Crítica
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Sinopse
Irmã Dulce foi uma religiosa baiana que dedicou grande parte de sua vida a ajudar os necessitados. Tendo o amor e a caridade como prioridades, ignorou preconceitos, desconfianças, dogmas e até mesmo sua saúde frágil, sempre colocando-se à disposição do outro. Conhecida como "Anjo Bom da Bahia", se tornou a primeira santa brasileira.
Crítica
No cenário internacional até é compreensível uma eventual confusão com o clássico Irma la Douce (1963), comédia romântica de Billy Wilder estrelada por Jack Lemmon e Shirley MacLaine, provocada pela similaridade sonora dos títulos. No entanto, no Brasil tal troca é praticamente impossível. Afinal, ainda que tenha falecido há mais de duas décadas, a religiosa que dá nome ao filme de Vicente Amorim é até hoje lembrada por sua dedicação aos necessitados e entrega ao ato da fé. Impossível de desprezar suas limitações, a Irmã Dulce que vemos agora nas telas é eficiente como homenagem e carente enquanto cinema, ainda que sirva para ressaltar o exemplo de vida que merece o espaço conquistado, principalmente entre os admiradores da personagem verídica e menos junto aos cinéfilos mais exigentes.
O ano de 2014 tem pautado o cinema nacional pelas cinebiografias. E se títulos como Getulio (2014) e Trinta (2014) foram objetivos ao escolher um momento específico na vida dos protagonistas para, a partir daí, traçar um competente painel a respeito de suas vidas e obras, Irmã Dulce segue um outro caminho, próximo ao visto no recente Tim Maia (2014): aquele ambicioso, que busca na abrangência de uma linha narrativa que vai da infância à morte resgatar as principais situações que fizeram do biografado a celebridade que perdura até hoje. No entanto, invariavelmente o que se consegue ao almejar tanto são duas ou três passagens de maior emoção, mas um conjunto por demais episódico, que se contenta em ser superficial sem conseguir se aprofundar à contento quando necessário.
Conhecida como “o anjo bom da Bahia”, Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes perdeu a mãe muito cedo. Ainda na adolescência, percebeu a vocação religiosa, e sem maiores reservas decidiu atender a esse chamado. A natureza inquieta, no entanto, logo a colocou em conflito com suas superioras – afinal, ao invés de se recolher para rezar e ‘reforçar sua crença’, ela preferia sair às ruas de Salvador para auxiliar e atender aos pobres e doentes que a ela recorriam em busca de ajuda. Não que seu caminho tenha sido fácil: foram muitos conflitos, tanto dentro da ordem como na sociedade política de sua época, porém de um jeito ou de outro sempre conseguiu contornar as coisas ao seu jeito. Mesmo quando foi ex-clausurada e deixada sozinha no hospital que comandava, sua força de vontade não esmoreceu, e o que parecia um fim tornou-se apenas mais uma dificuldade a ser superada.
L. G. Bayão e Anna Muylaert, dois profissionais experientes do cinema nacional, ficaram responsáveis pelo roteiro de Irmã Dulce. Se por um lado foram felizes em incluir pontos fundamentais de sua trajetória, como a iniciativa que levou à fundação do hospital Santo Antônio e o primeiro encontro com o Papa João Paulo II, por outro tudo soa tão apressado que a narrativa ressente-se de um detalhamento a respeito de outros contextos que mereciam destaque, como seu retorno à congregação ou como lidava com os políticos que invariavelmente acabam colaborando com seus projetos. Em resumo, temos uma projeto ‘chapa branca’, que serve para honrar a memória da personalidade, e não em vislumbrar contradições ou sombras a respeito dessa mulher que, por mais santa que tenha sido, era humana como todos nós. Seus defeitos, ao menos de acordo com o que aqui vemos, inexistiram.
Outro ponto de conflito foi a introdução do personagem João, ser ficcional que acaba por representar os diversos carentes problemáticos que passaram por sua vida. O comprometimento dela era tamanho que vez ou outra a colocou em rota de colisão com autoridades e forças além do seu controle, o que possibilita a dúvida: seu compromisso era com o todo ou com o indivíduo em particular? De qualquer forma, as boas atuações das protagonistas Bianca Comparato (quando jovem, impressionante) e Regina Braga (eficiente até no olhar) garantem a atenção suficiente para este filme necessário, ainda que aquém dos méritos daquela que tem tudo para, eventualmente, se tornar a primeira santa reconhecida pela Igreja Católica a ter nascido no Brasil.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Francisco Carbone | 4 |
Edu Fernandes | 5 |
MÉDIA | 5 |
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