Crítica
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Sinopse
Novata na cidade grande, Maria da Graça mora com a tia e os dois primos abusivos. Logo ela conhece Bob, amigo gentil que vai ajuda-la a se transformar numa cantora.
Crítica
As produções estreladas e produzidas por Xuxa Meneghel podem não ser as mais consideradas do cinema nacional quando nos debruçamos para analisar o esmero da técnica e linguagem cinematográfica. O que se verifica, geralmente, são os altos números de espectadores e a contribuição para uma tentativa de indústria nacional. No geral, os filmes da apresentadora sempre caíram nas mãos de diretores e roteiristas ligados à televisão, então muito da linguagem se aproximava de novelas e seriados, trazendo um produto um tanto superficial e pobre. Um dos raros momentos em que a rainha dos baixinhos conseguiu entregar à sua plateia algo um pouco melhor acabado foi, certamente, em Lua de Cristal.
Muito da qualidade existente no filme se deve à direção precisa da gaúcha Tizuka Yamazaki. Havia alguns anos que a diretora tinha se consolidado com produções como Gaijin: Os Caminhos da Liberdade (1980), premiado em Cannes e Gramado, e Parahyba Mulher Macho (1983). Existem sim alguns deslizes aqui e acolá na produção, problemas que um bom roteirista e ou um continuísta mais atento poderiam ter solucionado, porém, de forma geral, Lua de Cristal ainda é uma obra da qual Xuxa pode ter orgulho de integrar sua filmografia. Afinal, a produção funciona, mesmo que pareça atualmente datada e exageradamente musical. Ainda consegue ser nostálgica para quem foi criança nas décadas de 1980 e 1990.
A performance de Xuxa como Maria da Graça realmente não é das melhores, mas como a loira nunca se vendeu como atriz, é compreensível que este seja apenas mais um veículo da grande máquina e marca que ela construiu na época. Na história, a acompanhamos partindo do interior para a grande capital, o Rio de Janeiro, com um sonho em mente: estudar música e cantar. Hospedando-se no apartamento da sua tia Zuleika, no bairro do Flamengo, a ingênua mocinha nem imagina a decadência em que sua tia e primos se encontram e toda a maldade que se esconde por ali.
Logo a recém chegada vira a serviçal de seus preguiçosos e odiáveis familiares. E assim a história ganha os contornos já esperados de gata borralheira: a protagonista consegue um teste para uma aula de canto, os parentes se tornam obstáculos, surge um “príncipe” que mais parece bobo da corte (Sérgio Mallandro) e bom, a história se resolverá da forma mais óbvia e moralista. Não é novidade, já que o intuito é que o filme sirva às grandes plateias e dentro das expectativas – limitadas – de Xuxa. Lua de Cristal tem bons momentos e, por mais cômico que pareça, a dupla de protagonistas possuem certa química. Marilu Bueno entrega uma tia Zuleika deliciosamente maluca e caricata, uma mistura de vilã da Disney com um pouco de Bette Davis.
O que incomoda em alguns momentos é certa breguice imposta à protagonista, que fica falando sozinha ou com as plantas. Mesmo que isso seja justificável pela ingenuidade e origem interiorana de Maria, se torna incômodo e subestima o público com um didatismo desnecessário. Mas isso não tirou de Lua de Cristal a capacidade de se tornar um dos maiores sucessos comerciais do país. Lançado em junho de 1990, alcançou a incrível marca de 5 milhões de espectadores, ganhando assim o título de filme mais visto daquele ano e certamente um guilty pleasure de toda uma geração.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Renato Cabral | 6 |
Bianca Zasso | 6 |
Francisco Russo | 6 |
Chico Fireman | 4 |
Sarah Lyra | 5 |
Lucas Salgado | 5 |
MÉDIA | 5.3 |
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