Crítica
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Sinopse
Os integrantes de uma família são obrigados a viver sob as regras de um estranho. À medida que o tempo avança, com o mistério se avolumando, a real natureza do homem de preto se revela.
Crítica
Em Intruso, o personagem de Eriberto Leão é uma incógnita. Hóspede indesejado numa residência familiar tensionada por sua agourenta presença, ele transita pelos aposentos incomodando veladamente. Sua natureza é um mistério, e o cineasta Paulo Fontenelle aposta todas as fichas na tentativa de criar aflição em torno da não revelação de seu propósito tão temerário. A câmera é trêmula, a fotografia propositalmente descuidada a fim de dar a sensação, pela via imagética, de uma crueza. Todavia, para que o fiapo de trama funcionasse devidamente seria necessária uma construção narrativa suficientemente robusta, ao ponto de dispor questionamentos como combustíveis, não os erigindo à condição de agentes que propiciam camadas repetitivas a essa névoa simbólica. Sobram perguntas parecidas, indagações acerca da missão do estranho, pequenas pílulas esquematicamente dispostas com o intuito de nutrir a expectativa. Mas há um desajeito.
Fontenelle, cineasta habituado a comédias e aos seus subgêneros, aqui se vale do thriller, buscando a construção de uma atmosfera claustrofóbica. Joel (Genézio de Barros), o patriarca, é o mais subserviente à dinâmica de obediência ao forasteiro. Não se sabe o porquê da importância de manter-se no caminho prescrito – por quem? Por quais motivos? –, mas o sujeito tenta acalmar os demais e faze-los caber nessa nova realidade. Em Intruso há o investimento nos segredos mantidos longe da vista do espectador. Não há exatamente uma confirmação, mas indícios de algo relacionado ao extraordinário, pois pessoas em contato com o estranho sucumbem a um sono profundo ou morrem (destino que o filme não faz questão de explicar tanto). Tudo é empostado. A personagem de Lu Grimaldi, a matriarca, declama as palavras, assim tornando-as artificiais. Os elos entre os familiares são superficiais e o filme não libera espaço para essa situação mudar.
A recorrência da expressão “pecado” fornece pistas sobre Intruso. Com vocação para curta, mas esticado para caber numa metragem maior, o filme arrasta circunstâncias desnecessariamente, vide a repetição das discussões do casal interpretado por Danton Mello e Karla Muga. Ela passa mais da metade da trama cobrando do marido que ande armado a fim de protegê-los de uma eventual investida do antagonista. As relutâncias dele tampouco contêm nuances. Outro desperdício é a possível ligação da menina Iasmin (Ingrid Clemente) com a lógica obscura em curso por ali. As brincadeiras na casa de bonecas, com exemplares de pano fazendo às vezes dos moradores e, assim como alguns deles, sendo postos “de castigo”, serve absolutamente para manter uma pulga (mal explicada) atrás da orelha de quem assiste. São lançadas tantas dúvidas, pretensamente com isso garantindo interesse, e se esclarece somente o que convém dentro de uma rarefação fragilmente sustentada.
Intruso confia numa estética da instabilidade, mas não se empenha para dota-la de elementos para além da câmera trêmula. Os problemas de dublagem, visíveis em determinados instantes, incomodam sobremaneira, mas estão longe de configurar o que de pior o filme tem. Sem a habilidade para evocar o suspense nessa esfinge, Paulo Fontenelle se limita a empilhar meias palavras, a deixar coisas pouco significativas escaparem pelas frestas das discussões cotidianas, acreditando piamente que esse percurso cheio de sombras mal recortadas é o bastante para instigar. Quando o esclarecimento finalmente surge, bem próximo ao encerramento, se trata de uma elucidação praticamente inútil, quando muito protocolar. Não que a curiosidade inexista, pelo contrário, mas até aquele instante a debilidade da estrutura está tão exposta que pouco importa se os reveses são obras divinas, demoníacas, extraterrestres ou pura e simplesmente humanas.
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um dos piores fime que já vi,uma casa no deserto,com agua.luz e internet? uma droga,sem se faalr no enredo