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Sinopse

Riko é um homem sem sorte que, insatisfeito com seu trabalho e com uma sociedade que não o representa, está passando por dificuldades em manter sua família. A única coisa que salva os seus dias são seus amigos, que propõem uma viagem para Roma para tirá-lo da pressão dessa pequena crise existencial.

Crítica

Riko (Stefano Accorsi) é um sujeito sem muitas perspectivas, tanto no lado pessoal quanto no profissional. Trabalhando em uma fábrica de salames, é infeliz por nunca ter conquistado o emprego que queria. Poderia ser pior, no entanto, visto que seus colegas estão sendo demitidos um a um a cada nova semana. Em casa, sua situação não é melhor. O relacionamento com Sara (Kasia Smutniak) vai de mal a pior, com ele tendo certeza que ela o trai com outro homem. Os poucos momentos que não lhe representam um sufoco são suas noitadas com os amigos, principalmente com o viciado em jogo Carnevale (Fausto Maria Sciarappa). Quando uma verdade vem à tona, o mundo de Riko – que não estava pleno – desmorona ainda mais. Em poucas palavras, isso é Made in Italy.

Com direção e roteiro de Luciano Ligabue, essa produção italiana é ultrapassada em sua mensagem e linguagem, parecendo um produto realizado nos anos 1990. O uso demasiado de montagens musicais – praticamente uma a cada dez minutos – é irritante e descamba mais para o publicitário televisivo do que para cinema. A trama também tenta tratar de outros assuntos sérios, como a depressão e o suicídio, mas não parece ter maturidade suficiente para abordá-los de forma correta.

Se não bastasse isso, o lado “romântico” da trama é revoltante. Sara traiu Riko, sim, e praticamente se joga aos pés do homem pedindo perdão. Mas e quanto às diversas vezes que ele traiu a mulher? A mensagem de que o homem pode trair sem maiores problemas, enquanto sua esposa precisa ser fiel a todo custo, não só é machista, como de terrível mau gosto. Pode-se argumentar que a cultura italiana ainda carrega esses arquétipos do passado, mas está mais do que na hora disso mudar.

De pontos positivos, temos um trabalho de fotografia imprescindível de Marco Bassano, que transforma os ambientes em que Riko habita em locais opressores. Desde a claridade exagerada da fábrica, até a escuridão de sua casa nos momentos de angústia. Note que, quando o casal volta a se acertar, a luz retorna e as cenas de uma cerimônia improvisada carregam bem nas cores – e nisso, os figurinos também ajudam, com as roupas chamativas reforçando a luminosidade do conjunto. As atuações dos protagonistas, que podem ser consideradas acima da média, tem como destaque Kasia Smutniak, que mesmo com uma personagem aquém do seu talento, consegue trazer para si o sentimento daquela mulher. 

No final das contas, Made in Italy é um filme tão à deriva quanto seu protagonista. Como drama, falha ao não ser profundo o suficiente em nenhuma das questões que trata. Como romance, é retrógrado. E nos seus momentos mais leves ou pretensamente divertidos, não convence jamais. Chega a surpreender que tenha vencido alguns prêmios – de jornalistas italianos, inclusive, que apontaram o roteiro de Ligabue como a melhor história original do ano passado. Talvez a disputa não estivesse tão acirrada.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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Grade crítica

CríticoNota
Rodrigo de Oliveira
4
Robledo Milani
5
MÉDIA
4.5

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