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Crítica


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Sinopse

Um matador a serviço da máfia se une a um caloteiro de marca maior para extorquir dinheiro de um corretor imobiliário. O golpe dos dois é descoberto por acaso por um casal que, logo, se torna o novo alvo.

Crítica

A despeito do interesse que os créditos despertam – John Madden, Mickey Rourke, Diane LaneKillshot: Tiro Certo é, acima de tudo, uma história de Elmore Leonard, o mesmo autor de tramas como Jackie Brown, Irresistível Paixão e O Nome do Jogo. Afinal, sua marca está por todo o filme – vilões humanos, porém irascíveis, mocinhos que fogem do estereótipo da vítima indefesa e reviravoltas nunca facilmente imagináveis. O problema, no entanto, é que mesmo com os ingredientes certos, o resultado não chega a ser dos mais saborosos – e, neste ponto, a culpa é sim daqueles outros nomes citados lá no começo deste parágrafo.

Diane Lane, que desde que foi injustamente indicada ao Oscar por Infidelidade tem acreditado que consegue se manter como protagonista, é o primeiro nome do elenco, mas na verdade quem conduz a ação é o matador de aluguel com antecedentes indígenas interpretado por Mickey Rourke – outro que a indicação ao Oscar (neste ano, por O Lutador) não parece ter feito muito bem. Já sabemos que ele sabe interpretar convincentemente quando quer, mas este, definitivamente, não é o caso. Com um rosto tão plastificado que torna árdua a tarefa de encontrar uma emoção genuína por trás de tanto remendo, ele procura manter a mesma expressão de muro o filme inteiro. Ao lado de um idiota novato no negócio (Joseph Gordon-Levitt, que esteve irreconhecível em G.I. Joe), tenta cometer um assalto frustrado a uma imobiliária, e acaba sendo visto por Lane e seu marido (Thomas Jane, que depois do ótimo O Nevoeiro poderia ter escolhido melhor). Como não gosta de deixar testemunhas, sai à caça do casal para eliminá-los. Mas é claro que esse último trabalhinho não será tão fácil assim.

John Madden tem um grande filme em seu currículo, Shakespeare Apaixonado, pelo qual foi também indicado ao prêmio máximo do cinema mundial. Mas esse elogiado trabalho não é desculpa para deslizes como O Capitão Corelli e Killshot. Este novo longa é repetitivo, sem lances mais originais e interpretações em ponto morto, como se não houvesse ninguém no comando capaz de oferecer algum tipo de orientação. O enredo se desenrola aos trancos, como se tivesse sido escrito em módulos, mais ou menos como se ensina nas oficinas de roteiro – ou seja, numa indústria de montagem, sem alguma inspiração verdadeira e genuína que o motivasse. E o que se vê na tela é algo tão desnecessário que certamente será esquecido rapidamente. Só não se sabe quem procurará apagá-lo da memória primeiro, se o espectador ou os realizadores.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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