Crítica
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Sinopse
Depois de ser confundido com um agente secreto, o publicitário Roger Tornhill é acusado de assassinato e precisa lutar para provar sua inocência. Ao mesmo tempo, ele precisa escapar dos bandidos e da polícia.
Crítica
Algo recorrente na filmografia do mestre Alfred Hitchcock é o homem inocente que acaba sendo perseguido por algum motivo, seja este o fato de estar no lugar errado na hora errada ou ser confundido com outra pessoa, enquanto tenta provar que não fez nada de errado. O mais interessante é que o diretor explorou essa ideia de formas diferentes e conseguindo realizar produções eficientes. E isso ocorre de maneira magistral em Intriga Internacional, filme que se encontra facilmente entre os melhores trabalhos do mestre do suspense.
Escrito por Ernest Lehman, Intriga Internacional se concentra no publicitário Roger Thornhill (Cary Grant), que é sequestrado pelos capangas de Phillip Vandamm (James Mason) por este achar que ele é o agente George Kaplan, que está tentando estragar seus planos de colocar as mãos em segredos do governo. Depois de escapar e ser desacreditado por todos ao seu redor em relação ao que está acontecendo, inclusive por sua mãe (Jessie Royce Landis), Roger tenta descobrir quem é o homem com quem está sendo confundido, mas ele acaba se envolvendo em situações ainda piores, que o fazem ter que fugir não só de Vandamm, mas da polícia também. Em meio a tudo isso, ele conhece a bela Eve Kendall (Eva Marie Saint), que se torna a única pessoa a ajuda-lo.
O que se vê ao longo do filme é um jogo de gato e rato intrigante, comandado com maestria por Alfred Hitchcock, que impõe um clima conspiratório cativante que percorre toda a narrativa. E, como não poderia ser diferente, o diretor ainda cria uma tensão crescente que se intensifica nas situações mais perigosas desenvolvidas pelo roteiro, algo que ganha a contribuição da excelente trilha composta por Bernard Herrmann (em sua quinta parceria com Hitchcock). Assim, é impossível esquecer cenas como àquela na qual Roger é atacado por um avião em um milharal ou o clímax eletrizante no Monte Rushmore, que ficaram marcadas como alguns dos melhores momentos da carreira do cineasta. Aliás, o trabalho do design de produção na sequência final é admirável, recriando o famoso cartão postal americano nos mínimos detalhes.
Mas a construção da história por parte do roteiro de Ernest Lehman também merece aplausos. Nunca sabemos exatamente que segredos fazem parte do plano de Vandamm a ponto de ele colocar o protagonista em risco, e isso pouco importa. O que interessa é todo o desenrolar da trama em si, com o roteirista conseguindo criar um ótimo suspense ao redor de Roger e dos obstáculos que ele enfrenta, nos deixando cada vez mais curiosos para saber como o personagem irá resolver tudo e escapar da enrascada na qual se meteu. E em uma trama repleta de reviravoltas, Lehman mostra cuidado ao adiantar para o público a resposta para aquilo que o Roger tanto se questiona: quem é George Kaplan e o que ele tem a ver com tudo isso? Com o espectador sabendo essas informações, o desenvolvimento da história se torna ainda mais interessante, já que os esforços de Roger, à primeira vista, podem não dar em nada.
Estabelecendo o protagonista como um homem comum logo nas primeiras cenas, o roteiro é hábil ao conseguir fazer com que nós nos identifiquemos rapidamente com o personagem, sendo que ele ainda tem a vantagem de contar com alguém como Cary Grant como seu intérprete. Grant consegue trazer seu charme e carisma habitual para o papel, além de ter um timing cômico eficiente em determinadas cenas (como àquela em que ele dá valores absurdos em um leilão para fugir dos vilões), o que traz uma bem-vinda descontração diante de toda a tensão. Enquanto isso, Eva Marie Saint faz de Eve uma figura forte e sedutora, mas que esconde certa delicadeza e vulnerabilidade. Mesmo assim, é difícil confiar plenamente nela, resultado do tom conspiratório que permeia o filme e estabelece que qualquer personagem pode não ser aquilo que aparenta. Já James Mason tem em Philip Vandamm um vilão cuja calma é exatamente o que o torna ameaçador, e o mesmo pode ser dito sobre o Leonard de Martin Landau (em um de seus primeiros papeis no cinema), que se revela um capanga de destaque.
Intriga internacional é o tipo de thriller que dá gosto de ver, prendendo a atenção do espectador do início ao fim com a tensão e o mistério de sua história. Não é à toa que serviu de influência para produções subsequentes, como as da saga 007 (aliás, muitos dizem que este é o primeiro filme de James Bond já feito), se colocando entre os melhores do gênero e empolgando mesmo que já tenham se passado mais de 50 anos desde seu lançamento.
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