Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
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Michael Chaves
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The Conjuring: The Devil Made Me Do It
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2021
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Uma trama que choca até os experientes demonólogos Ed e Lorraine Warren. A luta pela alma de um garoto aparentemente indefeso os leva a romper limites inimagináveis.
Crítica
Interessante a adaptação para português do subtítulo deste terceiro episódio de Invocação do Mal. Enquanto o original The Devil Made me Do It (algo como O Diabo Me Obrigou) é direto e objetivo, o nacional A Ordem do Demônio possibilita mais de uma interpretação, e ambas podem ser encontradas no longa de Michael Chaves – que retorna à série após A Maldição da Chorona (2019). É uma lástima, no entanto, que essa múltipla leitura esteja presente apenas no batismo que o longa recebeu no Brasil, e não tenha sido uma motivação desde a sua origem. Ainda que Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio não seja um filme ruim – aliás, está longe disso, ainda mais dentro dos parâmetros do gênero – é também certo que muito da inovação e ousadia que a saga criada por James Wan (dessa vez aparecendo apenas como produtor e autor do argumento) se perdeu ao longo dos anos e da realização de quase uma dezena de projetos interligados. O que o espectador irá encontrar, portanto, é algo atento aos detalhes e que funciona como uma engrenagem bem azeitada – uma constatação que, por mais que soe apropriada, não parece ser a mais esperada para uma trama que deveria se apoiar na surpresa e no inesperado.
Assim, Chaves contenta-se em entregar apenas mais uma das “crônicas do casal Warren”. Ed (Patrick Wilson, imprimindo segurança a um tipo com o qual já demonstra conforto) e Lorraine (Vera Farmiga, abraçando uma figura que poderia cair no risível, mas que pelo empenho dela se torna tão trágica quanto envolvente) estão participando da sessão de exorcismo do pequeno David (Julian Hilliard, de WandaVision, 2021). Em meio a um processo que combina tanto malabarismos técnicos com respeito às fórmulas consagradas (há até uma homenagem explícita ao clássico O Exorcista, 1973), quando o menino parece não ter mais salvação é nos braços do cunhado, Arne (Ruairi O’Connor, de Postais Mortíferos, 2020) que o desfecho se dá: quando esse declara, aos gritos de desespero, que “deixe-o em paz, leve-me no lugar dele”, os personagens até podem imaginar que o mal terá se encerrado como mágica, mas o espectador sabe bem o que acabou de acontecer: uma troca de corpos. A maldição, agora, está no rapaz. E não será fácil se desvencilhar dela.
Mas não está sozinho nessa jornada, pois Ed e Lorraine percebem o que aconteceu e seguem comprometidos em dar fim a mais esse caso de possessão demoníaca. Porém, os acontecimentos irão se desdobrar em algo mais complicado do que o imaginado a princípio. Uma espécie de coroa macabra, típica para situações como essa, revela o que lhes faltava saber: o mal não os escolheu por acaso, e há sim, alguém por trás destes incidentes. Quando um policial, há centenas de quilômetros de distância, afirma já ter se deparado com um artefato similar, o espectro de alcance da ameaça que estão enfrentando se amplia. É preciso recorrer aos arquivos históricos e às experiências de outros. Assim, ficam a par da história do padre Kastner (John Noble, de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, 2003), que em suas pesquisas pelo oculto investigou uma seita de adoradores do Diabo que aceitavam sacrificar o que lhes fosse exigido em nome de um suposto poder difícil de quantificar, mas fácil de ser imaginado. Aos poucos, o quebra-cabeças vai juntando suas peças.
Por mais que o roteiro de David Leslie Johnson-McGoldrick (Invocação do Mal 2, 2016) se esforce em criar reviravoltas e oferecer novas visitas à lugares já conhecidos (como a sala de ‘preciosidades’ dos Warren), a narrativa de A Ordem do Demônio é bastante simples: pessoas foram amaldiçoadas, algumas pereceram, outras ainda possuem salvação, e a única maneira disso se suceder é até óbvia – destruindo o altar onde tais maldades foram conjuradas. Por mais que Ed e Lorraine se aproximem do perigo durante esse percurso – um zumbi os ataca, a possibilidade de uma queda num precipício, ou até mesmo a perseguição em um labirinto subterrâneo – esse logo é dissipado justamente por aquilo que a trama oferece como maior atrativo: tais eventos são inspirados em episódios reais, que os dois não apenas testemunharam, mas também sobreviveram para contar. Ou seja, é certo que sairão de mais essa. Portanto, mais interessante do que o desfecho – que não possui nenhum atrativo em especial – está no caminho percorrido até ele o charme dessa história. Um trajeto feito sem atropelo e com cuidado – muito em parte, também, por percorrer uma estrada conhecida.
Dessa forma, a despeito dos pontos falhos da franquia – A Freira (2018) e Annabelle (2014) possuem as piores avaliações tanto do público, quanto da crítica – a trilogia Invocação do Mal segue se mantendo acima destes deslizes, comprovando uma solidez que vem tanto pelas presenças confiáveis de Wilson e Farmiga, como pelas origens de suas narrativas, inspiradas em situações mais concretas e menos fantasiosas (por mais que tais conceitos sejam questionáveis). Aos que permanecerem em dúvida, uma passagem é suficiente para dirimir tais questionamentos. Ao discutirem a defesa de Arne, sua defensora declara aos Warren: “vocês dizem que ele agiu sob possessão demoníaca, mas não conseguem nem me convencer. Como esperam que o júri acredite?”. Ed responde convidando-a para jantar com eles e ser apresentada a alguns dos seus artefatos colecionados ao longo dos anos. A cena imediatamente seguinte é da mesma advogada, já no tribunal, declarando com todas as letras: “o garoto foi possuído pelo demônio”. Como se percebe, é preciso ver para crer. E Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio joga bem com essa certeza, por mais que force no sentido de expandir os limites de uma suposta veracidade.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Francisco Carbone | 6 |
Ticiano Osorio | 4 |
Diego Benevides | 5 |
Ailton Monteiro | 4 |
Daniel Oliveira | 6 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 5.1 |
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