Crítica
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Sinopse
O professor de simbologia Robert Langdon acorda num hospital italiano sofrendo de amnésia. Ele terá de se unir com uma renomada especialista local para cruzar a Europa em busca de respostas, isso enquanto tenta impedir um plano maléfico em escala global.
Crítica
Sempre existirão as pessoas que clamarão por uma adaptação fidelíssima do seu livro favorito. É natural querer se sentir envolvido da mesma forma com uma produção cinematográfica quanto aconteceu com sua versão literária. O problema é que a comparação é ingrata e injusta. As linguagens cinematográfica e literária são diferentes. Um cineasta dificilmente conseguirá competir com a imaginação do espectador. Não tem orçamento ou o tempo necessário para tanto. Portanto, quem for ao cinema assistir a Inferno esperando que todos os pontos do livro de Dan Brown sejam abordados e que a trama tenha os respiros que a obra literária possui sairá certamente decepcionado. Agora, quem espera um thriller decente, com bom elenco, um mistério intrigante e paisagens internacionais deslumbrantes, tem tudo para curtir o terceiro filme estrelado pelo personagem Robert Langdon, interpretado novamente por Tom Hanks.
Depois do enrolado O Código Da Vinci (2006) e o bom Anjos e Demônios (2009), o diretor Ron Howard e o roteirista David Koepp parecem ter encontrado a mão para adaptar o texto cheio de referências históricas e culturais de Dan Brown. Inferno é o mais curto da trilogia, com “apenas” 122 minutos, frente aos 153 do primeiro e 138 do segundo. A decisão dos produtores já foi acertada em pular a adaptação de O Símbolo Perdido, livro muito aquém das expectativas que Dan Brown lançou em 2009. Isso também explica a demora deste novo filme, que tem sete anos de diferença desde o último lançamento.
Na trama, Robert Langdon (Hanks) acorda em um hospital em Florença com um machucado na cabeça, sem lembrança alguma de como chegou lá. Seu primeiro diálogo com a médica Sienna Brooks (Felicity Jones) demonstra toda a sua confusão, com ele inclusive pensando ainda estar nos Estados Unidos. O que o teria levado até a Itália? Sem ainda ter seu pensamento no lugar, Langdon se vê fugindo do hospital ao lado de Sienna quando uma mulher vestida como policial tenta matá-lo. Ela é Vayentha (Ana Ularu) e é só uma das pessoas que estão no encalço do simbologista. Também o estão procurando o engenhoso francês Christoph Bruder (Omar Sy), a mando da chefe da Organização Mundial de Saúde Elizabeth Sinskey (Sidse Babett Knudsen), e o misterioso Harry Sims (Irrfan Khan), sujeito que por muito tempo foi contratado pelo milionário Bertrand Zobrist (Ben Foster) para executar trabalhos escusos. Langdon não sabe, mas terá que resolver intrincadas pistas a partir da obra de Dante Alighieri para prevenir a morte da população mundial através de um vírus.
Para quem já leu a algum livro de Dan Brown ou já assistiu a algum filme baseado na obra do escritor norte-americano, os desdobramentos da história e as reviravoltas não serão muito surpreendentes. O autor best-seller aposta sempre na fórmula “não confie em ninguém”, levando até as últimas consequências esse lema. Portanto, algumas viradas do roteiro são possíveis de antecipar à milhas de distância. O mistério tende a funcionar melhor em quem não tem essa familiaridade com a obra do escritor.
Além de Toy Story, no qual faz a voz do cowboy Woody, Tom Hanks nunca havia atuado em uma sequência até o lançamento de Anjos e Demônios. Ele se mostra confortável no papel, um tipo inteligente que o ator sabe fazer muito bem. Neste capítulo, o desafio é transmitir a desorientação de Langdon no início da história, algo que ele não havia experimentado ainda com o personagem. Ator veterano e premiado, ele consegue desempenhar com igual desenvoltura qualquer nuance necessária para carregar o longa. O elenco de apoio é interessante e o destaque fica para Irrfan Khan como o inescrupuloso Harry Sims, uma pessoa que tem uma ética muito própria em seu meio de trabalho. A jovem e carismática Felicity Jones é uma boa coadjuvante, embora ela não tenha muito lastro para crescer. Por outro lado, Ben Foster protagoniza a primeira cena do longa – na qual ele cai para a morte – e sua presença na tela é sentida durante todo o filme, por meio de vídeos e pela memória de alguns personagens.
É verdade que algumas deduções feitas pelos personagens se dão rápido demais e a ligação entre eles por vezes soa um tanto forçada. O caso do interesse amoroso de Robert Langdon fica meio atirado na história, como se fosse necessário algum paralelo entre o professor e Dante Alighieri, que tinha uma paixão platônica por Beatriz - aqui emulada, mas sem o mesmo efeito. Por outro lado, as cenas de perseguição são muito bem executadas e Ron Howard aprendeu neste capítulo que o menos é mais. Portanto, as gorduras que certamente são encontradas no livro são extirpadas sem receio no longa-metragem. Direto e com bom andamento, com cenas cheias de tensão, Inferno é o filme que os fãs de Dan Brown estavam esperando desde O Código Da Vinci. Ele não transporta necessariamente tudo o que o livro conta, mas possui o espírito das tramas do escritor norte-americano. E é isso que verdadeiramente importa em uma adaptação desse tipo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Rodrigo de Oliveira | 7 |
Robledo Milani | 4 |
Alysson Oliveira | 4 |
Cecilia Barroso | 5 |
Francisco Russo | 4 |
MÉDIA | 4.8 |
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