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Sinopse

Para tentar desvendar o que está por trás do assassinato de um de seus principais agentes, a CIA recorre a uma cirurgia experimental que é uma espécie de transfusão de memórias. O receptor escolhido é um condenado à morte.

Crítica

No thriller Mente Criminosa - também conhecido no Brasil como Mente de Espião - acompanhamos Deadpool ser preso por seu inimigo e, após uma sessão de tortura excruciante, ter morte cerebral declarada. No entanto, seu chefe, o Comissário Gordon, não irá descansar até descobrir o que ele sabia, informação que pode ser vital em um caso contra um hacker de ação internacional. Para isso, é chamado o Duas Caras – ou seria o Coronel Phillips? – que costuma fazer um bico como neurocirurgião, e que tem uma proposta inovadora: transferir a mentalidade de uma pessoa moribunda para outra em melhores condições. O cobaia recrutado para tal experimento é o próprio pai do Superman, Jonathan Kent, que se revelou um assassino barra pesada, e de posse dessa nova consciência fará de tudo para botar a mão no dinheiro – a não ser que uma afeição recém descoberta pela Mulher Maravilha atrapalhe seus planos.

Esse, na verdade, é o argumento que a distribuidora do longa dirigido por Ariel Vromen (O Homem de Gelo, 2012) gostaria de ter em mãos. Tanto que é assim que o filme tem sido vendido pela equipe de marketing do estúdio. Mas isso está longe de ser verdade – afinal, pode-se até ter em cena os mesmos atores, mas não os personagens. Portanto, o que vemos é Ryan Reynolds sair de cena logo no início da trama, um Gary Oldman estressado como sempre e um Tommy Lee Jones um pouco diferente do habitual, mais contido e cerebral. Mas quem parte mesmo para a ação é Kevin Costner, agarrando-se a um protagonista como há tempos não fazia em sua carreira, abrindo apenas um leve espaço para Gal Gadot chamar atenção em um projeto realizado antes do recente Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016).

Mente Criminosa ficou conhecido antes mesmo de chegar às telas mais por ter sido recusado por Nicolas Cage do que por ter sido aceito por qualquer um dos nomes acima. É notório que o vencedor do Oscar por Despedida em Las Vegas (1995) só tem se envolvido em bombas nos últimos tempos, e se nem ele achou que valeria a pena investir nessa história absurda, as expectativas não poderiam ser as melhores. Mas o fato de Cage ter caído fora só conta a favor da produção. Por mais detratores que Costner tenha – e ele tem também sua cota de más escolhas no passado – sua composição aqui é eficiente, oferecendo um curioso equilíbrio ao papel ridículo que lhe oferecem: um bandido amoral e insensível, que é obrigado a ter sua mente invadida pelos pensamentos e sentimentos de um policial acima de qualquer suspeita, dedicado ao serviço e apaixonado pela família. A mistura poderia ter sido pior, acreditem, e muito está nos ombros do oscarizado astro de Dança com Lobos (1990) o fato deste não ser um desastre completo.

Os problemas de Mente Criminosa estão não no elenco, mas no roteiro escrito por Douglas Cook (falecido antes do início das filmagens) e David Weisberg. Os dois estiveram juntos no sucesso A Rocha (1996), mas desde então tudo que fizeram foi o mediano Risco Duplo (1999). Ou seja, estavam há mais de uma década longe do mercado, e todo esse tempo afastado não os fez bem algum. A proposta científica é tão absurda quanto a de A Outra Face (1997) – em que Cage e John Travolta trocavam cirurgicamente de rosto e, com isso, tudo mais se alterava no conjunto de modo inexplicável – mas a questão maior é que a fantasia não chega a funcionar de acordo com o esperando, nunca se justificando por um todo. Para piorar, além disso há uma subtrama entre um terrorista espanhol (Jordi Mollà, já indicado cinco vezes ao Goya, mas repetindo sempre o mesmo papel cada vez que se aventura por Hollywood) e o tal hacker (Michael Pitt, que teve um início de carreira muito promissor, mas parece perdido pela sua própria irregularidade). É muita coisa junto, e ao invés delas colaborarem entre si, a impressão que se tem é de disputarem o mesmo espaço, mais distraindo do que acrescentando.

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É bom perceber que Gal Gadot consegue fazer uma mãe de família em perigo e que Tommy Lee Jones ainda tem disposição para fazer mais com menos, mas seria bom Gary Oldman dar um tempo nestes policiais genéricos que parecem tanto lhe atrair, assim como não ajuda em nada à carreira de Ryan Reynolds participações especiais como essa. E se Kevin Costner não chega a ser o desastre anunciado, também não encontra aqui a oportunidade ideal para lhe devolver a condição de astro que desfrutava no início dos anos 1990. Mente Criminosa é mais uma aventura passageira, repleta de desenlaces absurdos que tanto agradam aos fãs desse tipo de história policial, em que no final tudo parece apontar para um final feliz – menos a lógica. Enfim, quem for capaz de deixá-la de lado por algumas horas, é até capaz de se divertir. Basta não ser exigente.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
5
Ailton Monteiro
6
MÉDIA
5.5

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