Jovens Bruxas: Nova Irmandade
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Zoe Lister-Jones
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The Craft: Legacy
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2020
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EUA / Canadá
Crítica
Leitores
Sinopse
Quatro jovens aspirantes a bruxas descobrem um mundo ao entrar em contato com seus poderes. Mas, lidar com as forças ocultas tem o seu preço.
Crítica
Talvez não sejam tão expressivos, mas é certo que devem existir por aí fãs resistentes de Jovens Bruxas (1996). Se não, como explicar a existência desse Jovens Bruxas: Nova Irmandade, feito mais de vinte anos depois do original e que se apresenta como uma improvável sequência, mas nada mais é do que uma refilmagem feita sem muito cuidado? Na trama escrita e dirigida por Zoe Lister-Jones (Band Aid, 2017), tudo é semelhante ao título anterior, como se seu único objetivo fosse capitalizar em cima dos remanescentes admiradores dessa história bobinha sobre garotas que resolvem brincar com bruxarias ao mesmo tempo em que vão descobrindo que, com grandes poderes, vem junto também enormes responsabilidades – por mais que esse seja o lema de um certo herói escalador de paredes, como bem sabemos. As oportunidades de modernizar o conto, no entanto, vão sendo sistematicamente ignoradas, resultando em um conjunto que, se no começo já não prometia muito, no seu término alcança o feito de soar ainda mais frustrante.
Assim como as protagonistas de Jovens Bruxas eram quatro adolescentes bastante parecidas entre si – todas esbeltas, bonitas, bem articuladas e brancas, com apenas uma negra destoando das demais – mais uma vez a mesma fórmula se repete. E se a aposta é em novatas, por quê não investir na única com um pouco mais de experiência? Afinal, Lovie Simone mostrou com eficiência o que é capaz de fazer como a protagonista do independente Selah e os Espadas (2019). Porém, isso não parece ter sido o bastante, e o que se vê é a única de etnia diferenciada novamente como coadjuvante, servindo apenas para compor um cenário supostamente diversificado. Ao lado dela estão Gideon Adlon (Não Vai Dar, 2018), a mais fraca da turma, e Zoey Luna (Pose, 2019), que sabe estar ali apenas para fazer caras e bocas, e se limita a não ir além do que lhe é solicitado. As três são as tais ‘jovens bruxas’, que recebem com entusiasmo a chegada da novata Lily, vivida por Cailee Spaeny (Maus Momentos no Hotel Royale, 2018), indecisa em ser apenas apática ou em buscar um espectro de emoções que obviamente não estão ao seu alcance.
Lily se mudou para a nova cidade acompanhando a mãe, que decidiu morar com o namorado. Este casal adulto, vivido pelos únicos nomes mais conhecidos do elenco, é interpretado por Michelle Monaghan e David Duchovny. Se ambos dão a entender que foram convencidos a embarcar nessa furada por falta de algo melhor do que fazer, o constrangimento que acabam exibindo com o desenrolar da trama aponta indícios de desespero, como se estivessem, mesmo, com os boletos atrasados. Se não, qual outra justificativa para terem concordado com posições tão patéticas? Os dois já passaram por momentos melhores – ela na saga Missão: Impossível, ele na série Arquivo X (1993-2018) – mas estes parecem ter ficado para trás. Enquanto a primeira acaba resignada ao papel de ‘escada’ daquela que aparece como sua filha, o segundo deixa evidente que sua presença não deve ser desconsiderada, mostrando a que veio apenas na conclusão da história, de modo tão previsível quanto desprovido de interesse.
Resta, portanto, acompanhar as quatro meninas. Pois bem, desde o sucesso da saga X-Men, qualquer filme que se proponha a apresentar personagens com dons especiais acaba reduzido a efeitos miraculosos e sem limites, como os mutantes do Professor Xavier. Então, elas podem se dizer bruxas, mas o que fazem não exige palavras mágicas, uma varinha afiada ou mesmo um livro de feitiços: uma vez no domínio de suas habilidades – que lhes são conferidas apenas pela força de vontade, pelo jeito – tudo lhes parece ser possível. A partir desse ponto, o circuito a ser percorrido é o mesmo muitas vezes antes já trafegado: a descoberta do que são capazes, o uso irresponsável destes poderes, o inocente que acaba pagando um alto preço pela inexperiência delas, a briga que as separa, o surgimento de um vilão anunciado sem grandes expectativas e a óbvia reunião que, por certo, deverá acabar com a ameaça. Como se vê, uma cartilha não muito inspirada, aqui seguida do início ao fim, sem criatividade nem ousadia.
É curioso, portanto, que por trás disso, não só conte com um profissional experiente como o produtor Jason Blum – que vem se especializando no gênero, mas com projetos mais auspiciosos do que esse – e de nomes ligados ao título anterior, como Andrew Fleming (diretor do primeiro filme) e a atriz Fairuza Balk, que entra em cena aos 45 do segundo tempo apenas para fazer a ponte necessária entre uma história e outra – e acredite, esta é a única relação proposta pelo enredo. Jovens Bruxas: Nova Irmandade resvala em efeitos especiais pouco inspirados, em um elenco incapaz de atingir o mínimo esperado e ainda termina por respingar a filmografia de artistas que, se ao menos não estão na primeira linha de Hollywood, eram simpáticos e sem grandes tropeços em suas trajetórias – ao menos até agora, é claro. Um desperdício que não consegue convencer enquanto aventura adolescente, e muito menos arriscar qualquer tipo de satisfação aos fanáticos por um bom susto. Pelo contrário, é no time dos sonolentos em que o jogo acontece, e tudo o que pode prometer é que, após um longo bocejo, o esquecimento será tão rápido quanto o esperado.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 3 |
Ticiano Osorio | 5 |
MÉDIA | 4 |
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