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Sinopse

Pascal Sauvage é um perigoso ladrão que consegue roubar as jóias da Coroa britânica, sendo que está em seus planos roubar futuramente também o trono real. Para recuperar as jóias roubadas, é convocado Johnny English, um atrapalhado agente que terá como parceira em sua missão a bela Lorna Campbell.

Crítica

A fórmula parecia ser fácil de usar: pegue um personagem carismático e internacionalmente famoso – James Bond, por exemplo – e faça uma paródia inteligente e com um bom pique, que consiga alternar humor com uma trama consistente o suficiente para prender a atenção da platéia entre uma piada e outra. Ou melhor ainda, faça de tal modo que a graça seja tamanha e tão constante que não dê tempo para o espectador pensar muito no desenrolar dos acontecimentos. Johnny English era para ser exatamente isso. Pena que esse processo todo já havia sido executado – e com extremo sucesso – três vezes anteriormente, na série Austin Powers. Assim, o que sobrou para o filme estrelado por Rowan Atkinson? Apenas bocejos e constrangimentos.

Após serem eliminados todos os agentes especiais competentes do Serviço Secreto britânico, o único disponível para elucidar uma suposta conspiração que visa roubar as jóias da Família Real e usurpar a Coroa é, como não poderia ser diferente, Johnny English (Atkinson). Tendo ao seu lado o fiel escudeiro Bough (Ben Miller), que obviamente é muito mais inteligente que Johnny e responsável por tirá-lo de várias enrascadas, o espião atrapalhado irá se envolver com uma suspeita mocinha (a cantora Natalie Imbruglia, estreando no cinema) e partir contra o irascível vilão Pascal Sauvage (John Malkovich, mais canastrão do que nunca), um milionário francês que planeja reconquistar o trono inglês e transformar o Reino Unido numa imensa prisão (!).

Quem for ao cinema esperando ver mais um hilário desempenho do eterno Mr. Bean, prepare-se para a decepção. Apesar de repetir muitos dos trejeitos que o fizeram famoso com seu mais conhecido personagem, Atkinson não parece em nenhum momento à vontade como Johnny English. Ele não é sofisticado, atraente ou mesmo esperto. Mas também não chega a ser um infeliz sortudo, que consegue por acaso se sair bem sucedido. É apenas um desajeitado, que faz tudo errado abusando de fórmulas ultrapassadas e da paciência do espectador.

Atkinson parece ser um ator de apenas um papel, já que todas as suas incursões em empreitadas diferentes (como em Quatro Casamentos e um Funeral, 1994) a impressão sempre é a de estarmos diante do Mr. Bean, e não diante uma figura nova. Johnny English, que em teoria teria tudo para ser uma franquia tão bem sucedida quanto a citada Austin Powers, acaba padecendo de mal idêntico, eliminando com as possibilidades de atingir seus objetivos. Seja na tela, e mesmo nas percepções do público. No entanto, mesmo sendo uma perda de tempo e de dinheiro do início ao fim, ao longo dos anos outras duas continuações foram providenciadas, somando quase meio milhão de dólares nas bilheterias de todo o mundo – a grande parte disso, é preciso confessar, apenas entre os ingleses. Ou seja, parece ser mesmo piada apenas para os britânicos. E olhe lá!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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