Crítica
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Sinopse
Phil é um rapaz que não tem amigos e sua vida amorosa é inexistente. Ele se depara com os serviços de inteligência artificial de Jexi quando é forçado a atualizar seu telefone. Agora, tem companhia e orientação em tudo o que faz. Porém, quando deixa de usar o celular, Jexi se transforma em um pesadelo ao tentar trazê-lo de volta, mesmo que isso signifique arruinar suas chances de obter sucesso em suas escolhas profissionais.
Crítica
Um homem solitário, que acaba encontrando o relacionamento perfeito com o seu... smartphone. Sim, você já viu esse filme antes. Só que se Ela (2003) se propunha a ser uma delicada crônica sobre as relações amorosas contemporâneas, em Jexi: Um Celular Sem Filtro o tom é o da comédia escrachada. Afinal, ao invés do gênio Spike Jonze na direção, quem assume o comando por aqui é a dupla Jon Lucas e Scott Moore, responsáveis por títulos como... Finalmente 18 (2013) e Perfeita é a Mãe (2016). E se o deboche e o escracho parecem ditar as regras, acaba fazendo sentido contar com uma figura como Adam Devine à frente do elenco. Ainda que esteja um pouco velho – está com quase quarenta anos, e os olheiras inchadas deixam isso claro – para esse tipo de papel, ele continua insistindo no perfil do jovem adulto ainda indeciso quanto ao seu futuro. Um conjunto, portanto, que não sugere nada de novo, e que deve funcionar apenas entre os fãs do estilo dos realizadores e de seu protagonista.
Phil (Devine) é daquele tipo de cara que cada passo, do acordar pela manhã ao uso do aparelho contra bruxismo antes de dormir à noite, registra tudo para publicar nas suas redes sociais – não sem antes, é claro, aplicar um bom filtro que possa ‘embelezar’ essa realidade. Por trás disso, no entanto, está alguém com fobia social, que evita convites de colegas de trabalho para atividades após o expediente, que pede sempre o mesmo tipo de comida para jantar e que prefere mil vezes se esconder atrás de uma tela a ter que enfrentar a vida real que está longe dos ambientes que considera seguros. Certo dia, assim que sai de casa, acaba trombando com Cate (Alexandra Shipp) na rua, e isso o leva a duas situações que determinam uma mudança radical no seu jeito de ser: primeiro, se encanta pela garota, e parece que o sentimento é recíproco; e segundo, seu telefone quebra ao cair no chão, obrigando-o a adquirir um novo.
É aí que as coisas começam, de fato, a se transformar. Pois o aparelho recém-adquirido vem com um novo sistema operacional – a tal Jexi do título – que permite que seu manuseio possa ser pelo comando de voz. Ao invés de uma sedutora Scarlett Johansson, quem entra em cena para demonstrar um insuspeito talento vocal é uma feroz e objetiva Rose Byrne. Ela se apresenta afirmando que “está ali para tornar a vida do seu dono melhor”. E pode apostar: não irá medir esforços para que isso aconteça. As interações entre os dois é curiosa, e até possui um ou outro momento divertido, mais pelas situações inadequadas provocadas pelas interferências dela – é estranho o celular estar sempre em viva voz, ainda que esse seja um dos menores problemas – e se num primeiro momento tudo parece caminhar para uma revolução para melhor – ela o obriga a se alimentar de forma mais saudável, socializar e fazer amigos, lutar por uma melhor posição no emprego e até mesmo investir na possível namorada – as tensões entre eles ficam piores quando a máquina passa a desenvolver sentimentos (!?!), deixando claro estar interessada nele – e disposta a tudo para acabar com o romance inimigo.
Entre passagens constrangedoras, como a que ele faz sexo com Jexi plugando e desplugando o cabo de bateria na entrada do smartphone, e outras simplesmente desnecessárias – como a intrusão do ex-namorado da garota, vivido pelo galã Justin Hartley – Jexi: Um Celular Sem Filtro segue empilhando passagens desconexas (quando ele decide pegar o carro, ao contrário de fazer o percurso matinal a pé, como é o seu costume pelo resto de todo o filme, apenas para ser sacaneado, mais uma vez, pelo telefone) com personagens absolutamente irritantes (o chefe interpretado por Michael Peña é uma das aparições mais ingratas de toda a carreira do ator, mas pelo jeito caiu nas graças da produção, já que ocupa todas as cenas extras durante os créditos finais). Com um argumento que é basicamente um fiapo de roteiro, que mal sustentaria um curta-metragem, resta apenas uma sequência aleatória de episódios mal resolvidos.
Lucas e Moore estão tão certos de terem entregue um filme que funciona minimamente em algum nível de graça que deixam o elenco à solta, sem qualquer tipo de orientação que possa levar tais personagens a algum lugar diferente daquele em que os vemos no início da trama. Adam Devine mantém a mesma cara de bobo e aposta tudo no humor físico, enquanto que Alexandra Shipp nunca chega a encontrar o espaço que merecia nessa história. Sem conseguir convencer enquanto comédia romântica e acanhado para se mostrar revolucionário – nem as cenas de nudes são engraçadas – resta apenas Rose Byrne, que mesmo sem sequer mostrar o rosto consegue ser a melhor coisa de todo esse conjunto. Se queriam dizer que “a vida que vale a pena ser vivida é aquela que está lá fora”, poderiam ter feito um cartão de boas lembranças, e não um filme inteiro que, a despeito de todos os seus absurdos, continua difícil de engolir.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 3 |
Alysson Oliveira | 1 |
Francisco Carbone | 2 |
Victor Hugo Furtado | 2 |
MÉDIA | 2 |
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