Crítica
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Sinopse
Jack Reacher retorna à base militar onde serviu na Virgínia, pois pretende levar uma major local, Susan Turner, para jantar. Só que, logo ao chegar, descobre que ela está presa, acusada de ter vazado informações confidenciais do exército. Estranhando a situação, Reacher resolve iniciar uma investigação por conta própria e logo descobre que o caso é bem mais pessoal do que imaginava.
Crítica
Em um certo momento de Jack Reacher: Sem Retorno, quando o protagonista vivido por Tom Cruise está em fuga, ele escuta pelo rádio da polícia um oficial o descrevendo como “um homem branco, de estatura média, na faixa dos seus 40 anos”. Bom, como se sabe, Cruise completou nesse ano 54 anos de idade – ou seja, ele é no mínimo uma década mais velho do que a figura que aqui interpreta. Se essa fosse a única diferença entre ficção e realidade, talvez não fosse tão gritante. Mas qualquer um que tenha lido algum dos livros do escritor Lee Child sabe que Reacher é um homem descrito como “corpulento, grandalhão, de movimentos bruscos e lentos”. Não é de se admirar, portanto, que tantos leitores tenham reclamado da escolha do astro para vivê-lo na tela grande. Detalhes, no entanto, que não fazem deste um filme ruim. Ele é apenas deslocado do seu tempo, tal qual seu intérprete.
Último representante ainda em alta dos grandes nomes que dominaram Hollywood nos anos 1980 e 1990, Cruise vem da mesma escola de Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Bruce Willis e Keanu Reeves, por exemplo. Estes garantiam apenas com suas presenças o sucesso de uma produção, formando bases de fãs que fielmente os acompanhavam em tramas que invariavelmente giravam em torno da estrutura conhecida como ‘exército do homem só’. Ou seja, eram aventuras repletas de explosões, tiroteios e perseguições automobilísticas, nas quais o mocinho eliminava todos os perigos que apareciam em sua jornada, sem arranhões nem deslizes. Os anos, no entanto, passaram, e essa fórmula não mais funciona com as audiências do século XXI. É preciso temer pelo herói. Ele precisa sofrer, ser humanizado, e não se pode mais se ter certeza da eficiência de sua empreitada. Alguns aprenderam a lição. Outros tantos ficaram pelo caminho.
Cruise parece, no entanto, determinado a acender duas velas: uma aos novos tempos, e outra em homenagem ao seu histórico. E se a franquia Missão: Impossível soube de adaptar, crescer e se renovar, Jack Reacher é uma tentativa de criar uma nova marca, uma segunda saga para o astro, mais barata e com retorno imediato. Só quem nem sempre os planos saem como imaginado. Jack Reacher: O Último Tiro (2012), primeiro filme da série, foi um sucesso mediano tanto de crítica quanto de público, a ponto dessa continuação só ter sido liberada em 2015, três anos após o lançamento do original. E não se tem uma sequência imediata: se o anterior adaptava o nono livro do autor, este aqui parte do décimo oitavo volume. Ou seja, é tanto um segundo capítulo quanto um recomeço. Independente do ponto de vista que se assuma, a escolha é fraca e pouco corajosa.
Jack Reacher (Cruise, quem mais?) é um ex-major do exército que abandonou o cargo por não concordar com a politicagem e com a burocracia do serviço, decidindo fazer justiça, quando achar necessário, com as próprias mãos. O caso agora diz respeito à oficial Turner (Cobie Smulders, aproveitando a oportunidade para mostrar que pode ir além das poucas intervenções como a agente Maria Hill do Universo Marvel), que se viu envolvida em uma conspiração sobre o desvio de armas militares do Afeganistão. Elas deveriam voltar aos Estados Unidos, mas suspeita-se que tenham acabado nas mãos de traficantes internacionais, e com fornecedores do próprio governo envolvidos. Para provar a inocência da colega e amiga, Reacher está determinado a enfrentar um exército, literalmente. No meio tempo, acrescenta-se à história um toque ‘família’: uma garota surge, afirmando ser filha ilegítima do protagonista.
A escolha por este livro, segundo os produtores, é justamente por ser ele de produção mais simples e por conter aspectos mais familiares, ou seja, que em tese atingiriam públicos maiores. Se estivéssemos no final do século passado, é bem provável que funcionasse. Porém, como já ficou evidente, a realidade é outra. Ainda que o enredo tenha pontos de virada previsíveis e suas reviravoltas possam ser antecipadas sem muito trabalho, Jack Reacher: Sem Retorno é entretenimento competente, que falha apenas na questão de timing. Esforça-se demais para agradar – Tom Cruise correndo como um desesperado apenas para pegar um ônibus, como que para deixar claro ao público sua ainda presente boa forma, é um pouco demasiado – e acaba esquecendo do básico: contar uma história envolvente do início ao fim. Material para isso há suficiente. Mas terá o personagem uma terceira chance? Pouco provável.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Thomas Boeira | 4 |
Roberto Cunha | 6 |
Francisco Carbone | 3 |
Bianca Zasso | 3 |
Edu Fernandes | 5 |
MÉDIA | 4.3 |
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