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Crítica


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5 votos 7.6

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Sinopse

Soltos na Terra pela primeira vez depois de séculos, os gigantes tentam reconquistar seu território que foi perdido, forçando o jovem Jack a entrar na batalha de sua vida para impedi-los. Lutando por um reino e seu povo, e pelo amor de um corajosa princesa, ele fica frente a frente com os guerreiros incansáveis que ele pensava ser apenas uma lenda e recebe a chance dele mesmo se tornar um herói.

Crítica

É interessante analisar a trajetória das adaptações de contos de fadas para as telonas nos últimos anos. Após o sucesso absoluto de Alice no País das Maravilhas (2010), de Tim Burton, os estúdios começaram a se mexer e produzir, entre outros, Espelho, Espelho Meu (2012) e Branca de Neve e o Caçador (2012). Se a qualidade destas produções ficou aquém do esperado (por inúmeras razões), era de se esperar que, com um nome forte na direção (Bryan Singer), um elenco talentoso e uma história popular (João e o Pé de Feijão), Jack: O Caçador de Gigantes fosse ser um dos grandes sucessos do início de 2013. O que aconteceu foi exatamente o contrário e o filme acabou rendendo, em pouco mais de três semanas, 59 milhões de dólares nas bilheterias dos EUA, sendo que seu custo foi de US$ 195 milhões. Um fracasso absoluto, comparado ao que ocorreu com John Carter: Entre Dois Mundos em 2012. Porém, as semelhanças com a péssima aventura da Disney param por aí. 

As escolhas do diretor para contar a história do rapaz que adquire feijões mágicos e sobe uma imensa árvore para descobrir um mundo habitado por gigantes são repletas de qualidades, desde o aprofundamento da lenda até a ousadia em incluir ou aniquilar personagens de acordo com o decorrer da história. Sobra espaço para o Jack do título (o sempre eficiente Nicholas Hoult) apresentar sua faceta corajosa e divertida, provavelmente um dos protagonistas mais carismáticos de contos de fada dos últimos tempos. Ao seu lado temos uma bela princesa aventureira (a novata e simpática Eleanor Tomlinson), os excelentes Ewan McGregor e Stanley Tucci nos papéis, respectivamente, do chefe da guarda imperial e do conselheiro traidor do reino, e ainda a voz e os traços de Bill Nighy como o general líder dos gigantes. O que poderia ter dado errado?

Não é uma pergunta fácil de responder, visto que, no todo, Jack: O Caçador de Gigantes é divertido, bem realizado, com ritmo e uma história interessante (muito mais do que a ingênua versão de Oz: Mágico e Poderoso, 2013, que conquistou muito mais o público). Os defeitos desta versão são poucos, e a maioria está atrelada a questões pontuais dos efeitos especiais. No caso, a caracterização dos gigantes, totalmente em CG e que beira ao artificial muitas vezes, além de um 3D insatisfatório e que só é perceptível de forma relevante em duas ou três cenas que nem são de ação. Porém, nem isso pode ser usado como explicação para tamanha decepção nas bilheterias. Talvez tenha faltado um pouco mais de divulgação (particularmente vi pouca publicidade e marketing em cima do filme). Ou, simplesmente, azar do diretor.

Bryan Singer tem uma carreira interessante por trás das câmeras. Após conquistar o respeito da crítica com o cultuado Os Suspeitos (1995) e dividir opiniões com o polêmico O Aprendiz (1998), o cineasta conquistou também o público com o sucesso de X-Men (2000) e, especialmente, da sequência X-Men 2 (2003). Porém, talvez um pouco petrificado pelos números de bilheteria, tentou refazer a carreira do Homem de Aço nos cinemas com Superman: O Retorno (2006), que se não foi um fracasso total, também não conquistou praticamente ninguém. Seu último longa foi Operação Valquíria (2008), que também dividiu os espectadores. Singer estava precisando de um novo sucesso para se reerguer, mas com os fracos números de Jack, terá que aguardar por X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, que estreia no próximo ano e é a continuação de X-Men: Primeira Classe (2011). Talento não lhe falta. O que anda precisando é um pouco de sorte, mesmo.

No entanto, quem for aos cinemas assistir a esta versão de João e o Pé de Feijão não irá se decepcionar. Todos os ingredientes para uma bela aventura estão lá, no lugar certo, e misturados no liquidificador quando se mostra necessário. Há cenas de ação e luta incríveis, o humor inglês tomando conta, várias reviravoltas e uma história redonda e bem fechada, que gera poucos comentários para uma possível continuação (mas, obviamente, como qualquer filme de ação hoje em dia, há um cliffhanger). Jack merecia mais consideração do público. Quem sabe aqui no Brasil a história seja outra.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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