Crítica
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Crítica
O cinema italiano, sob muitos aspectos, lembra bastante o brasileiro. As produções que acabam ganhando maior destaque geralmente ou são obras históricas e/ou políticas, ou então vão por outra corrente completamente oposta – comédias leves e despreocupadas. E agora chega ao nosso mercado o Se Eu Fosse Você (2006) deles: Lição de Amor, impressionante sucesso de público que também não justifica tanto alarde. É uma história até bobinha, porém fácil de assistir, estrelada por um ator de renome internacional e baseada num fenômeno literário. E a junção destes elementos resultou em algo de grande impacto, porém compreensível somente dentro da cultura local – no resto do mundo, inclusive aqui no Brasil, o que vemos é algo descartável e até mesmo desinteressante.
Alex tem quase quarenta anos, é um publicitário em crise de criatividade e acabou de ser deixado pela mulher. Sua vida vira de cabeça para baixo quando se apaixona por uma garota vinte anos mais jovem – uma adolescente ainda no colegial! Os dois se conhecem num acidente de trânsito, e o que começa como uma brincadeira (para ela) ou uma mera curiosidade (para ele) vai se transformando, aos poucos, em amor verdadeiro. Ele reencontra sua musa inspiradora, tudo volta a fluir melhor no trabalho, e o próprio dia a dia adquire novas cores e sabores. Há mais energia, deslumbre e alegria ao seu redor. Mas quando uma antiga paixão retorna à cena, o conflito entre emoção e razão se instaura: qual o futuro possível numa relação entre duas pessoas tão diferentes, de mundos tão distantes? Os erros do passado irão pautar as decisões do presente ou será a vontade por um futuro melhor definitiva nas escolhas de hoje?
Federico Moccia, voltando à direção após mais de uma década, é quase um “Paulo Coelho” italiano: seus livros são inevitáveis best sellers, comentados por todos, gerando continuações e esperados com ansiedade pelos fãs. Aqui ele adaptou (também co-assina o roteiro) uma de suas obras mais populares, e o tiro foi certeiro: Lição de Amor, o filme, foi um dos mais assistidos em toda a Itália em 2008, tendo faturado mais de doze milhões de euros somente nas bilheterias. Outro ponto forte foi a escolha do elenco: Raoul Bova, como Alex, é um misto de Reynaldo Gianecchini com Rodrigo Santoro, galã de provocar suspiros e com aspirações internacionais – esteve em longas hollywoodianos como Sob o Sol da Toscana (2003) e Alien VS. Predador (2004), além de ter conquistado o papel de protagonista no ainda inédito Dare to Love me, como Carlos Gardel, um personagem que inclusive foi disputado por Santoro! Já Michela Quattrociocche estreia na tela grande com a graça e a naturalidade de uma veterana. Os dois juntos possuem uma química invejável, tornando menos dolorosa a árdua tarefa de conferir uma trama repleta de clichês e frases-feitas.
Lição de Amor deve provocar efeitos significativos em pré-adolescentes ou em jovens sonhadoras. Na grande maioria de espectadores, no entanto, o que se obtém é um aglomerado de ideias tolas, soluções previsíveis, diálogos vazios e raras surpresas. Os personagens são rasos, mais estereótipos do que seres com profundidade, dignos de atenção e empatia. Observando dentro de um conceito específico, percebendo todas as particularidades italianas, é possível compreender o porquê do seu sucesso por lá. Mas retirando-o deste contexto particular, todo seu ‘charme’ se esvai, e o que resta é algo tolo, corriqueiro e medíocre. E bobagem por bobagem, prefiro as nossas!
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