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Crítica


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Sinopse

Em meio a uma sensação de solidão extrema, um artista plástico encontra companhia na vídeoarte.

Crítica

No cinema contemporâneo, as barreiras entre ficção e documentário estão nebulosas, com filmes que usam concomitantemente recursos dos dois gêneros. Allan Ribeiro (Esse Amor que Nos Consome, 2012) é um dos realizadores brasileiros que trabalham esse cinema de reinterpretação. No entanto, Mais que eu possa me Reconhecer é claramente um documentário sobre o artista plástico Darel Valença Lins, o que foge da linha de seus filmes anteriores. Essa característica faz sentido quando se tem em mente que o diretor captou suas imagens em 2009, antes de realizar outros longas nessa tônica mais moderna. Por outro lado, isso não quer dizer que temos um filme menor, apenas um pouco mais conservador em sua estrutura.

Novamente temos uma opção que faz sentido. O protagonista tem como hobby realizar vídeos experimentais em sua residência e boa parte do documentário é formada por cenas desse conteúdo. Se Ribeiro resolvesse adotar em sua própria câmera um discurso mais rebuscado, o resultado careceria de firmeza. O diretor então opta uma relação de parceria por oposição, para assim criar um filme mais equilibrado. Nas cenas de Mais do que eu possa me Reconhecer, vemos Allan e Darel discutirem sobre as diferenças de seus equipamentos de filmagem, sobre seus diferentes planos de atividades para o dia e outras divergências. Há um respeito mútuo na dupla, mas as tais oposições dão um sabor cômico para o documentário.

A vida pública e obra de Darel se fazem presente em meio às conversas, mas Allan está mais preocupado com o homem e não com a figura. Um documentário mais acadêmico e protocolar sobre Lins pode ser feito a qualquer momento, mas o registro humano do filme só é possível pela parceria e convivência sob as quais se deram a concepção do longa.

Outra vantagem do clima criado no set é a possibilidade de se adentrar em temas pessoais e extremamente delicados, como o suicídio do filho do protagonista. Em um tom quase de Eduardo Coutinho, Ribeiro pergunta sobre o assunto em meio a uma conversa sobre os vídeos de Darel. O entrevistado não hesita em mudar de assunto para descrever de maneira factual o acontecido. Essa cena diz muito sobre os homens que fizeram Mais do que eu possa me Reconhecer. Além da intimidade construída entre cineasta e protagonista, percebemos a personalidade leve do artista, parte importante no charme da produção. Percebe-se, também, o caráter de um diretor consciente da importância do tema e da forma respeitosa como tratá-lo.

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é formado em Audiovisual pela ECA/USP. Escreve para os sites BRCine e SaraivaConteúdo, além de colaborar para a revista Preview. Participa do programa Quadro a Quadro na TV Geração Z e de videoposts do canal Tateia. Tem experiência em sites (UOL Cinema, Cineclick e GQ), revistas (SET, Movie e Rolling Stone) e televisão (programas Revista da Cidade e Manhã Gazeta).
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