Medo Profundo: O Segundo Ataque
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Johannes Roberts
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47 Meters Down: Uncaged
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2019
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Reino Unido / EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Quatro amigas enfrentam o ataque de tubarões-brancos quando investigam as ruínas de uma antiga civilização pertencente aos povos pré-colombianos.
Crítica
Quem dera algumas convenções cinematográficas tivessem sido descontinuadas ao passo em que o pensamento acerca de determinadas conjunturas sociais foi evoluindo. Medo Profundo: O Segundo Ataque telegrafa desde o início parte significativa de seu andamento exatamente por se filiar a uma lógica estapafúrdia, a do “assanhadas e liberais morrem primeiro”. Nos anos 80, especialmente no slasher, popular subgênero do horror, vigorava uma espécie de regra não escrita, mas bastante seguida, de que as mulheres sexualmente desinibidas ou com uma personalidade um pouco mais desatrelada dos códigos morais que lhes pregavam recato fatalmente sucumbiriam primeiro diante de uma ameaça brutal. O cineasta Johannes Roberts, abraçando mal disfarçadamente essa lógica anacrônica e sexista, faz exatamente a mesma coisa, ou seja, deixa muito claro desde o princípio que as “boas garotas” sobreviverão, não importa o absurdo do espetáculo selvagem à frente, enquanto as demais vão realmente virar comida de tubarão.
A protagonista de Medo Profundo: O Segundo Ataque é a sensível Mia (Sophie Nélisse), vítima de bullying na escola, não defendida, sequer, pela “irmã” Sasha (Corinne Foxx). Esta "descolada" não faz o mínimo esforço para proteger a jovem com quem divide o teto. Desde esse desenho inicial fica evidente a vocação do longa-metragem pelo simplismo. Ambiguidades e afins passam bem longe da tessitura desse filme que enfileira situações mal encenadas, como a discussão familiar na qual o patriarca pede que as garotas se enturmem pelo bem do coletivo. Outro ponto a ser destacado é o fato da trama se passar num balneário mexicano e todos os personagens falarem inglês sem mais aquela. Na verdade, a ambiência latina está ali tão e somente para fornecer uma porta de entrada ao universo dos povos pré-colombianos, elemento que atira as protagonistas e suas amigas numa aventura subaquática perigosa, mas recheada de tesouros arqueológicos inestimáveis. A imprudência entra nesse pacote moralista que, conforme dito anteriormente, telegrafa quem morre logo.
Mesmo com todos esses problemas de ordem representativa, Medo Profundo: O Segundo Ataque poderia ser valioso pela produção de tensão. Tubarões-brancos transitando em estreitas cavernas submersas e o decurso do tempo esvaziando tubos de oxigênio poderia render uma mistura e tanto. Mas, ledo engano de quem espera algo para além de uma sucessão de perseguições banais, em que o predador surge burocraticamente para tirar do caminho as pessoas que poderiam ajudar as “irmãs”. Se Johannes Roberts estivesse efetivamente preocupado em fazer de tudo isso uma metáfora (sangrenta) da aproximação definitiva das duas, não cederia tanto ao impulso de minimizar as demais pessoas em cena ao limite do aceitável, aparando singularidades, reduzindo todos a arquétipos esvaziados. Nicole (Sistine Rose Stallone, filha de Sylvester Stallone) é justamente a que mais deve ser “punida” pela irracionalidade da natureza em virtude de seu “atrevimento”.
Em Medo Profundo: O Segundo Ataque a descoberta das catacumbas alagadas é apenas uma desculpa para tentar (em vão) oferecer previamente terror. Sobram sequências em que o cineasta não consegue extrair angústia da falta de visibilidade embaixo d’água e da pouca noção de onde o perigo está espreitando. Na medida em que baixas acontecem, movimento que, a bem da verdade, tira do caminho peças descartáveis, a trama abraça tortuosamente certos absurdos, como as diversas vezes em que a morte certa é derrotada por um lance de sorte qualquer. Todavia, em termos de desajeito nada bate a tempestade que antecede a bonança, ou seja, as mulheres lutando corpo a corpo com feras bestiais, como se ainda fosse necessário as sobreviventes passarem por uma prova derradeira a fim de mostrarem-se dignas de se manter vivas. Que saudade de Tubarão (1975), obra paradigmática que está anos-luz à frente desse genérico com cheiro de naftalina.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 2 |
Alysson Oliveira | 4 |
Sarah Lyra | 3 |
MÉDIA | 3 |
comentário de gente fresca que se acha genial. putz. Desisti nos primeiros parágrafos.