Mercado de Futuros
Crítica
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Sinopse
O despejo e demolição de uma casa antiga com todos os seus móveis, sua rica biblioteca e toda sua carga de memória pessoal, é o ponto inicial deste filme que tenta delinear algumas características do novo aspecto do mundo. A câmera mostra a boca do mercado imobiliário que torna-se uma feira e revela a promessa de enriquecimento paradisíaco ou para corretores e gurus de investimento financeiro e pregadores do sucesso nos negócios e na mitologia. No pano de fundo, um olhar sobre a virtualização do espaço urbano, o despejo da memória pessoal e coletiva e a banalização dos sonhos e desejos, estão finalmente convertidos em mercadoria pura.
Crítica
A grosso modo, existe o chamado “cinema de entretenimento” e o “cinema de arte”. A recusa de adotar medidas do primeiro grupo para ficar totalmente dentro do segundo é o que afunda o documentário Mercado de Futuros.
O tema do filme é a crise econômica mundial de 2008 e suas consequências na Europa, mais precisamente no meio imobiliário. Por isso, o documentário explora cenários falsos, como showroom de empreendimento da construção civil, maquetes e pinturas. A abstração desses locais combina com o mercado de ações, no qual mercadorias que não são concretas são negociadas com unhas e dentes.
Toda concepção do longa é muito consciente de sua proposta e seu discurso. O problema começa com a inflexibilidade em manipular o material para tornar sua mensagem mais atraente. Uma edição mais ágil ou uma locução mais envolvente não diminuiriam os valores de Mercado de Futuros, mas certamente ampliariam seu alcance.
O filme parece empolgado demais em suas próprias façanhas, que são inegáveis mas não infalíveis. Prova disso é a alongada sequência que se passa no mercado de ações, na qual muitos minutos são desperdiçados com negociadores brigando por valores, prazos e retornos que poucas pessoas entendem ou se interessam. O mesmo acontece com a repetição dos argumentos de corretores de imóveis em uma feira do ramo.
O mais triste de tudo isso é que existe uma boa proposta para discutir um tema fundamental para a sociedade contemporânea. Os momentos de brilho de Mercado de Futuros são pequenas maravilhas em meio a um mar de tédio – e não se fazem joias com diamantes brutos.
As cenas poderiam dar origem a diversos curtas interessantes. A figura do vendedor idoso que se recusa a procurar mercadorias no estoque merecia um filme só para si. O mesmo se dá nas ideias lançadas aqui e ali, o que prova que não é preguiça que atrapalha o longa.
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