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Crítica


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Sinopse

Alienígenas estão em processo de invasão para destruir a Terra. Eles têm melhores armas, tecnologias bem mais avançadas, mas serão páreo para os corajosos pilotos e estrategistas humanos escolhidos para os combater?

Crítica

Se você se incomoda com aqueles filmes em que os Estados Unidos e seus militares salvam a Terra, dê meia volta. Se não suporta clichês, escolha outra opção. Se furos de roteiro são o seu fraco, nem sequer leia o resto desta crítica. Porque, apesar de ter tudo isso no seu pacote, Independence Day é um exemplar de blockbuster que funciona no seu objetivo mais primordial: divertir.

Quando uma nave gigantesca se aproxima da Terra – aparentemente sem causar nenhum distúrbio na gravidade do nosso planeta – o mundo inteiro entra em polvorosa e começamos a acompanhar várias histórias que culminarão em uma só, reflexo do discurso do personagem de Bill Pullman – que sozinho poderia protagonizar alguma comédia intitulada como Um Presidente Muito Louco – que diz que todos estamos unidos no objetivo comum de sobreviver. Ok. David (Jeff Goldblum) é o cara esperto e paranoico que descobre o sinal de ataque dos alienígenas, que espalharam naves menores sobre as maiores cidades do planeta. Tentando avisar o presidente norte-americano, ele acaba se juntando à comitiva que mais tarde irá integrar o piloto Steve (Will Smith), e, juntos, vão descobrir um modo de derrotar os invasores e... Ah, você sabe.

Não pergunte como, mas apesar de o governo dos Estados Unidos se comunicar com outras nações através de código Morse, a televisão continua transmitindo tranquilamente o noticiário com informações marotas para o espectador – vulgo, nós – e isso mesmo depois dos ataques. Não adianta o espectador ficar se questionando a respeito de como David conseguiu, em menos de seis horas, buscar seu pai, sair do centro de Nova York mais rápido do que toda a multidão e, com toda esta tranqueira, ainda chegar em Washington, a cerca de 330 quilômetros de distância; E por que se preocupar com o fato de os alienígenas, vindos além do sistema solar, contarem o tempo nas mesmas medidas que nós? Afinal, quem se importa? Esqueçam isso, afinal, estamos de volta a 1996, uma época em que os personagens usam celulares do tamanho de um abacate, enquanto que os aliens tem touchscreen. Não é muito maneiro?

O diretor Roland Emmerich é péssimo no desenvolvimento de personagens – seria prudente dizer que talvez não saiba o que de fato isso significa – mas, por outro lado, é eficiente nas suas sequências de ação. E já que elas tendem a colocar os protagonistas e grandes amontoados de população em perigo, é fácil ganhar a empatia do público, uma vez que nós deste lado da tela preferimos pensar que, no lugar daquelas figuras, também sobreviveríamos – não é mesmo? Grande explosão e desabamento de um túnel? Fichinha, você passaria por isso pra dirigir um caminhão e salvar a primeira-dama dos Estados Unidos. Arrastar o corpo de um extraterrestre pelo deserto, mesmo sem mantimentos? Claro, tá na mão, se você, assim como Will Smith, puder socar a fuça de um dos malditos aliens bem no meio. Escapar de uma explosão colossal no último segundo com o Força Aérea Um? Só se a gente puder se livrar de uma explosão ainda maior, no espaço e a bordo de uma espaçonave alienígena. Emmerich pode não levar muito em consideração o lado humano de seus personagens, mas é ótimo instigando o super-humano neles, o que atinge o nosso ego bem no meio – afinal, se eles conseguem, por que não eu?

Tal como O Dia Depois de Amanhã (2004), Godzilla (1998) e 2012 (2009), Independence Day é mais um grande guilty pleasure – aquele filme que, essencialmente, é bem ruim, mas que você se diverte vendo – dirigido pelo cineasta especializado em filmes-catástrofe. Afinal de contas, ação e tensão é o que Emmerich quer entregar. Não é sobre sua trama “sofisticada e complexa” que quer basear seu longa-metragem, pois sua expressão artística reside no entretenimento. Quem liga pro ufanismo – diria implícito, caso o primeiro plano não fosse uma bandeira dos Estados Unidos – e pra melodramas bregas quando Bill Pullman está fazendo um discurso tão... “Du car**ho”? Enfim, dizem que existe aquele tipo de filme para se “desligar o cérebro”. Digo que para isso temos aqueles aos quais podemos chamar de “ruim”. Independence Day não é para desligar nada, e, sim, apenas um daqueles filmes-evento que exige menos do intelecto alheio – o que é diferente, e de forma alguma é um demérito. Afinal, longas como estes de Emmerich, por mais descartáveis que sejam, sempre encontrarão abrigo.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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