura a ser admirada, muito menos confiável, e Spielberg parece ele mesmo preferir ser pai de todos os personagens, a deixar que os homens frios e distantes que coloca nesses papéis “adotem” suas crianças. É um diretor puramente emocional, como se provou diversas vezes, e pouco “delicado”, pois quando quer transmitir um sentimento é difícil não vê-lo utilizando todas as cores. Falando em cores, o bege, o amarelo e o vermelho são grandes presenças, referências ao Sol da bandeira do Japão, país ao qual alude o título. Assim, planos contra a luz, um fetiche do realizador, aqui encontram motivação na temática, e não são poucos os takes que Spielberg realiza contra o poente.

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Beirando o clímax, Spielberg pinta um belo quadro à luz do pôr do sol, com Jim observando seu jovem amigo piloto preparando-se para decolar oficialmente pela primeira vez, com direito a Bale entoando uma bela canção composta por John Williams – aliás, parte de uma trilha belíssima do veterano – só para então introduzir uma sequência de ação passada com o sol a pino. Ok, podemos usar o bom senso e encará-la como uma cena mais fantasiosa, em que Jim se sente de uma maneira que só aquela iluminação poderia ilustrar, e faria sentido. Entretanto, o que realmente dá a entender é que Spielberg se encantou tanto com seus feitos estéticos em A Cor Púrpura (1986), que também abusava dessa fotografia, e decidiu repeti-la o quanto antes pudesse.

Mas esses tropeços são perdoáveis. A jornada do nosso pequeno herói mais do que recompensa, sendo tratada pelo diretor de forma cuidadosa, primeiramente colocando-o em contato com uma aeronave caída e abandonada – um caça japonês Zero, igual aos que atacaram Pearl Harbor -, para só depois enfocá-lo tocando um avião idêntico e funcional, esperando para ser pilotado, apresentando assim a Jim sua primeira aeronave em funcionamento, apenas bem para o fim, quando então é um dos caças americanos que o garoto vê passando num rasante bem próximo dele. Aliás, é admirável que Spielberg se detenha por mais tempo na construção dessa relação da aviação com o protagonista, já que é através dela que vamos tendo pistas, intervenções e simbolismos sobre o andamento da trama. Quando Jim vê caças no céu, no início do filme, é premeditada a invasão; é um avião de brinquedo que leva o menino a descobrir o quão próximo os inimigos estão; é o avião derrotado do amigo piloto que nos diz que para os japoneses não há mais esperança; e são aviões que fazem chover sobre Jim os suprimentos que ele e inúmeros outros prisioneiros libertos precisavam pra sobreviver até o resgate.

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Enfim, Império do Sol também nada seria se não fosse a desenvoltura e a extroversão de Christian Bale, que desde seu primeiro papel demonstrou porque iria se tornar o prestigiado ator que hoje é – seu Jim é irritante e bondoso na medida certa para ser acolhido pelo público.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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