Crítica
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Sinopse
Um retrato aprofundado sobre a maior rivalidade do boxe nacional e sobre o histórico de lutas (com três vitórias para cada um) que colocou o nome dos lutadores Luciano Todo Duro e Reginaldo Hollyfield na história do esporte no Brasil. Também acompanha a luta que os dois boxeadores tiveram que enfrentar em suas vidas: contra as dificuldades.
Crítica
O início de A Luta do Século é um dos melhores nos documentários atuais por mostrar a que veio já em seus primeiros minutos. Em uma entrevista ao vivo na televisão, Luciano Todo Duro e Reginaldo Holyfield, ícones do boxe nordestino, se alfinetam tanto no ar que a discussão acaba em socos e ambos segurados pela produção do programa. Esta rivalidade começou no início dos anos 90 e perdurou por mais de uma década, com oito lutas entre os dois, sendo quatro vitórias para cada um. Um empate eterno que desembocou num duelo em 2015 para acertar os ponteiros e, quem sabe, surgir uma inusitada amizade.
O filme de Sérgio Machado revela todos os lados desta briga através de arquivos de vídeo, notícias de jornais e, claro, depoimentos dos envolvidos e de quem conviveu e acompanhou cada passo desta história. Um é pernambucano, o outro baiano. E a rixa entre os dois teve início com provocações de leve até chegar a xingamentos sobre a mãe um do outro, o que atiçou ainda mais os nervos, já à flor da pele pela personalidade intempestiva de cada um.
Porém, a luta dos dois não é só nos ringues e nem apenas um com o outro. O documentário também traça um paralelo da intimidade de Todo Duro e Holyfield, que conseguiram alçar o estrelato vindo de famílias numerosas e de regiões pobres do nordeste, alçando uma vida melhor através do esporte. Um é mais quieto, focado, fechado. O pode até ser acusado de fanfarrão, ainda mais com suas várias namoradas, além de não saber a hora de fechar a boca. Mas a principal semelhança entre os dois é a espontaneidade na hora de falarem o que pensam, o que torna mais ainda a empatia com o espectador que pode não conhecer o histórico dos lutadores.
É esta característica da personalidade de seus protagonistas que torna o filme ainda mais atrativo, pois a direção de Machado é simples e sutil, deixando seus protagonistas não apenas falarem sentados em uma cadeira, como estamos tão acostumados, mas a caminhar pelas ruas, viver seu cotidiano, sem medo de se expor perante às câmeras. E é neste contexto atual que o título original do filme se transforma literalmente com o anúncio de uma nova luta entre os dois, onze anos após não se enfrentarem mais nos ringues. O documentário dá um ar de imprevisibilidade à questão, ainda mais com a exibição da batalha e seu posterior resultado. Só que, ao invés de transformar isto no ápice de sua rivalidade, acaba tornando a luta do século em um espécie de redenção para Duro e Holyfield. Talvez fosse o que eles precisavam para deixar de lado esta suposta inimizade (já que há relatos de que seria tudo uma jogada de marketing ao longo dos anos para ambos se promoverem). Acima de tudo, é um presente para o espectador sobre como até um duelo pode causar transformações na vida um do outro.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Matheus Bonez | 7 |
Filipe Pereira | 7 |
Marcelo Müller | 7 |
Leonardo Ribeiro | 7 |
Francisco Carbone | 5 |
MÉDIA | 6.6 |
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