Crítica
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Quantas histórias de exorcismos já vimos nas telas, principalmente em filmes feitos em Hollywood? Geralmente são todas meio parecidas, em que a pessoa mais indefesa possível – crianças ou mulheres são as preferidas – se transformam em monstros assassinos, capazes de mover mundos e fundos com seus poderes telecinéticos, invariavelmente se expressando com vozes guturais e, é claro, masculinas. Pois é neste ponto que o thriller Livrai-nos do Mal tenta se inserir, com uma importante diferença: a frase ‘baseado em fatos reais’, que norteia a trama desde o início, deixando clara sua fonte e reforçando-a durante os créditos finais, colocando em evidência as consequências dos atos exibidos na tela durante o desenrolar da história.
Porém, há algo importante a se refletir a respeito uma vez que essa informação fica clara. Não é porque algo baseia-se em uma suposta realidade que ela fica, automaticamente, dotada de verossimilhança. Isto porque, independente de sua origem, a obra resultante é, antes de mais nada, um exercício de ficção. E como tal é preciso ser bem executada para que se torne convincente e envolvente. É aí que o trabalho dos atores, do roteirista e, principalmente, do diretor, faz toda a diferença. Uma combinação que funcionou muito bem no recente Invocação do Mal (2013), mas que deixa a desejar em Livrai-nos do Mal.
O diretor e roteirista Scott Derrickson possui um sucesso do gênero no currículo, o competente O Exorcismo de Emily Rose (2005). Ele seguiu investindo em temas similares para buscar o mesmo efeito deste primeiro trabalho, mas sem obter um retorno similar. E se A Entidade (2012) pecava pelo exagero, Livrai-nos do Mal torna-se equivocado justamente por tentar negar seus preceitos mais básicos. Pra começar, após um prólogo em plena guerra no Oriente Médio em que soldados americanos invadem cavernas escondidas no Irã, a história decide acompanhar o dia a dia do sargento Sarchie (Eric Bana, eficiente), um policial de Nova York invariavelmente envolvido nos casos mais escabrosos, desde bebês abandonados em latas de lixo até mulheres que apanham dos maridos. Sua atração por este tipo de denúncia se explica em parte por algo similar a um sexto sentido, que o atrai a investigar tais casos.
Ao poucos, no entanto, Sarchie começa a perceber que sua atenção está voltada para uma série de crimes aparentemente inexplicáveis, porém conectados por três amigos, militares que serviram na Guerra do Golfo. Um está morto, e o outro preso. Sobra um terceiro, que talvez seja a chave para esclarecer estes incidentes. E entre rituais satânicos, mudanças drásticas de comportamento e visões fantasmagóricas, será somente com a ajuda do padre Mendoza (Édgar Ramírez, no piloto automático) que esta investigação, enfim, apontará para uma solução.
Scott Derrickson evita abusar dos clichês do terror clássico, preferindo fazer do seu Livrai-nos do Mal mais um filme policial do que um genérico provocador de sustos baratos. Ele não é completamente feliz neste intento, mas é válido notar esta motivação em busca de algo um pouco mais original dentro do contexto proposto. Mas há problemas, e a falta de uma justificativa mais consistente para os eventos explorados e sua conclusão convencional e absurdamente anticlimática terminam por esgotar qualquer sentimento de boa vontade em relação ao projeto. E por fim, o que se tem é algo com um potencial interessante, que até estimula o espectador mais aficionado a ir atrás de mais dados a respeito, mas que está longe de se bastar por si só.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 5 |
Francisco Carbone | 3 |
MÉDIA | 4 |
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