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Crítica


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7 votos 7.4

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Sinopse

Depois de ser baleado por gângsteres, um ator precisa fingir a própria morte para escapar com vida. Depois disso, ele faz uma cirurgia plástica para ficar irreconhecível e treina artes marciais para conseguir a sua vingança.

Crítica

Em 1972, enquanto filmava o longa-metragem Jogo da Morte, Bruce Lee recebeu uma proposta tentadora, praticamente irrecusável: estrelar a primeira produção de kung fu produzida por um estúdio de Hollywood, com orçamento sem precedentes para o gênero e com chances reais de estourar de uma vez por todas sua carreira para plateias ocidentais. Assim nasceu o clássico Operação Dragão (1973). Nos planos do astro, logo após terminar esta suntuosa produção, ele voltaria para encerrar seu trabalho em Jogo da Morte. Quis o destino que a saúde de Lee não permitisse a realização deste desejo. Durante a pós-produção de Operação Dragão, o ator faleceu vítima de um edema cerebral, deixando uma legião de fãs órfã dos talentos daquele jovem rapaz de apenas 32 anos. Ponto final de uma carreira meteórica. Ou assim todos pensavam.

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Surpreendentemente, cinco anos depois do falecimento do astro, seus admiradores tiveram a chance de conferir o que seria o seu último trabalho no cinema. O estúdio Golden Harvest alistou o diretor de Operação Dragão, Robert Clouse, para dar um jeito no material que já havia sido filmado. Utilizando pouco mais de dez minutos de cenas com Bruce Lee e remendando o restante com dublês, construindo uma história totalmente nova, o cineasta concebe um verdadeiro Frankenstein, com poucos atributos que justifiquem sua feitura. Na trama, Billy Lo (Lee) é um famoso ator de artes marciais que é assediado pelo sindicato do crime capitaneado pelo doutor Land (Dean Jagger). Como ele não baixa a crista, não pretendendo compactuar com os negócios escusos daquela gangue, ele vira alvo dos vilões, se vendo obrigado a fingir sua própria morte para se livrar dos perigos. Quando sua namorada, a cantora Ann Morris (Colleen Camp), passa a correr perigo, Lo precisa sair das sombras e impedir os planos de seus inimigos.

A história não é muito original, mas tem seu charme. Como um roteiro básico para a sobreposição de diversas cenas de luta, o plot funciona bem e teria chances de se tornar um bom filme de ação, caso não tivesse um pequeno problema: seu astro está morto e precisa ser substituído por dublês na maior parte do tempo. Não bastasse os dois substitutos se parecerem pouco com Bruce Lee, Robert Clouse inventa trucagens que são absolutamente risíveis, tentando colocar o finado ator em cena. O cúmulo é uma cena em que um recorte de papelão da cabeça do ator é colocada sobre a do dublê. Tentativas como esta minam qualquer tipo de suspensão de descrença do espectador, que para mergulhar na história precisa conseguir se livrar da impressão de que está sendo enganado a todo momento. Além de incluir pequenos trechos do astro em meio a cenas de dublês, existe uma sequência de funeral que foi filmada durante a cerimônia verdadeira, com direito a um vislumbre do corpo de Bruce Lee em seu caixão. Decisão de péssimo gosto, deixando muito claro o desejo do estúdio em apenas monetizar em cima da figura do falecido ator. Por essas e outras, alguns nomes que foram convidados a participar do filme recusaram, enxergando os reais motivos da feitura daquela produção. Chuck Norris, por exemplo, ficou furioso ao observar que sua participação em O Voo do Dragão (1972) não só foi utilizada para abrir Jogo da Morte como seu nome aparece como um dos principais nos créditos iniciais.

Se existem tantos fatores que gritam engodo o tempo todo, como esta produção se tornou o sucesso que foi nos meados da década de 1970? O segredo está na presença, mesmo que diminuta, de Bruce Lee. A cada vez que o astro aparece, a atenção do espectador se eleva. É verdade que ao longo do segundo ato suas aparições são cada vez mais raras. Mas no terceiro, durante a subida no pagode, com o inconfundível macacão amarelo e preto (que depois serviria de modelo para Kill Bill - Vol. 1, 2003, de Quentin Tarantino), vemos toda a genialidade do mestre e entendemos porque os dublês não conseguiram fazer um trabalho convincente. Lee se movimenta e se expressa de forma bastante visceral. Seus olhos faíscam durante as batalhas. Requer muito talento para fazer o que ele alcançava em cena e os dublês, por melhor que fossem, simplesmente não chegavam perto. Para piorar, eles precisavam sempre estar escondidos atrás de máscaras, óculos e chapéus, o que dificultava qualquer atuação mais expressiva.

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Para os fãs de kung fu, existem algumas boas cenas de luta – mesmo sem Bruce Lee – que talvez consigam entreter o suficiente. Mas é preciso muita boa vontade para encarar Jogo da Morte como uma produção digna do saudoso astro. Para piorar, em 1981, realizaram uma continuação ainda mais caça-níquel chamada Jogo da Morte II, com imagens de arquivo de Operação Dragão. Sem limites e sem vergonha.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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Grade crítica

CríticoNota
Rodrigo de Oliveira
3
Ailton Monteiro
6
MÉDIA
4.5

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