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Sinopse

Experiente na arte do striptease, Mike tenta ensinar um novato todas as manhas para seduzir as mulheres no palco. Todavia, as coisas se complicam quanto o veterano se interessa pela mãe de seu pupilo.

Crítica

Filmes centrados na história de strippers sempre me deixam aflito. Não que eu tenha horror a Showgirls (1995) ou Striptease (1996), dois dos maiores exemplos de longas atuais com o tema. Pelo contrário, até acredito que ambos tenham qualidades (ok, Demi Moore pagou um mico, mas nos divertiu, pelo menos). A verdade é que as tramas geralmente parecem mais interessadas em mostrar belos corpos do que uma história mais aprofundada sobre esse mundo. E com o novo Magic Mike não é diferente.

Quando saiu a notícia de que o diretor por trás do projeto seria Steven Soderbergh baseando-se, ainda que por cima, na vida do ator Channing Tatum (que, para quem não sabe, realmente foi stripper), acredito que ninguém esperava um novo Traffic (2000). Eu, ao menos, queria algo mais perto de Erin Brockovich (2000). Porém, aqui temos uma comédia dramática em que o drama do gênero fica para trás, enquanto os rapazes se desnudam na tela de várias formas.

A história é básica: Mike (Tatum) é um stripper experiente que ensina o novato Adam (o inexperiente e fraco Alex Pettyfer) a ganhar dinheiro exibindo seus dotes em um clube de mulheres administrado pelo excêntrico Dallas (Matthew McConaughey). O problema apresentado aqui é que este “novo mundo” pode apresentar perigos como o envolvimento com o tráfico de drogas. E nisso ficamos. Um falso moralismo em que na maior parte do tempo os dançarinos vivem em festas à base de álcool e transas com mais de uma garota. A idéia que temos sobre os strippers é esta: um mundo decadente em que só há espaço para diversão e falta de cérebro, sem (quase) nenhum questionamento.

Das duas, uma: ou Soderbergh tem perdido a mão nos últimos anos ou ele realmente apenas deu sorte de encontrar um bom elenco e ótimas histórias quando, em 2001, foi indicado ao Oscar de Direção concorrendo com ele mesmo por Erin Brockovich e Traffic (levando a melhor neste último). Tivemos adaptações ambiciosas, mas meramente razoáveis da vida de Che Guevara (em duas partes), um drama global pretensioso demais (Contágio, de 2011) e apenas um grande acerto (O Desinformante, de 2009). Apesar disso, em todos estes filmes citados a marca do diretor estava não só na direção de atores e de roteiros simples (mas bem trabalhados), porém também na fotografia ora subjetiva, closes além do óbvio, entre outras questões técnicas. Em Magic Mike parece que o piloto automático foi ligado apenas para ajudar na empreitada do amigo Tatum (que também é um dos produtores do longa).

Apesar disso, o filme não é de todo mal. Se Pettyfer não tem uma intensidade dramática relevante, Tatum vai mostrando aos poucos que (perdão o clichê) consegue ser mais que um rostinho bonito e apresenta competência na construção de seu personagem. Talvez seja um reflexo de seus anos de stripper na vida real aliado a um amadurecimento como ator em produções diversificadas como Anjos da Lei (2012), Para Sempre (2012) e Anti-Heróis (2011). Todos chamarizes de bilheteria? Com certeza. O bom é ver que o intérprete aproveita as oportunidades para tentar se diferenciar ao máximo. Afinal, quem não lembra de Brad Pitt e Tom Cruise, dois ótimo atores, no início de suas carreiras? Ambos eram apenas “os bonitinhos” dos filmes, mas que já apresentavam algo mais. Tatum parece querer seguir a mesma trajetória.

O mesmo pode ser dito de Matt Bomer (astro da série White Collar – exibido por aqui como Crimes do Colarinho Branco), que faz o colega envolvido no comércio de ecstasy e tem um pequeno, porém importante papel na história. Mas quem rouba a cena mesmo é o sem noção chefe dos garotos vivido por McConaughey. Desde a composição do figurino do personagem (um misto de cowboy com papaquito, além das roupas de escolha duvidosa na hora de malhar) a um sonoro sotaque caipira, Dallas diverte, emociona e dá raiva na mesma medida.

Além deles, temos outros atores mais conhecidos por seus trabalhos em séries de TV: Joe Manganiello (o lobisomem de True Blood) e Adam Rodriguez (de CSI Miami). Porém, os dois servem apenas para enriquecer a estética de músculos e fios dentais. Vale ressaltar que não por culpa deles, e sim dos personagens superficiais e sem importância na trama. Se você é da turma de garotas e garotos que quer apenas ver corpos sarados nas telas, pode ter certeza que vai sair feliz do cinema. Ainda mais que uma continuação foi anunciada dirigida pelo próprio Channing Tatum. Agora, se procura um pouco mais de profundidade, passe longe deste Magic Mike.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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