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Sinopse

Um grupo de amigos baixa um aplicativo de comando de voz que, no início, parece uma maneira inofensiva de receber direções ou recomendações de restaurantes. Mas a natureza sinistra do aplicativo logo se revela. O app não só conhece os medos mais profundos e sombrios de cada pessoa, mas é capaz de manifestar esses temores no mundo real para literalmente assustar os jovens até a morte.

Crítica

Existe pecado maior para um filme de terror do que não ser assustador? Não ser original, talvez. Quando você começa a perceber que já viu aquela trama antes, e melhor realizada, com algumas pequenas diferenças aqui e acolá, qualquer susto que este trabalho derivativo possa trazer não será suficiente. Você já viu Medo Viral. Um grupo de amigos é vítima de uma força sobrenatural que utiliza os seus medos para criar o terror e a morte certeira de cada um. A lista de títulos com essa premissa é imensa, mas claro que It, clássico livro de Stephen King que gerou uma minissérie nos anos 1980 e o filme de sucesso em 2017, logo vem à mente. Os irmãos Abel e Burlee Vang, diretores e roteiristas desta versão mais recente do mesmo argumento, se mostram fãs do gênero por incluírem citações (vamos chamar assim) a outros longas de terror, mas não tão prontos para comandarem uma obra original.

Para não dizer que Medo Viral é totalmente derivativo, ao menos a ideia inicial parece mais criativa. Um app que aparenta ter uma inteligência artificial fora do comum é instalado nos celulares de uma turma que acabou de perder sua jovem amiga Nikki (Alexis G. Zall). O aplicativo teria sido enviado por ela, tudo indica. Sua melhor amiga Alice (Saxon Sharbino) e seu namorado Cody (Mitchell Edwards) são os mais afetados com a perda da moça, claro, e tentam seguir suas vidas no momento em que se veem obrigados a escolher suas profissões para o futuro. Quando estranhas aparições surgem, de um homem assustador com uma gravata borboleta vermelha, Alice passa a desconfiar do aplicativo instalado. Mal ela sabe que seu medo mais escondido se fará presente, assim como para todos aqueles amigos do mesmo grupo.

Pouca coisa se salva neste longa. Existe uma vontade de incluir temas mais profundos, como o racismo e o fato de personagens negros geralmente morrerem cedo em filmes de horror, mas isso é apenas pincelado de forma rápida pelo roteiro. Medo Viral não está verdadeiramente interessado em tocar em assuntos sérios. O que a produção quer é provocar o espectador com sustos fáceis e um personagem de terror marcante. Infelizmente para os irmãos Vang, eles não são competentes em nenhuma de suas intenções. Os momentos de tensão inexistem – a não ser que você nunca tenha visto algo semelhante e se sobressalte por uma óbvia mixagem de som – e o vilão é apenas mais uma criatura desinteressante, da lista enorme de figuras criadas no cinema para meter medo nos mais impressionáveis.

Se não bastasse isso, as mortes do elenco principal não são sentidas pelo espectador. Os personagens não são cativantes e os atores não conseguem transmitir a dor da perda daqueles amigos que deveriam ser tão queridos. Com exceção de Nikki, a primeira vítima que dá o início de tudo, todas as outras mortes não têm peso algum. Quando nem os personagens do filme parecem sofrer por aqueles que os cercam, como o espectador poderia sentir algo?

Com jeitão de produção para a televisão, Medo Viral é um daqueles filmes genéricos que costumam chegar aos cinemas no Brasil apenas para preencher a lacuna de títulos de terror. Não deve funcionar com os fãs mais ardorosos do gênero, pois certamente conferiram produções melhores no passado, nem com os neófitos, que precisariam ser conquistados por um trabalho mais bem realizado para se tornarem admiradores desse tipo de produção.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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