Crítica
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Sinopse
Edward e Connie têm um casamento aparentemente perfeito. Mas, isso muda quando ela encontra um misterioso sedutor com o qual inicia um tórrido relacionamento.
Crítica
Adrian Lyne é um cineasta que gosta de deixar em evidência a sua origem, ou seja, o mundo da publicidade. Essa é uma característica que fica óbvia ao observar qualquer uma das suas obras: a busca sempre de imagens belas, atraentes, uma supervalorização da estética, mesmo que para isso seja necessário alguns sacrifícios (inclusive no roteiro). Mas esse não é o único destaque a pontuar seus trabalhos: há também uma certa preocupação temática, procurando espiar a vida sexual do americano médio. São nesses dois aspectos que Infidelidade se encaixa de modo legítimo. Pena que de modo capenga.
A atração física já serviu para lançar estrelas (Flashdance, 1983), destruir casamentos (Atração Fatal, 1987), inquietar a moralidade da sociedade (Lolita, 1997) ou para comprovar que cada um tem seu preço (Proposta Indecente, 1993). Dessa vez, Lyne combina esses conceitos num mesmo caldeirão, mas envolto numa embalagem tão atraente que fica difícil distinguir a baixeza de suas intenções. Por isso, atenção: o que há por trás de Infidelidade é uma verdadeira torrente de sentimentos cruzados, mal conduzidos e dissociados da realidade. O diretor, através de sua ótica moralista, tenta catequizar seu rebanho de acordo com os seus ditos. Talvez provocasse algum choque caso houvesse sido lançado dez, quinze anos antes. Na virada do século XXI, no entanto, não passa de só mais uma balela sem conteúdo.
Assim como no citado Proposta Indecente, quem trai é a esposa, só que sem o consentimento de seu cônjuge (do mesmo modo que ocorre em Atração Fatal, o ponto alto da carreira do diretor). É a esposa que, num belo dia de muito vento, esbarra num francês boa pinta (mais um exemplo do belo exterior, porém sem conteúdo aparente, o que nos remete à Flashdance) e, sem mais nem menos, resolve se atirar nos braços deste. Ainda que esta sequência de episódios não ocorra de modo tão direto, pois é preciso tentar conferir alguma dramaticidade ao ato “impuro”, logo virá o peso na consciência, que, apesar de atormentá-la, não a impedirá de continuar no mesmo caminho condenado (assim como acontece em Lolita). Sem nuances, os personagens do diretor se revelam exageradamente radicais, já que é preciso que alguém pague pelos erros que estão sendo cometidos progressivamente. Se um casamento é para sempre, não se pode escapar dele, e é preciso se convencer a ser feliz somente inserido nele – ou, ao menos, é o que dita a cartilha de Lyne, pois é de tal modo que a condução da trama procede. A lamentar vem o fato de quem paga no final é quem menos tem culpa: o pobre amante, que tudo o que fez foi oferecer uma xícara de chá a uma confusa dona-de-casa. Além, é claro, de ser bonito e irresistível.
Salva-se apenas um trio de atores que, em diferentes estágios de suas carreiras, precisariam que o instinto de polêmica pelo qual Lyne é conhecido tivesse dado certo mais uma vez. Richard Gere é o principal nome do elenco, mas seu desempenho é o mais apagado dos três. Como o marido traído que logo que desconfia de algo estranho contrata um detetive para vigiar sua esposa, ele entrega uma performance apática, praticamente inexistente – isso até estar certo da traição e decidir limpar sua honra com as próprias mãos. É curioso ver o homem que um dia já foi um símbolo sexual (e, em certo modo, ainda é) no papel daquele que é traído, mas esta inversão de papéis não lhe é das mais favoráveis.
Olivier Martinez, ator de boas produções européias, como A Camareira do Titanic, de Bigas Luna, por outro lado, está em seu primeiro trabalho em Hollywood, e ser o antagonista nessa história de alta voltagem sexual poderia lhe servir como um ótimo trampolim para um futuro mais auspicioso – e que não aconteceu, pois hoje, mais de uma década depois, ele permanece tão desconhecido do grande público como naquela época. Mas o maior ganho é perceptível mesmo em Diane Lane, num desempenho digno da indicação que recebeu ao Oscar. Ela está bem, convincente dentro da rasa profundidade psicológica de seu personagem, e realmente se esforça quando necessário. É certo que uma intérprete mais tarimbada poderia ter ido muito além, mas Lane se esforça para fazer o que pode com o pouco que lhe é oferecido, e por isso merece os créditos que esta obra lhe confere.
Infidelidade nada mais é do que pura perda de tempo, do início ao fim – principalmente no fim. Tentar deixar um encerramento em aberto, como se houvesse um diálogo com o espectador, do tipo “daqui pra frente é com vocês, cada um que tome as suas próprias conclusões”, não é pra qualquer um. É preciso que haja essa cumplicidade desde o início, que realmente instigue o público a se envolver e, principalmente, a se importar com o que está se desenvolvendo na tela. E é certo que esse não é o caso.
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Concordo plenamente com o comentarista. Não perca tempo vendo esse filme.
Este é um grande filme, pois cinema é acima de tudo diversão saborosa ou não. O crítico de cinema, aliás todos eles, quer vender um produto ou não, mas com palavras intelectualizadas, o que ele não é, para aparecer mais do que os atores do filme, se achando acima do bem e fo mal.
Sou entusiasta do trabalho de Adrian Lyne, e considero este um de seus melhores e mais maduros filmes.
Eu amei esse filme na época em que vi e tenho certeza que se assistir novamente terei a mesma sensação ou até melhor. Pra mim Adrian Lyne denuncia o humano, demasiado humano! Faz isso com propriedade, além de dar vida ao papel vivido por Richard Gere e Diane Lane. os dois estão excelentes , super entrosados e o final desse filme é incrível.