Crítica
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Sinopse
Em um mundo pós-apocalíptico, o jovem Thomas é abandonado em uma comunidade formada por garotos após sua memória ter sido apagada. Logo ele se vê preso em um labirinto, onde será preciso unir forças com outros jovens para que possa escapar.
Crítica
O futuro, definitivamente, será uma época muito difícil de se viver. Ao menos é o que pensam os autores dos mais populares best sellers adolescentes do momento. Afinal, as linhas traçadas por escritores como Suzanne Collins (Jogos Vorazes, 2012), Orson Scott Card (Ender’s Game, 2013), Veronica Roth (Divergente, 2014) e Lois Lowry (O Doador de Memórias, 2014) são invariavelmente sombrias e trágicas, pintando cenários apocalípticos, com liberdades cerceadas, o coletivo suplantando o individual e o destino do restante da humanidade sempre nas mãos de quem menos se espera – e quanto mais jovem e aparentemente despreparado, melhor. Essa fórmula é seguida à risca em Maze Runner: Correr ou Morrer, o mais novo exemplar do gênero que, se por um lado falha em suas tentativas de ser original, ao menos se destaca por algumas escolhas arriscadas que, num sentido inverso, acabam contando a seu favor.
Sem se preocupar em dar muitas explicações – o que é ótimo – a ação começa de forma quase imediata. No meio do nada, uma jaula de metal se abre e revela a presença de um rapaz, que ao olhar para cima tudo o que vê é um grupo de jovens assim como ele. Ao sair dali, ele logo descobre o que lhe espera: um campo verde, com florestas, árvores e muito discreto riacho, além de poucas edificações bastante rudimentares. Todos dormem em redes e se abrigam em choupanas. A diferença, no entanto, está no horizonte: não importa para qual lado se vire, tudo o que se vê é uma imensa muralha, que os circunda formando um quadrado agonizante. Há apenas uma saída, que fica aberta somente durante o dia e aponta para um labirinto que, suspeita-se, seja intransponível.
Thomas, o recém chegado, é aquele que irá inspirar ventos de mudança. Se logo fica claro que a situação descrita se mantém há mais de três anos, é preciso entender que se ela começou a ser contada ao público a partir deste ponto, é porque será agora que as coisas começarão a mudar. E, como toda alteração provoca ações e reações de igual intensidade, não serão atitudes pacíficas que esperam pelo nosso herói. Ao mesmo tempo em que se decide enfrentar, pela primeira vez, o Verdugos – monstros biorobóticos semelhantes à aranhas gigantes que vivem pelos corredores do labirinto – descobre-se também que a ameaça pode vir de dentro. Enquanto muitos destes rapazes querem seguir o novo líder em busca de uma saída daquela prisão, outros, liderados por Gally, se posicionarão como um empecilho, acreditando que nada pode ser melhor do que o que possuem ali e que qualquer tentativa em busca de algo diferente, inevitavelmente, os levará ao caos e à desgraça. Façam-se suas apostas!
Durante dois terços de sua ação Maze Runner se desenvolve de maneira intrigante e questionadora, colocando o espectador ao lado dos seus personagens, com muito mais dúvidas que justificativas. É uma posição curiosa, mas que se revela válida por prender a atenção da plateia, que passa pelos mesmos aflitos e torcidas daqueles no âmbito ficcional. Porém, trata-se de um filme dedicado a um grande público, o início de uma franquia que, caso dê certo, deve gerar continuações nos próximos anos – completando a saga literária escrita por James Dashner. Assim, qualquer risco deve ser tão ou mais calculado do que os vistos na tela. O que se explica, por exemplo, a feliz ausência de uma subtrama romântica – o que, teme-se, deve ser revisto nos próximos capítulos. Em resumo, é por isso que o final, ainda que intrigante, perde tempo tentando esclarecer pontos que ficariam melhor se permanecessem nebulosos.
O novato Wes Ball, em seu primeiro longa como diretor, se mostra seguro em construir um filme dinâmico, ainda mais se levarmos em conta as limitações impostas pelo roteiro. Dylan O’Brien, que até então era mais conhecido por ser o melhor amigo do menino-lobo do seriado Teen Wolf (2011), carrega praticamente nas costas o filme, saindo-se bem na tarefa. Franzino, deixa de lado qualquer fragilidade ao assumir uma postura forte e enérgica. Will Poulter (Família do Bagulho, 2013) e Thomas Brodie-Sangster (Simplesmente Amor, 2003) são outros rostos relativamente conhecidos, porém pouco conseguem ir além da superfície dos seus papeis. E há ainda uma surpresa que o elenco apresenta mais para o final, com uma veterana antagonista que preenche o mesmo espaço já visto nas mãos se Kate Winslet e Meryl Streep em produções similares anteriores. Em resumo, Maze Runner é, indiscutivelmente, mais do mesmo, porém com um lampejo de personalidade que pode fazer diferença quando o conjunto estiver, finalmente, formado. Que venham os próximos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 6 |
Thomas Boeira | 5 |
Adriana Androvandi | 6 |
MÉDIA | 5.7 |
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