Crítica
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Sinopse
Gru dá as boas-vindas a um novo membro da família, Gru Jr., que pretende atormentar seu pai. No entanto, sua existência pacífica logo desmorona quando um mentor do crime escapa da prisão e jura vingança contra Gru.
Crítica
Apesar do numeral após o título, Meu Malvado Favorito 4 é, na verdade, o sexto longa da cinessérie baseada nos personagens criados por Sergio Pablos (realizador que, posteriormente, seria indicado ao Oscar pelo muito mais interessante Klaus, 2019). E isso se dá por um simples motivo: os coadjuvantes acabaram fazendo tanto sucesso que meio que roubaram as atenções do dono da festa. Como consequência, os ajudantes amarelos e desmiolados ganharam dois filmes próprios, por mais que essa separação nunca tenha sido tão rígida. Aliás, a confusão iniciada em Minions 2: A Origem de Gru (2022) – que, pelo subtítulo, já deixa claro ser mais uma história do Gru do que dos próprios minions – segue viva nessa nova incursão: ao mesmo tempo em que o enredo envolvendo o ‘malvado favorito’ e sua família se mostra fraco e esticado até às últimas consequências, em paralelo transcorre uma história à parte, envolvendo apenas o pequenos olhudos descontrolados, que só não é mais desenvolvida – apesar de ter potencial para tanto – para não eclipsar de vez o protagonista. Como resultado tem-se um projeto esquizofrênico, que nunca deixa claro a que veio e nem o que tem de novo a ser dito.
Por um lado, a lógica perseguida desde Meu Malvado Favorito (2010) segue sendo repetida a exaustão – e sem a mesma liga de antes. Ao ser apresentado ao público, Gru era visto como um vilão recluso e cheio de manias tendo que lidar com a adoção de três menininhas adoráveis – ou seja, opostos que se viam obrigados a aprender como conviver uns com os outros, e destes confrontos vinham a graça e um divertido estranhamento. Pois bem, em Meu Malvado Favorito 2 (2013) a fórmula se repetiu, e foi a vez de introduzir uma namorada: Lucy, adepta a uma vilania controlada e mais maternal. E assim seguiu-se com Meu Malvado Favorito 3 (2017), quando Gru ganhou um irmão gêmeo, e a falta de originalidade e ausência de espírito criativo se mantém, oferecendo agora como única novidade a chegada de mais uma criança: um bebê, o filhote Gru Jr. Mas se antes estas adições respondiam pelo cerne dos acontecimentos, dessa vez a criança é vista quase como uma nota de rodapé, rendendo apenas uma situação a ser superada: se no começo antipatiza com o pai, aos poucos irá se afeiçoar a ele à medida que dele se aproxima.
O roteiro escrito por Mike White (vencedor do Emmy por The White Lotus, 2022-2023) e Ken Daurio (Pets: A Vida Secreta dos Bichos, 2016), no entanto, está mais interessado em outra repetição, a do velho esquema provocado pelo “peixe fora d’água” que surge por meio de uma ameaça premente e de um programa de proteção de testemunhas. Quando um velho inimigo foge da cadeia com a promessa de ir ao seu encalço, Gru e sua turma precisam se esconder em uma cidade onde ninguém os conhece. Por meio de novas identidades, tentarão passar por pessoas normais, esforço esse que, obviamente, não conseguirá se sustentar por muito tempo. A ideia é por demais similar às estruturas perseguidas por outras franquias animadas recentes, como na releitura de A Família Addams (2019) ou em grande parte da saga Hotel Transilvânia, quando aqueles que são “diferentes” precisam se conter e esconder seus verdadeiros “eus” para serem aceitos pelos demais.
Se nesse lado os acontecimentos se mostrarão por demais óbvios e previsíveis, são com os minions separados do grupo principal que as atenções se voltarão com maior interesse. Sim, pois Gru poderá levar consigo apenas os filhos, a esposa e três ajudantes. Todos os demais tagarelas ensolarados ficarão sob responsabilidade da agência, que tem algo em mente para eles: transformá-los em super-heróis. A ideia denota uma nítida vontade de surfar na onda do sucesso da Marvel e DC nos cinemas, mas a falta de timing – hoje o gênero enfrenta uma saturação e uma necessidade urgente de ser reinventado – obrigou que o conceito fosse reaproveitado como uma trama paralela, que em nenhum momento chega a revelar seu real valor. Numa mistura de Quarteto Fantástico com X-Men, cinco destes minions recebem dons especiais (um voa, outro tem a pele de pedra, há o elástico e aquele com olhos capazes de disparar raios, e assim por diante). Mas de que modo tais habilidades serão aproveitadas? E como elas irão se encaixar no desenrolar dos acontecimentos? Inserções essas que acabam sendo feitas de modo tão desajeitado quanto suas próprias transformações.
No fim, a conclusão a que se chega é que Gru e aliados seguem vivos devido ao fenômeno comercial dos minions e da infinidade de produtos que estes foram capazes de gerar – e estampar – nos últimos anos. Meu Malvado Favorito 4 é menos um exemplo de manifestação artística e cultural e mais uma peça publicitária cuja única finalidade é manter viva junto ao público as imagens destes personagens e reforçar suas capacidades de gerar lucros. Ao mesmo tempo, causa estranheza terem colocado ao seu lado um antagonista tão desprezível e repugnante – um bandido capaz de se transmutar em uma barata gigante – que não deverá render novos bonecos. Independente disso, o minions seguem intocáveis, protagonizando as mesmas sequências sem noção que vem estrelando há mais de uma década, ao mesmo tempo em que Gru, de malvado favorito, cada vez mais vem se firmando como um tipo marginal, que habita ao redor desses, e não no centro da ação, como se deveria supor. O feitiço se virou contra o feiticeiro, sem que ninguém esteja, de fato, reclamando – afinal, se as bilheterias seguem frenéticas, o que mais Hollywood pode almejar?
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 4 |
Ticiano Osorio | 2 |
Alysson Oliveira | 3 |
MÉDIA | 3 |
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