Crítica
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Sinopse
As melhores amigas Audrey e Morgan embarcam numa atrapalhada aventura de espionagem pela Europa depois que o ex-namorado da primeira revela ser um agente secreto. Como se os problemas não fossem suficientes, elas descobrem que ele é um procurado internacional.
Crítica
Em meio à ressaca do fim de seu namoro, Audrey (Mila Kunis) descobre que o ex, Drew (Justin Theroux), é um espião internacional ameaçado de morte por uma organização nefasta. Passando longe da sensatez, sobretudo após testemunhar assassinatos e toda sorte de violências inerentes à atividade secreta do sujeito, ela arrasta sua melhor amiga, Morgan (Kate McKinnon), para a Áustria. Ao filme não importa a coerência. Exemplo disso, a dispendiosa viagem patrocinada sem transtornos por uma assalariada, quando muito, pertencente à classe média. Meu Ex é Um Espião, aliás, depende de doses cavalares de suspensão de descrença, até para funcionar junto ao público que não se importa com a reafirmação de estereótipos. Passando longe de constituir uma sátira, o longa-metragem desembarca no leste europeu reproduzindo clichês amplamente disseminados pelo cinema estadunidense de outrora, mas que atualmente não cabem mais.
A premissa de pessoas comuns tendo de se virar quando arremessadas numa circunstância excepcional, como a da espionagem, não é necessariamente nova. O que poderia trazer algum frescor à realização de Susanna Fogel era justamente o protagonismo feminino, claro, desde que o desenvolvimento das personagens não fosse, além de simplório, alinhado com pressupostos antiquados, como a necessidade de um homem para salvaguardar a integridade física das moças em perigo. Kate McKinnon é a sidekick clássica, surgindo em cena para ser escada, funcionando como constante alívio cômico. Morgan é uma sem noção de carteirinha, superior no quesito contornos, se comparada a Audrey, já que esta não passa de uma abandonada que apenas reage ao entorno, pouco atuando. Nem sua incapacidade de mentir, útil adiante como cortina de fumaça, é bem trabalhada. A construção narrativa segue o preceito de filmes famosos do gênero, mas de forma superficial.
Meu Ex é Um Espião troca de cenário constantemente, permitindo um verdadeiro tour pela Europa, numa amostragem sucessiva e intensa de convenções. Berlim é caracterizada por um desfile de moda alternativo, com figuras aparentemente destituídas de emoções e cor; a principal capanga da organização criminosa é uma ex-ginasta romena transformada numa máquina de matar – com direito a fantasia “exterminador do futuro” em dado momento. É desinteressante a teia armada para confundir a protagonista e sua parceira, com as várias trocas de lado servindo somente como distrativo ordinário. Do ponto de vista meramente cômico, falta qualidade às piadas. Fazem parte do pacote de grosserias mal enjambradas os pendrives escondidos em vaginas; as diarreias mencionadas gratuitamente; os dedos serrados e colocados em embalagens de batom; as gags frágeis, como a do roubo malfadado do carro dos idosos transeuntes; e as perseguições com sabor de prato requentado.
O filme não dá conta de, por exemplo, sustentar a importante ambiguidade de Sebastian (Sam Heughan), logo fazendo dele o homem que detém todas as possibilidades de salvar o dia, inclusive Audrey e Morgan. Mila Kunis está no modo automático, empalidecendo diante de Kate McKinnon, sobressalente mesmo a serviço de uma personagem histriônica e rapidamente banalizada no decorrer da história. É necessária bastante condescendência diante das incongruências que o enredo tenta vender como lances espertos, vide a facilidade de acesso a lugares complicados, bem como a simplicidade logística de quem se desloca por diversos países sem mais aquela. Meu Ex é Um Espião confere peso demasiado a certos elementos, como o fato do ex subestimar a protagonista, algo que ela menciona próximo ao fim, como se algo plenamente construído ao longo do processo. Previsível e pouco engraçada, esta produção possui bem-vindas exceções, mas, no geral, é muito frágil e facilmente esquecível.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 3 |
Roberto Cunha | 7 |
Thomas Boeira | 6 |
MÉDIA | 5.3 |
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