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Sinopse

Em um mundo praticamente tomado pelo caos, onde as pessoas lutam pela morte umas das outras, um guerreiro das estradas deve resgatar um grupo de garotas envolvidas em uma guerra mortal, iniciada pela Imperatriz Furiosa.

Crítica

A indústria de Hollywood tem sido muito criticada (com razão) por conta das inúmeras refilmagens, denotando uma clara intenção de aproveitar o sucesso do passado e uma preguiça enorme de investir em novas criações. O preço que se paga, porém, é que nem sempre o resultado fica à altura das expectativas, como revelam algumas fracas bilheterias. Mad Max: Estrada da Fúria é o quarto filme com o personagem, 30 anos depois do terceiro da franquia, e se não traz seu “motor” principal (Mel Gibson), ao menos mantém a direção nas mãos do mesmo George Miller dos anteriores e é possível dizer, sem medo de derrapar, que esse longa é digno da marca que cruzou gerações.

Em um mundo de pura desolação, o cruel Immortan Joe (o indiano Hugh Keays-Byrne, que fez o vilão em Mad Max, 1979) domina as massas e as gangues, retendo o que sobrou de mais valioso: a água. Quando o solitário viajante Max (Tom Hardy) é preso pelos súditos do tal líder, torna-se um valioso – e inusitado – doador de sangue e acaba conhecendo Furiosa (Charlize Theron), guerreira que sonha retornar para sua terra natal, após ter traído o poderoso Joe ao levar suas esposas. Juntos, os dois enfrentarão quilômetros de pesadelos numa fuga alucinante, às vezes com cara de contagem regressiva, e em outras dando a impressão de não ter hora para acabar. Afinal, o vilão não imagina perder seu poder de criação e nem pensa em abandonar o desejo de dotar uma raça perfeita, soberana.

Diferente de Mad Max: Além da Cúpula do Trovão (1985), que cedeu espaço para a aventura e “acaba” logo nos minutos iniciais após o conflito dentro da sinistra cúpula, o roteiro de Miller, agora, resgata a aura apocalíptica “daquele cinema made in Austrália”, com uma série de sequências de lutas e perseguições de tirar o fôlego, de grande impacto, novamente violento e, melhor, sem a necessidade do espectador ter visto os capítulos anteriores. A história é nova, rica em personagens, e o protagonista, acredite, não é exatamente uma figura central – o que também não quer dizer que tenha perdido importância. Ele segue abalado pelos fantasmas do passado, fala pouco, é mais selvagem (come até um “sushi australiano” na primeira cena) e ainda mantém aquela característica de sofrer na carne, diferente de muitos heróis. Theron e Hardy estão muito bem em cena, e o mais legal mesmo foi ver que o temor dos fãs (e produtores) foi devidamente neutralizado por essa pulverização de atenções.

Ainda no elenco, destaque para Nicholas Hoult, ótimo na pele de Nux, da tribo War Boys (lembram Wild Boys, do Duran Duran), jovens que idolatram cromados, motores V8 e têm tendências fundamentalistas. No roteiro, Miller reverencia os iniciados, citando o que já foi visto antes, como caixinha de música (mostrada no trailer), cenas aceleradas, um anão (o Master?) e botões “de segurança” no veículo. O humor debochado vem na figura de um guitarrista insano, na forma de encarar tumores ou nas tiradas de sarro, como a feita com a marca de refrigerante mais conhecida do planeta. Visualmente, Mad Max: Estrada da Fúria é um espetáculo, seja no cenário natural inóspito, nos estúdios ou nas muitas máquinas endiabradas, todas clássicas, misto de monster-trucks e transformers. Para os apegados a verossimilhanças, licenças criativas foram tomadas, pois não se trata de um documentário, mas de um filme de ação, do começo ao fim. E o pedágio é o seu ingresso. Boa viagem!

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é publicitário, crítico de cinema e editor-executivo da revista Preview. Membro da ACCRJ (Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro, filiada a FIPRESCI - Federação Internacional da Crítica Internacional) e da ABRACCINE - Associação Brasileira dos Críticos de Cinema. Enviado especial do Papo de Cinema ao Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 2014.
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