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Crítica

Um grupo de amigos resolve fazer uma viagem para aproveitar o Carnaval em Salvador, se mete em várias confusões e um deles conhece a garota dos sonhos. Troque o local e o motivo por quaisquer outros e você vai perceber que já viu este filme antes. Lascados, de Vitor Mafra, é uma tentativa de comédia juvenil que quer buscar um público que pode estar cansado de histerias como Até que a Sorte nos Separe (2012) ou Copa de Elite (2014), bobagens do gênero que enchem as salas de cinema sem conteúdo nenhum. O grande problema do longa é que ele falha na sua principal aposta: o humor. Ou melhor, a falta dele.

A história se passa em 1994, quando os amigos recém-formados no colégio, Felipe (Chay Suede), Deco (Paulo Vilela) e Burunga (José Trassi), decidem viajar para o tradicional carnaval de Salvador antes de se separarem, cada um para uma faculdade diferente. Eles roubam a Kombi da mãe de Felipe e seguem em seu destino. Isto até encontrar Cenilde (Paloma Bernardi), a femme fatale. No caso, a sensual garota que quer fugir do pai autoritário (Guilherme Fontes) e causa a maior confusão por mexer com a cabeça (de cima e de baixo) do trio adolescente.

A crítica aqui não é pelo filme se escorar especialmente no protagonismo do galã rebelde Chay Suede ou em qualquer outra atuação. Pelo contrário, o elenco faz jus ao que se propõe e à construção de seus personagens. O grande problema de Lascados é a falta de coesão do roteiro, que joga esquetes uma atrás da outra tentando buscar o riso da plateia. Algo que ocorre em raras ocasiões justamente porque não há graça em sua maioria. Há de se aplaudir, ao menos, que não há uma busca pelo humor de baixo calão, intimidatório e à base de escatologia. Tudo é politicamente correto. Talvez até demais. Também não ajuda o filme se passar em 1994 sem nenhum motivo aparente. Pior: ainda comete um erro histórico ao mostrar notas de reais sendo utilizadas, sendo que a moeda estava a recém sendo criada na época.

Apesar dos pesares, Lascados pode atingir seu público-alvo, o infanto-juvenil, não só pela presença já citada do ídolo teen, mas também por tratar a trama de forma que os adolescentes compreendam sem duvidar da sua inteligência. O problema é que para os mais velhos o longa pode se tornar enfadonho. Uma solução mais eficaz talvez fosse aproveitar melhor a dinâmica do trio principal e de sua companheira anexa, pois química é o que não falta entre eles. Os quatro jovens atores parecem estar se divertindo de verdade, como se aquilo não fosse um trabalho e sim a vida deles mesmo.No entanto, vale ressaltar que todos os elementos estão favoráveis para a direção de estreia de Vitor Mafra. Quem sabe numa próxima ele acerta 100%?

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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