Crítica
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Sinopse
Convidados à primeira viagem da Enterprise B, os agora aposentados membros da antiga Enterprise acabam envolvidos num resgate espacial. O capitão Picard precisa derrotar um perigoso cientista e contará com Kirk e companhia.
Crítica
“Foi divertido”. Assim, com essa fala, se encerrava a participação do Capitão James T. Kirk no universo Star Trek – isso, é claro, ao menos até a reinvenção da série proposta por J.J. Abrams em 2009. Interpretado por William Shatner desde 1966, quando o programa estreou na televisão norte-americana, e prestes a completar três décadas de existência nos mais diversos moldes e formatos, havia chegado o momento, em 1994, de se passar o bastão para uma nova equipe – ou, como foi batizada, para uma “nova geração”. E se na telinha isso já havia sido feito há anos, com o sucesso do seriado Jornada nas Estrelas: A Nova Geração (no ar desde 1987), o mesmo deveria acontecer nos longas-metragens. Esta é basicamente a única razão para a existência desse Jornada nas Estrelas: Generations, certamente um dos filmes mais tolos de toda a saga, mas dono de alguns dos momentos mais marcantes também.
Com direção de David Carson (que havia dirigido vários episódios de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração e de Jornada nas Estrelas: Deep Space Nine), Jornada nas Estrelas: Generations deixa claro suas intenções desde os primeiros minutos, ao acompanhar a visita de três remanescentes da tripulação original da Enterprise – Kirk, Scotty (James Doohan) e Chekov (Walter Koenig) – à nova Enterprise B, comandada pelo Capitão Harriman (Alan Ruck, de Curtindo a Vida Adoidado, 1986). Durante um passeio espacial que tinha tudo para ser tranquilo, eles recebem um pedido de socorro de duas espaçonaves capturadas por um misterioso campo magnético. Antes que sejam eliminadas, Kirk consegue, numa manobra engenhosa, teletransportar parte dos navegadores – entre eles, o cientista Soran (Malcolm McDowell, de Laranja Mecânica, 1971), que acaba se revelando um maníaco com um plano secreto.
Quando a ação estava começando a ficar interessante, a trama simplesmente dá um pulo de quase 80 anos. Nesta realidade futura, a Enterprise é comandada pelo Capitão Picard (Patrick Stewart, de X-Men 3: O Confronto Final, 2006) e Kirk é nada mais do que uma lembrança. Mas quando se deparam com Soran – na verdade, um extraterrestre com mais de 300 anos de idade – e percebem que um planeta com milhares de inocentes poderá ser extinto devido aos planos do vilão, Picard terá que ir atrás da ajuda do único homem que poderá auxiliá-lo nesta missão: o próprio Kirk. Para isso, descobre-se uma realidade alternativa batizada como Nexus – uma espécie de paraíso aos moldes do pregado pelo catolicismo, onde se vive em paz, com sonhos realizados e com novas oportunidades concedidas – onde os dois poderão debater a questão em conjunto e, talvez, trabalharem em parceria pela primeira vez.
É inegável a aura de filme B, quase beirando o trash, que Jornada nas Estrelas possui, e em Generations isso não é diferente. Os efeitos especiais são um tanto canhestros, os coadjuvantes parecem perdidos e a trama é invariavelmente confusa e pouco desenvolvida. Mais um filme de ideias e debates – muitos deles, a respeito do tudo e do nada, ou seja, filosofia de boteco – do que propriamente de aventura com altas doses de adrenalina, este sétimo longa se torna relevante por ser o último com a equipe original, e o primeiro com a nova geração. Soran é um personagem marcante, e certamente deve constar na galeria das maiores ameaças já enfrentadas pela Enterprise – sua presença assusta até mesmo os eternos inimigos klingons – mas suas motivações não são bem construídas, e no resultado final ele acaba um tanto perdido. Outro ponto em falso são as tentativas de humor, principalmente através do androide Data (Brent Spiner), que servem mais para atrapalhar no ritmo da história do que para contribuir com o seu desenvolvimento.
Se por um lado Jornada nas Estrelas: Generations não pode ser ignorado, pois registra o único encontro na tela grande dos capitães Kirk e Picard, por outro viés deverá ser lembrado também como aquele em que Kirk acaba dizendo adeus de uma forma pouco heroica, contribuindo em salvar sei lá quem do não sei o que por sei lá onde. Se a teoria de que os filmes pares são mais bem-sucedidos pode ser questionável, ao menos é certo de que esse, de número ímpar, deve representar um dos pontos mais baixos da série. No entanto é preciso reconhecer os esforços em sua produção, feita basicamente para agradar aos fãs que há décadas se dedicam em manter o nome Star Trek em alta. Afinal, se não fosse por eles, nada disso existiria. E como já disse o bardo, “se um rei está morto, vida longa ao novo rei”!
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Chico Fireman | 5 |
MÉDIA | 4.5 |
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