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Sinopse

Indiana Jones descobre uma pequena vila na Índia que teve suas poderosas pedras sagradas roubadas por um feiticeiro que escraviza crianças. Diante dessa revelação, o arqueólogo decide assumir a responsabilidade de resgatar as preciosidades e salvar os pequenos.

Crítica

Steven Spielberg sempre disse que gostaria de dirigir um filme do agente James Bond, e sua paixão pelos aparatos e o glamour das peripécias do espião britânico pode ser constatada aqui e ali na sua filmografia. Depois de criar um personagem que sobrepujava a aventura, protagonista do ótimo Os Caçadores da Arca Perdida (1981), o cineasta não deixou de aproveitar a chance de trazer as nuances favoritas de 007 para a sequência Indiana Jones e o Templo da Perdição, filme seu, apesar de ser uma ideia original de George Lucas.

Em um fino clube noturno, com direito a uma “Indy Girl”, o herói surge num terno branco, negociando perigosamente com vilões excêntricos. Spielberg não demora a fazer Jones (Harrison Ford) abandonar rapidamente a postura elegante para se entregar aos seus típicos modos mais brutos e desesperados. Fugindo de balas que parecem incapazes de acertá-lo – não um demérito, e sim parte do charme de suas aventuras -, Indy pega pelo braço a cantora Willie (Kate Capshaw) e o órfão Short Round (Jonathan Ke Quan), voando com eles para longe dos bandidos, caindo por acidente no meio de uma vila na Índia. Lá descobre que uma pedra sagrada foi roubada e levada a um palácio considerado abandonado, mas que na verdade está ocupado por um novo marajá que, pelo que dizem os aldeões, levou não apenas o objeto de adoração, mas também as crianças do lugar para trabalhar como escravas. Seguindo sua moral – e, claro, como ainda falamos de Jones, uma forte ambição por “fama e fortuna” – o trio parte para o palácio procurando desvendar o mistério.

Quando se observa cuidadosamente os filmes de Steven Spielberg, com facilidade é possível apontar aqueles que o diretor conduziu com “tesão” e os que ele tocou no piloto automático. Isso porque passamos a reconhecer o potencial visual e narrativo de Spielberg. Por isso, obras como O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997) e muitos de seus trabalhos mais recentes sofrem, ou com a falta de inspiração do cineasta, ou com sua euforia não direcionada, que acaba gerando espetáculo, mas não um que cative. Felizmente, Indiana Jones e o Templo da Perdição não é um desses casos. Muito pelo contrário, é claramente um dos projetos mais “vivos” de Spielberg, que filma bonito, por assim dizer, se divertindo ao criar enquadramentos calculados e sequências de ação que divertem pelo absurdo e a inventividade.

Assim, apesar da simplicidade da trama – vila, pedido de ajuda, palácio, minas, fuga – o segundo filme a mostrar Indiana Jones e seu chapéu icônico se desenrola de maneira magnética, com a montagem do parceiro habitual de Spielberg, Michael Khan, unindo de forma orgânica os orquestrados planos para criar uma fluidez ainda mais dinâmica. Claro que em muito ajuda ter personagens carismáticos, e nem mesmo a gritona Willie soa irritante, com seus modos supérfluos não a impedindo – por muito tempo – de fazê-la partir à ação. Enquanto isso, Short Round é um side-kick quase tão bom quanto o próprio arqueólogo em Indiana Jones e Última Cruzada (1989). Tudo, como sempre, arrematado por uma trilha memorável de John Williams, numa época em que ele conseguia tirar das mangas um tema grudento para se sair cantarolando – de fato Williams deveria se dedicar mais a aventuras e fantasias, ou mesmo dramas que tenham um clima mais romantizado, já que, apesar de excepcional nas outras áreas, não é sempre que encontra o tom apropriado nelas.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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