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Sinopse

Prestes a ser nomeado diretor do Serviço Secreto, Mike Banning tem dúvidas sobre se deve aceitar o cargo. Por mais que sinta no corpo o peso de tantas ações já realizadas, ele teme não suportar a vida atrás de uma mesa de escritório, em uma função burocrata. Antes de tomar a decisão final, ele é surpreendido quando o presidente Trumbull é subitamente atacado por drones assassinos, em meio a uma tranquila pescaria. Banning consegue salvá-lo, mas não impede a morte de dezenas de agentes que estavam a serviço. Acusado de ser o mandante do ato e com o presidente em coma, Banning precisa fugir para não só provar sua inocência como, também, desvendar e eliminar quem o colocou em tal armadilha.

Crítica

Uma das sequências antológicas do soberbo Apocalypse Now (1979) traz o tenente-coronel Kilgore de Robert Duvall celebrando o cheiro de napalm pela manhã, fala sintomática do lado sádico de quem tem a guerra como objetivo de vida. Guardadas as devidas proporções, Invasão ao Serviço Secreto remete ao mesmo objetivo quando o sempre obcecado Mike Banning de Gerard Butler revela que adora o cheiro de pólvora. Diante do já exibido nos antecessores Invasão à Casa Branca (2013) e Invasão a Londres (2016), não chega a ser propriamente uma novidade: Banning é o típico herói da América de Donald Trump, na qual os fins justificam os meios à base de muita truculência e uma boa dose de preconceito. A novidade é que, aqui, tais características servem para cutucar a badalada cultura da guerra, tão presente na história norte-americana.

Senão, vejamos: o atual presidente dos Estados Unidos, uma vez mais encarnado por Morgan Freeman, refuta qualquer organização privada paramilitar, assim como acredita no diálogo como meio de fazer diplomacia. Banning, prestes a ser empossado como diretor do Serviço Secreto, ainda tem a famosa ojeriza por trabalhar em escritório, mas começa a sentir na pele (e na alma) os seguidos anos de neuroses e excessos físicos. Tais nuances apresentam um personagem um tanto quanto atenuado, não propriamente nas cenas de ação mas no que há em seu entorno. A presença de seu pai, interpretado por um atônito Nick Nolte, serve também para reforçar tal lado pessoal, foco escancarado deste terceiro longa-metragem da saga. Se tal proposta funciona no filme como um todo? Depende.

Depende porque a inserção de um elemento familiar soa não apenas clichê, como é também mal desenvolvido no roteiro. Tirando seu impacto emocional, mínimo para um brucutu como Banning, a existência do personagem de Nolte é de uma nulidade absoluta para a narrativa. Por outro lado, este momento "mais calmo" justifica a própria mudança de rumo presidencial, fugindo um pouco da tendência à direita raivosa vista nos filmes anteriores. Ressalva: não se trata de uma mudança radical, vide a aposta na Rússia como o inimigo da vez e a surreal insinuação de retorno da União Soviética, mas uma sutil (e relevante) mudança de tom, ainda mais diante do que esta franquia em particular representa.

Além de tal "guinada" e da presença de Nolte, nada há de novo nesta nova aventura. Banning uma vez mais encampa o modo salvador da pátria como dever cívico, precisando escapar de inimigos íntimos para, de novo, resgatar o presidente, personificação da própria nação. Tudo muito burocrático e repetitivo, assim como as previsíveis sequências de ação e o culto às armas, com direito a câmera lenta ao apresentá-las no início do filme. Destaque também para o terrível chroma key usado na cena da demolição de um hospital, digna de filme B com sérias restrições orçamentárias.

Explorando bastante a câmera em primeira pessoa, como forma de atrair o público adepto do videogame, o diretor Ric Roman Waugh entrega um filme sem grande inspiração, que se atém a sugar um pouco mais do filão iniciado seis anos atrás. Se o ataque dos drones até é interessante pela letalidade, tal ideia logo é abandonada após a primeira seqüência de ação. Com roteiro frágil e um personagem principal bastante limitado, seja pelo seu raio de ação ou mesmo pela capacidade de Butler como ator, resta um filme banal que tende a, futuramente, ter lugar cativo nas sessões televisivas de domingo à noite.

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Jornalista e crítico de cinema. Fundador e editor-chefe do AdoroCinema por 19 anos, integrante da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) e ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro), autor de textos nos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros", "Documentário Brasileiro - 100 Filmes Essenciais", "Animação Brasileira - 100 Filmes Essenciais" e "Curta Brasileiro - 100 Filmes Essenciais". Situado em Lisboa, é editor em Portugal do Papo de Cinema.
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Francisco Russo
4
Alysson Oliveira
2
MÉDIA
3

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