Crítica
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Sinopse
Uma das figuras mais controversas da vida pública dos Estados Unidos, John Edgar Hoover participou da fundação do FBI, agência por ele comandada por mais de 50 anos. Porém, ele guardava segredos em sua vida pessoal que poderiam ter comprometido sua carreira.
Crítica
Talvez um dos mais subestimados astros atuais de Hollywood, Leonardo DiCaprio viu falhar suas chances de receber uma quarta indicação ao Oscar por seu mais recente trabalho após o fraco desempenho que J. Edgar teve junto ao público e crítica. E isso que a fórmula parecia imbatível. Senão, vejamos: cinebiografia de uma personalidade pública e polêmica, além de relevante na história dos Estados Unidos (elemento que o próprio DiCaprio usou com propriedade em O Aviador, de 2004 – filme, aliás, que lhe rendeu sua primeira indicação ao Oscar de Ator Principal), diretor renomado (Clint Eastwood, vencedor de quatro Oscars – dois de Melhor Filme e dois de Direção, por Os Imperdoáveis, 1992, e por Menina de Ouro, 2004), roteirista premiado (Dustin Lance Black, vencedor do Oscar por Milk: A Voz da Igualdade, 2008) e elenco de impacto, com a presença de nomes como Judi Dench (Shakespeare Apaixonado, 1998), Naomi Watts (King Kong, 2005) e Armie Hammer (A Rede Social, 2010), entre outros. Então, se tudo parecia estar no lugar certo, por que não funcionou? Achar essa resposta realmente não é tão fácil quanto possa parecer num primeiro momento.
John Edgar Hoover comandou, por mais de 50 anos, o FBI, a grande força policial e investigativa dos Estados Unidos. Ele passou por diversos presidentes da República sem ter seu poder abalado. Como conseguiu isso, no entanto, são outros quinhentos. Ele pode ser um símbolo da luta contra a injustiça, a favor da moral e dos bons costumes, um defensor da segurança pública e dos direitos e deveres democráticos e cristãos. Ao mesmo tempo, no entanto, era um homem com um conceito bastante maleável do que é certo ou errado, que temia sujar as próprias mãos no trabalho diário, que era inseguro de suas próprias habilidades, que sofria forte pressão da mãe dominadora e que possuía fortes tendências homossexuais – desejo que procurou manter sob segredo por toda a vida. O melhor deste J. Edgar é justamente oferecer esse panorama duplo do homem em questão, aliando a figura pública com o personagem privado. Os dois lados estão aqui, e ambos são interessantes o suficiente para justificar um filme de mais de duas horas a seu respeito.
O longa de Eastwood, apesar de tudo que foi aqui apontado anteriormente, não é isento de defeitos. Sua estrutura, que fica continuamente alternando presente e passado, além do excesso de nomes estranhos à grande maioria dos não americanos, talvez seja o seu maior problema e origem de uma possível dificuldade de permanecer atento durante todo o seu desenvolvimento. Outro fato bastante apontado pelos críticos mais severos foi uma especificidade técnica: a maquiagem que envelheceu o elenco, principalmente os três principais nomes: DiCaprio, Watts e Hammer. Se nos dois primeiros ela não chega a ser particularmente problemática, sendo facilmente sublimável, no último chega a ser evidente a sua superficialidade, o que de fato complica na credibilidade do que está sendo narrado. Mesmo assim, este é um porém menor diante algo muito maior, que é a história que está aqui sendo contada. Hoover construiu uma máquina operacional que até hoje, anos após sua morte, ainda é referência mundial. Mas nem por isso ele, enquanto indivíduo, deixava de ter defeitos, e estes todos se fazem presentes. Ponto para o realizador e aos que a ele se juntaram, pela coragem de oferecer ao público uma visão abrangente do biografado.
Leonardo DiCaprio foi indicado como Melhor Ator no Globo de Ouro, no Broadcast Film Critics Association, no Satellite Awards e no Screen Actors Guild, enquanto que Armie Hammer foi lembrado neste último e também pelos críticos de Dallas-Fort Worth, além de J. Edgar ter sido eleito um dos dez melhores do ano pela American Film Association e pelo National Board of Review. O retorno do público foi também positivo, tendo faturado em todo o mundo quase o dobro do seu orçamento, que ficou em torno de US$ 35 milhões. Mesmo assim, foi completamente ignorado no Oscar. Teria sido a intensidade revelada nas cenas de intimidade do protagonista, sobre o relacionamento amoroso entre ele e seu braço direito, ou pelo desmanche icônico e mítico do personagem, que é apresentado com falhas e virtudes? Ou será reflexo de um novo posicionamento dos votantes da Academia, que simplesmente preferem focar em algo mais humano e universal? Independente do que for constatado, é de se lamentar essa ausência, pois aqui temos um trabalho digno de muitos aplausos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Daniel Oliveira | 2 |
Ailton Monteiro | 5 |
Edu Fernandes | 5 |
Francisco Carbone | 4 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 4.8 |
opinião é igual a c* cada um tem o seu. Um dá oito e outro dá dois, p**** tem uma discrepância muito grande.
O pior de tudo é que me encaixo na lista dos que torceram um pouco o nariz para este filme. Saí do cinema com sono, antes de mais nada. O filme não é ruim, pelo contrário. Todas as questões apontadas no texto, como a personalidade pública e íntima de Hoover sendo dissecada, tornam o longa atraente. Ao mesmo tempo, a construção da narrativa e a direção pesada de Eastwood (especificamente neste filme, vale ressaltar), deixam J. Edgar um filme... chato. Naomi Watts como uma "coadjuvante de luxo" também incomodou um pouco. Percebe-se que a secretária de Hoover era sua segunda pessoa de maior confiança, mas o longa dá em poucos momentos essa importância. Outra coisa que me pareceu artificial foi a química do casal. Independente deles se relacionarem de uma forma fechada, aberta, etc, não consegui acreditar nos dois como casal. O rompante do personagem de Armie Hammer no hotel ficou engasgado pela artificialidade. Não sei, não desceu muito.