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Sinopse

Murtaugh e Riggs estão de volta, dessa vez atrás de traficantes de drogas armados com helicópteros e armas automáticas. Não demora até que descubram que, no comando dos bandidos, estão diplomatas africanos usando sua imunidade política para se protegerem enquanto controlam a entrada de drogas nos EUA.

Crítica

Com o enorme sucesso de Máquina Mortífera (1987), filme que ajudou a estabelecer boa parte das regras do subgênero dos buddy cop movies, não demorou muito para que uma sequência fosse lançada, reunindo novamente os atores Mel Gibson e Danny Glover, bem como o diretor Richard Donner e o roteirista Shane Black, ainda que este último tenha abandonado a produção antes de sua conclusão, devido a discordâncias em relação ao desfecho da trama. Trama que não poderia ser mais simples, mostrando os policiais Martin Riggs (Gibson) e Roger Murtaugh (Glover) no encalço de um grupo de traficantes que se utiliza da imunidade como membros do corpo diplomático da África do Sul para realizar seus crimes.

O filme já começa em plena ação – algo que se repetiria nos exemplares seguintes da série - sem se preocupar com apresentações, colocando a dupla protagonista em uma longa e bem conduzida perseguição de carros, que termina na fuga de um dos bandidos e na descoberta de um carregamento de Krugerrands (moedas de ouro sul-africanas). Além de exibir um aumento na escala da produção em relação ao primeiro filme, essa cena inicial também deixa clara a proposta da sequência: a de se assumir como uma comédia. O lado mais sério do original, especialmente no que diz respeito aos conflitos pessoais de Riggs – o trauma da morte da esposa e suas tendências suicidas – é abrandado, surgindo apenas como motivação para o personagem em momentos-chave. A aposta é mesmo no potencial cômico da dinâmica entre Gibson e Glover, que funciona com perfeição.

Murtaugh continua sendo o lado mais consciente da dupla, sonhando com sua aposentadoria, enquanto Riggs segue com seu temperamento explosivo e imprevisível. Mas o tempo de convivência faz com que ambos se entendam melhor, superando suas antigas dificuldades para trabalhar com um parceiro. A interação com o núcleo familiar de Murtaugh volta a ter papel importante na história e também é utilizada com finalidade cômica, como gerar as piadas que Riggs e toda a equipe policial fazem com o personagem de Glover, outra marca da franquia. No caso de Máquina Mortífera 2, as brincadeiras surgem em função de um comercial de camisinhas estrelado por Rianne (Traci Wolfe), a filha mais velha do detetive. As provocações entre Riggs e a psicóloga da polícia (Mary Ellen Trainor) são mais um elemento que ganha espaço maior nesta continuação.

Há ainda outros momentos que se tornaram emblemáticos dentro da série, como quando Riggs desloca o ombro para se livrar de uma camisa de força – habilidade explorada em ocasiões posteriores – o ataque ao trailer na praia ou a cena em que uma bomba é colocada no vaso sanitário da casa de Murtaugh. Para completar, o filme apresenta um personagem que retornaria nos capítulos 3 e 4: Leo Getz (Joe Pesci), um pequeno criminoso que se torna testemunha, sob proteção dos protagonistas, e é perseguido justamente pela gangue sul-africana. Pouco antes de levar seu Oscar de ator coadjuvante por Os Bons Companheiros (1990), Pesci já construía um tipo falastrão - ainda que de personalidade completamente oposta ao gângster do filme de Scorsese – caminhando sempre no limite entre o engraçado e o irritante, tanto para o público quanto para Riggs e Murtaugh.

A combinação de todos estes elementos fez de Máquina Mortífera 2 um êxito comercial ainda maior do que seu antecessor, mesmo que o roteiro não resista a uma análise mais atenta, servindo apenas como desculpa para a construção dos set pieces de ação e para a inclusão das piadas e frases de efeito. O tema dos conflitos raciais da África do Sul, que ainda vivia sob o regime do Apartheid, é tratado superficialmente e o desenvolvimento dos personagens secundários é bem limitado. A bela Patsy Kensit tem uma presença marcante na tela como o interesse amoroso de Riggs, mas pouco aparece, enquanto o ótimo Joss Ackland consegue construir uma figura vilanesca ameaçadora, ainda que unidimensional. Felizmente, para o público e produtores do longa, a direção habilidosa e segura de Donner, o trabalho de edição preciso de Stuart Baird, a trilha sonora atmosférica de Michael Kamen, David Sanborn e Eric Clapton, e o carisma de Gibson e Glover garantem que o nível de qualidade e entretenimento do primeiro exemplar seja mantido aqui.

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é formado em Publicidade e Propaganda pelo Mackenzie – SP. Escreve sobre cinema no blog Olhares em Película (olharesempelicula.wordpress.com) e para o site Cult Cultura (cultcultura.com.br).
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